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Economia africana vai crescer abaixo do esperado este ano

O nível de crescimento esperado no continente africano não é animador, de acordo com o Banco Mundial. “Três anos após o período de crise, deveríamos estar a ver uma retoma mais disseminada do crescimento; em vez disso, reduzimos novamente nossas estimativas para 2018 ”, disse Gerard Kambou, economista sénior do Banco Mundial para a África.

Em notas introdutórias do “Pulsar de África elaborado pelo Banco Mundial”, Kambou acrescentou que “os líderes na África Subsaariana têm a oportunidade de construir políticas internas mais fortes para resistir à volatilidade global – e agora é a hora de agir”.

O documento também faz a trajectória do desempenho das principais economias do continente – Nigéria, Angola e África do Sul – e mostra que estas mantiveram o seu papel preponderante no cenário económico do continente. “Enquanto a Nigéria cresceu mais rapidamente em 2018 do que em 2017, graças a uma recuperação modesta da economia não petrolífera, o crescimento manteve-se abaixo de 2%. Angola continuou a sua recessão, com o crescimento a cair drasticamente, à medida que a produção de petróleo se manteve fraca. A África do Sul saiu da recessão no terceiro trimestre de 2018, mas o crescimento foi moderado principalmente devido à incerteza política que enfraqueceu a confiança dos investidores”.

Quanto ao resto do continente africano, o Banco Mundial aponta para uma evolução mista de crescimentos positivos e recessões.

“O crescimento em economias com uso intensivo de recursos foi impulsionado por preços mais fortes de commodities e maior produção de mineração mas também beneficiado pela maior produção agrícola e mais investimentos públicos na infraestrutura necessária para conectar pessoas e bens aos mercados”, aponta o Africa Pulse.

O relatório também descreve questões que continuam a travar o crescimento em toda a região – dívida e fragilidade. Não é apenas a quantidade crescente de dívida, mas também o tipo de dívida que os países estão a assumir e que está a levar ao surgimento de vulnerabilidades generalizadas.

“A dívida externa está a mudar de fontes tradicionais, concessionais e com garantia pública para fontes de financiamento mais privadas, baseadas no mercado e caras, colocando os países em risco. Até o final de 2018, quase metade dos países da África Subsaariana cobertos pelo Quadro de Sustentabilidade da dívida de Baixa Renda dos Estados Unidos apresentava alto risco de endividamento ou de endividamento, mais do que o dobro do número de 2013”.

Desta forma, aponta o Banco Mundial, o crescimento lento de alguns países africanos custa o continente mais de meio ponto percentual de crescimento por ano e, ao fim de cinco anos, a economia africana terá crescido menos 2,6% do que o esperado.

“O relatório recomenda que os países se concentrem na capacitação do Estado e em instituições fortes que assegurem a paz e a estabilidade, além de oferecer melhores serviços a seus povos para reconstruir a base social e económica necessária para um futuro de sucesso”.

“À medida que a natureza e as causas da fragilidade evoluem, a abordagem para superá-la se torna mais complexa”, disse Cesar Calderon, economista-chefe e principal autor do estudo Pulse. “São cada vez mais necessárias soluções colectivas. Instituições regionais e sub-regionais são necessárias para enfrentar os desafios de paz e segurança, bem como os choques económicos que transbordam as fronteiras nacionais”, acrescentou.

O Banco Mundial aponta igualmente que em todo o continente africano, incluindo a África subsaariana e norte da África, a transformação digital pode aumentar o crescimento per capita em 1,5 pontos percentuais por ano e reduzir a incidência de pobreza em 0,7 ponto percentual ao ano, segundo o relatório. Somente na África Subsaariana, a revolução digital pode aumentar o crescimento em quase dois pontos percentuais por ano e reduzir a pobreza em quase um ponto percentual ao ano.

Quando combinados com investimentos mais fortes em capital humano, os impactos em todo o continente africano podem ser mais do que duplicados. Os impactos são maiores se a expansão da economia digital for acompanhada por regulamentações que criam um clima de negócios vibrante, habilidades que permitem aos trabalhadores acessar os empregos do futuro e instituições responsáveis que usam a Internet para capacitar os cidadãos.

 

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