O crescimento da economia nacional pode não ultrapassar 3% neste ano, prevê Fáusio Mussá, economista chefe do Standard Bank Moçambique, devido a contínuas pressões fiscais, associadas à liquidez do mercado cambial.
Em termos homólogos, o crescimento da economia moçambicana poderá ainda rondar os 3,1% em 2026, se comparado com o previsto para este ano, o que, segundo Fáusio Mussá, não é muito superior ao crescimento populacional.
“Isto traduz, igualmente, as nossas expectativas de declínio do apoio externo e de efeitos positivos limitados dos projectos de gás natural liquefeito (GNL) durante a fase de construção, o que denota ligações limitadas entre o cluster (consórcio) do GNL e a economia local”, explica o economista chefe.
As previsões de crescimento económico do economista chefe do Standard Bank são mais optimistas que as do Governo. No Plano Económico e Social e Orçamento do Estado, o Executivo prevê um crescimento de 2,9% neste ano.
Segundo o Governo, o referido crescimento é sustentado, em grande medida, pelo desempenho positivo da indústria extractiva, com uma taxa de crescimento de 5,4%, construção, 3%, agricultura, produção animal, caça e florestas, 3%, e transportes e comunicações, 2,6%, reflectindo uma recuperação gradual da economia e o impacto dos investimentos nos sectores estratégicos.
No entender de Fáusio Mussá, apesar de as taxas de juro terem descido desde o início de 2024 e de o Governo e o sector bancário terem disponibilizado, neste ano, alguns fundos para apoiar a recuperação pós-eleitoral, o crescimento do crédito continua baixo, denotando um investimento reduzido.
“O crescimento do crédito à economia abrandou para 4,3%, em termos homólogos, em Março, em relação aos 4,4%, em termos homólogos, em Fevereiro”, elucida Fáusio Mussá, num comentário ao relatório do banco.
De acordo com o documento, as condições de operação das empresas no país deterioraram-se de Abrir para Maio, daí que o Purchasing Managers’ Index (PMI) do Standard Bank Moçambique reduziu a pontuação do país para 49,6.
“Indicadores acima de 50,0 apontam para uma melhoria nas condições das empresas em relação ao mês anterior, ao passo que indicadores abaixo de 50,0 mostram uma deterioração”, refere o relatório do Standard Bank Moçambique.
Depois de em Abril situar-se em 50,5, a redução do PMI Moçambique em Maio, segundo o relatório, mostra que os stocks de aquisições, o emprego e os prazos de entrega dos fornecedores tiveram um impacto negativo sobre o índice básico.
Os dados do inquérito de Maio indicaram ainda uma nova redução dos preços médios dos meios de produção no sector privado moçambicano, que surge após três meses consecutivos de subida de preços.
Segundo Fáusio Mussá, apesar de os registos do PMI abaixo do valor de referência de 50 sugerirem uma contracção mensal na actividade económica do sector privado, o aumento da volatilidade do PMI pode indicar uma falta de dinâmica de crescimento na recuperação da economia após as eleições de 2024.
“Os dados do PMI mostram expansões mensais consecutivas a um ritmo mais lento na produção e nas novas encomendas, e contracções nas aquisições e nos stocks, sem crescimento no emprego, o que resultou num declínio dos custos dos meios de produção”, pode-se ler no relatório do banco comercial.
No que refere às expectativas das empresas para o futuro, o inquérito mostra que houve desaceleração em Maio, sugerindo redução do optimismo destas em relação às expectativas de crescimento para os próximos 12 meses.
“Cerca de 38% dos inquiridos previam um crescimento, embora este número tenha sido ligeiramente inferior ao verificado em Abril”, indica a publicação cujos dados foram recolhidos entre os dias 12 e 27 de Maio do corrente ano.
De acordo com os comentários dos inquiridos, citados no documento, o abrandamento do crescimento deveu-se a um aumento mais fraco das vendas. De modo geral, as empresas esperam um aumento das vendas.
“O grau de optimismo diminuiu em relação ao ponto mais alto dos últimos 11 meses registado em Abril, tendo ficado em linha com a média registada até ao momento em 2025”, explica o Purchasing Managers’ Index (PMI).
Na sua grande maioria, as empresas inquiridas (95%) não comunicaram qualquer alteração aos seus quadros de pessoal em Maio, embora algumas tenham reduzido a sua mão-de-obra devido a um fraco crescimento da procura.
De acordo com a publicação, o PMI do Standard Bank Moçambique é compilado pela S&P Global a partir das respostas aos questionários enviados a directores de compras de um painel de cerca de 400 empresas do sector privado.
Os sectores abrangidos pelo inquérito incluem a agricultura, a mineração, a manufactura, a construção, o comércio a grosso, o comércio a retalho e os serviços, refere o banco comercial no documento.
Os inquéritos Purchasing Managers’ Index (PMI) estão disponíveis em mais de 40 países e em algumas regiões, incluindo a eurozona.