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Duas décadas depois do 11 de Setembro: É preciso desradicalizar para acabar com o terrorismo

O académico e docente de Relações Internacionais, Calton Cadeado, considera fundamental apostar-se na desradicalização das comunidades, como o caminho mais eficaz para combater e mesmo erradicar o terrorismo no mundo.

Numa análise sobre o que mudou no mundo, após os atentados de 11 de Setembro de 2001, considerados o maior ataque terrorista contra os Estados Unidos da América (EUA), Cadeado considera que, após a primeira década ter registado um ambiente mais tenso ao nível global, os últimos tempos mostraram um clima mais ou menos moderado.

“Quando olha-se para o mundo pós 11 de Setembro olha-se para duas décadas. A intensidade com que nós falávamos de terrorismo uma década depois do 11 de Setembro e duas décadas depois, mudou completamente”, analisou o académico, apontando para o protagonismo que a Al-Qaeda teve para esta mudança.

“A Al- Qaeda teve um protagonismo muito grande depois de 11 de Setembro (2001), mas, a partir do momento em que os americanos conseguiram mobilizar o mundo para ir atrás de Bin Laden, a tal ponto que passou mais tempo a fugir do que a planear ataques para fazer valer a sua presença na arena internacional, aí sim, o mundo estava de tal forma inseguro que todos nós éramos vulneráveis e susceptíveis ao terrorismo”, disse.

Ainda assim, como um dos factores do 11 de Setembro, o académico destaca um factor sobressaiu na arena internacional, nomeadamente, a aliança entre velhos rivais.

“As relações internacionais entre velhos rivais se uniram para lutar contra uma ameaça comum. É só lembrar que, por exemplo, o mundo não condenou a acção agressiva que os russos fizeram no combate ao terrorismo, porque estava na moda e nos holofotes do mundo, a necessidade de união para uma causa comum e para todos lutarem contra o mesmo inimigo, e nisso era preciso mobilizar todas as potências com capacidade e poder de mobilizar meios para poder fazer a luta”, avaliou Cadeado.

Duas décadas depois do histórico 11 de Setembro, o académico considera que o mundo está hoje relativamente seguro, ou seja, “a insegurança prevalece, mas não na mesma intensidade com que se viveu na primeira década”.

De 11 de Setembro de 2001 até hoje, o terrorismo é um problema a ter em conta e a sua erradicação depende, segundo o docente, da desradicalização das mentes.

“O futuro pode ser perigoso se nós não atacarmos  a radicalização. Desradicalização, desisntrumentalização de das diferenças, das identidades, com componentes de segurança e componentes de desenvolvimento, que é para poder tirar o pretexto que as elites mobilizadoras e instrumentalizadoras usam para isso”, concluiu.

Factos e histórias dos atentados no coração da América

Passam hoje 19 depois do maior atentado terrorista nos Estados Unidos da América. Foi na manhã de 11 de Setembro de 2001 que os americanos viveram o terror dentro do seu território, numa sequência de ataques protagonizados pela Al-Qaeda.

Foi uma manhã de terror, sangue, luto e destruição no coração da América. Dezanove terroristas sequestraram voos comerciais e atacaram parte “do orgulho americano”. Em Nova York, os alvos foram as torres gémeas no complexo comercial do World Trade Center e o Pentágono, o símbolo da defesa americana. Contas feitas, o ataque resultou em 2.996 mortes e uma febre, praticamente hemorrágica, no mundo inteiro. As motivações que levaram Bin Laden e a Al-Qaeda a realizarem atentados contra os Estados Unidos são o resultado de um longo processo que se iniciou na década de 1970. Levando em consideração esse contexto, devemos entender que a motivação do ataque foi a inimizade existente dos fundamentalistas islâmicos e os Estados Unidos.

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