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“Dúvidas sobre fim dos ataques armados ameaçam soberania”, diz Guebuza

Os ataques em Cabo Delgado e no centro do país foram parte da tónica do discurso do antigo estadista moçambicano, Armando Guebuza, no encontro que manteve ontem com jovens. Mas é o de menos no que à ameaça da soberania do Estado diz respeito. Falta convicção dos moçambicanos em relação à vitória e este é o problema.

O antigo estadista, Armando Guebuza, esteve frente a frente, ontem, com jovens para falar da história do arquitecto da unidade nacional, Eduardo Mondlane. Históriaa parte, Guebuza veio a actualidade, e abordou alguns dos temas candentes, como é o caso do terror em Cabo Delgado.

Homem de poucas dúvidas, para Guebuza é certo que a soberania do Estado está a causa.

“A nossa soberania está em causa. Muita gente pensa que está em causa porque há aquela guerra em Cabo Delgado ou então por causa de Mariano Nhongo, isso também. Mas o nosso discurso virou. Nós estamos inseguros. Deixamos de acreditar em nós mesmos. Tivemos a situação da Renamo durante 16 anos, mais dois anos, não deixamos de acreditar que Moçambique era nosso e que havíamos de vencer”, lembra Guebuza, para depois dizer que “agora começam a aparecer algumas vozes a duvidar”.

E o que não se deve colocar na dúvida é a nossa identidade e cultura, segundo Guebuza. Aliás, nessa senda e como que a colocar o dedo na ferida, o estadista falou da mudança do nome dos Mambas, a defender que não faz sentido levar-se essa discussão avante. Afinal, tal não muda o que é a selecção nacional de futebol.

“Sempre que tivermos problemas vamos mudar de nome?”, questiona, lembrando que “nós temos nome, somos Mambas. Espero que as Samurais encontrem um nome moçambicano para valorizar aquilo que nós somos. É verdade que Samurais são pessoas importantes lá no Japão, eram guerreiros no Japão. Não encontramos um outro nome aqui em Moçambique que de algo que se possa parecer com isso?”

Valorizarmos a nossa cultura passa também pela valorização das nossas conquistas, incluindo a liberdade de imprensa e de expressão. Armando Guebuza diz que o incêndio ao jornal Canal de Moçambique, com requintes de fogo posto (pese embora ainda não se saiba a proveniência do fogo), pode mostrar um retrocesso à liberdade de imprensa e de expressão.

“A história do Canal de Moçambique é terrível. Lutamos pela independência para queimar jornais. Não faz sentido. Não faz sentido. Nós defendemos a liberdade e trabalhemos para que essa liberdade permaneça porque de contrário é voltar. É aquilo que nós tínhamos no tempo colonial. Não podíamos escrever no jornal dos outros, sequer. Agora, quando temos os nossos jornais não podemos escrever também? E quando conseguimos escrever então tira-se o jornal?”.

 

Guebuza apela jovens a valorizar conhecimento

Sobre o tema que levou ao encontro intergeracional entre Armando Guebuza e jovens (Centenário de Eduardo Mondlane: O papel dos jovens na preservação e valorização dos ideais de Eduardo Mondlane) o antigo estadista moçambicano diz que Mondlane foi morto pela sua capacidade de unir pessoas para lutar por uma causa, referindo-se à luta pela libertação do país.

Para os jovens, Guebuza lembra que o arquitecto da unidade nacional fez a sua parte e que agora os jovens tem as suas responsabilidades face aos desafios da actualidade. Aconselha a juventude a estudar e a valorizar o conhecimento, algo que não se tinha com a mesma facilidade em tempos

 

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