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Dos milagres no hóquei à indefinição das prioridades

Em Angola, no recém-disputado Campeonato Africano de hóquei em patins, “os poucos de dentro” ficaram no banco a assistirem ao jogo da final diante dos donos da casa, sendo opção “os de fora”, melhor dizendo os hoquistas que actuam em clubes europeus, muitos deles sem nunca terem posto os pés em Moçambique.
Algo impensável há pouco mais de 30 anos, é agora aceite com normalidade: a inclusão de luso-descendentes, concedendo-lhes a dupla nacionalidade, para os incluir nas nossas selecções nacionais.
Com frieza, mas com verdade, importa recordar que um país que se recusava a exportar atletas, presentemente tem Selecções totalmente dependente dos que evoluem noutras latitudes.

No caso do hóquei em patins, recentemente, dizia-se que a nossa Selecção era… das quinas e das nossas esquinas! Hoje é apenas das quinas.

REALISMO GANHA PONTOS?

Internamente, o hóquei em patins vive da carolice de algumas pessoas. As competições são feitas aos soluços, com os clubes praticamente alheios a esta modalidade.

Mas porque África pouco aposta nesta bela modalidade, vamos conseguindo manter uma selecção que nada ter a ver com a competição intra-muros. O nosso nome e a nossa bandeira, vão transmitindo lá fora, uma realidade que nada tem a ver com o nível interno.

Com esta bela mentira, já fomos campeões mundiais “B” e 4.os no Mundo “A”. Quem não fica feliz com honrarias destas, que elevam o nome do país em África e no Mundo? Até porque estaremos em presença de um autêntico milagre, se nos dermos ao trabalho de comparar as verbas de que as nossas delegações dispõem, relativamente aos oponentes.

Olhamos à nossa volta e verificamos que o desporto africano, de uma forma geral, foi “capturado” pela fama e pelos milhões. Recordo-me de ter visto, há duas décadas, uma Selecção dos Camarões que veio jogar a Moçambique, apenas com três dos seleccionados possuindo passaporte daquele país. Os restantes? Belgas, franceses e por aí fora!Isto acontece porque a realidade económico-financeira mundial, impõe regras a que dificilmente nos poderemos furtar.

NO MEIO TERMO
ESTARIA O GANHO?

Todos sabemos que a viabilização da prática desportiva no país, depende dos “parceiros”. Algo novo e talvez inédito no mundo desportivo. Mas o principal financiador, é o “Estado-papá”!

Isto porque, no “edifício” desportivo, que vai do clube às Federações, há pouca imaginação para o “merchandizing” e quase nenhuma disponibilidade para pagar quotas ou entradas. Diferentemente do que acontecia há uns tempos, as motivações principais para ser dirigente desportivo, são as viagens e eventuais subsídios.

Adiada, arquivada ou não priorizada, está a questão das modalidades prioritárias. É um assunto central que nos permitiria ser mais fortes, a partir de critérios realistas e enquadrados.

Atente-se no que acontece na África do Sul. Investimento claro, por exemplo no atletismo, boxe, natação e râguebi. Aí coleccionam-se medalhas em todas competições. Hóquei em patins? Vai-se jogando, mas porque não consta das modalidades prioritárias, aquela potência desportiva mundial, não teve receio em não se fazer representar em Angola, por exiguidade de verbas!

Não dá para entender que no país vizinho, as prioridades, equacionadas e estudadas em função de factores históricos, tradição das modalidades, bio-tipo e aptidões dos atletas, são para levar sério?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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