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Chang não será responsabilizado em Moçambique por crimes julgados nos EUA

O Procurador-Geral da República disse, hoje, que Manuel Chang não poderá ser julgado em Moçambique, pelos mesmos crimes já julgados nos EUA. Américo Letela explicou ainda que o julgamento do  antigo ministro das Finanças não trouxe nenhum benefício a Moçambique, tanto pela pena aplicada, como pelo ressarcimento ao Estado. “Como se pode constatar, a pena que lhe foi aplicada é

O Executivo, liderado pelo primeiro-ministro, foi ontem à Assembleia da República prestar esclarecimentos, na sessão de perguntas ao Governo. Cada bancada parlamentar apresentou cinco perguntas, totalizando 15 das três bancadas, sendo que os temas se cingiram, essencialmente, na gestão da dívida ilegal, comercialização agrícola, abastecimento de água e pagamento de horas extras.

Carlos Agostinho do Rosário garantiu que, enquanto decorre a renegociação das dívidas ocultas e a sua investigação pela Procuradoria-Geral da República, o Governo não tem estado a pagar nenhuma prestação nem prevê fazê-lo em 2018. “Em relação à gestão da dívida pública, o Governo continua a dialogar com os credores internacionais, para garantir que o serviço da dívida não prejudique a operacionalização do programa quinquenal do Governo. É neste contexto que o serviço da dívida decorrente da emissão de avales e garantias por parte o Estado não foi inscrito na proposta de Orçamento do Estado para 2018, submetida à Assembleia da República”, disse o primeiro-ministro.

Sobre a comercialização agrícola, que tem sido um grande problema para os produtores, o Governo diz que o Instituto de Cereais de Moçambique vai comprar 7 500 toneladas de milho e de feijão bóer em várias províncias, com vista a aliviar a preocupação dos agricultores. Do Rosário falou, também, do deficiente abastecimento de água e diz estar-se à procura de parcerias para expandir o fornecimento, além da reabilitação de sistemas de abastecimento de água. “O Governo está a proceder à reabilitação e expansão dos sistemas de abastecimento de água, com destaque para as províncias de Cabo Delgado, Nampula, Maputo e Cidade de Maputo, o que irá contribuir para a melhoria da prestação dos serviços básicos de fornecimento de água à população”, referiu Do Rosário.

Por outro lado, o Governo garantiu que vai continuar a pagar horas extras aos funcionários públicos, desde que sejam legais. Esta quinta-feira, o Executivo volta ao Parlamento para perguntas de insistência.

Com votos apenas da Frelimo, a Comissão Permanente da Assembleia da República aprovou, ontem, o parecer que conclui que não há inconstitucionalidade na inclusão da dívida da EMATUM na Conta Geral do Estado de 2014. Como que a sair em defesa própria, o parlamento, o mesmo que aprovou a conta em causa, diz que não compete ao Conselho Constitucional (CC) deliberar sobre a constitucionalidade do caso, por ter sido aprovado por via de uma resolução.

Baseado no parecer que o órgão solicitou à Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos Humanos e de Legalidade, o parlamento recorda que a alínea a) do número um do artigo 244 da Constituição da República de Moçambique estabelece que compete ao Conselho Constitucional “apreciar e declarar a inconstitucionalidade das leis e a ilegalidade dos actos normativos dos órgãos do Estado”.

A entidade respondia assim ao parecer solicitado pelo Conselho Constitucional ao Parlamento, no âmbito de um pedido de inconstitucionalidade da Conta Geral de 2014 submetido ao CC por um grupo de dois mil cidadãos da sociedade civil, por incluir as dívidas ocultas. O Constitucional pediu, por sua vez, um parecer da Assembleia da República.

“O Conselho Constitucional não pode sindicar da alegada inconstitucionalidade da Resolução nº 11/2016, de 22 de Agosto, enquanto os tribunais competentes, e de acordo com o Direito aplicável ao referido Contrato Internacional de Mútuo, celebrado entre a EMATUM, SA, a CREDIT SWISSE e a VTB, não se pronunciarem sobre a suposta nulidade do contrato, já que esta não é matéria da competência do foro constitucional, por decorrer de uma relação jurídica privada de carácter bilateral, cujo regime e foro para a resolução de conflitos compete às partes escolherem ou pelas regras do Direito Internacional Privado”, lê-se no parecer da primeira comissão, apresentado ontem durante a vigésima sessão da Comissão Permanente.

“É uma resolução e a resolução não está sujeita a uma fiscalização por parte do Conselho Constitucional. Portanto, o Conselho Constitucional não conhece este assunto, ou seja, é incompetente neste assunto”, reforçou Mateus Katupha, porta-voz da Comissão Permanente, durante uma conferência de imprensa após o encontro.

AR REÚNE EM SESSÃO ORDINÁRIA ENTRE 23 DE OUTUBRO E 15 DE DEZEMBRO
Ainda ontem, a Comissão Permanente da Assembleia da República analisou os preparativos da próxima sessão ordinária da Assembleia da República, que deverá decorrer entre os dias 23 de Outubro e 15 de Dezembro. Entretanto, as datas carecem ainda de confirmação, o que deverá acontecer no próximo encontro do órgão. O momento deverá servir, igualmente, para alinhar os assuntos que vão ser debatidos durante a sessão, que será marcada, entre outros aspectos, pelo terceiro informe do Presidente da República, Filipe Nyusi, sobre o Estado Geral da Nação. “O rol de matérias não foi discutido, uma vez que os presidentes e relatores das comissões não estavam presentes, por isso, este assunto foi adiado”, explicou Katupha.

A Assembleia da República (AR) chumbou o pedido de inconstitucionalidade da resolução que aprovou da Conta-Geral do Estado (CGE) de 2016 com as dívidas ocultas.

O pedido da sociedade civil foi reprovado hoje com votos da Frelimo, durante a vigésima sessão Ordinária da Comissão Permanente.
"Os pareceres apresentados à Comissão Permanente pela primeira e segunda comissões concluem que não há nenhuma inconstitucionalidade e o Conselho Constitucional não tem competência para fiscalizar resoluções", explicou o porta-voz da Comissão Permanente, Mateus Katupa.

O Ministro da Defesa Nacional (MDN) diz não ter recebido o valor de 500 milhões de dólares, referentes ao fornecimento de equipamento militar.

O relatório da auditoria às dívidas ocultas constatou divergências nas explicações dadas pelos gestores da EMATUM, pelo Ministério da Defesa e pela empresa supostamente contratada para o fornecimento de equipamento militar, no valor de 500 milhões de dólares.

Trata-se do dinheiro que a Kroll não conseguiu esclarecer o destino que foi dado. Interpelado pelo O País, o ministro da Defesa reitera que o dinheiro não passou pelo seu pelouro e o ministério não recebeu equipamento militar.

Atanásio Ntumuke diz que a sociedade deve esperar pelos resultados do trabalho da Procuradoria-Geral da República.

A cerimónia de encerramento da sexta sessão do Comité Central da Frelimo começou com a leitura das moções de saudação ao partido, às organizações sociais e ao Governo.

Mas o pano veio a cair mesmo quando o presidente da Frelimo, Filipe Nyusi, tomou a palavra para fazer o discurso final, sem, no entanto, deixar de lado as responsabilidades que tem com o país.

Nyusi abordou a questão das dívidas e advertiu que não se deve usurpar as competências do poder judiciário.

E porque o Comité ia discutir a agenda do congresso, Filipe Nyusi faz o resumo das principais abordagens que vão nortear o evento de Setembro.

Filipe Nyusi falou ainda do Recenseamento Geral da População e Habitação que arranca já na terça-feira, exortando aos moçambicanos a aderirem ao processo.

Em jeito de balanço da sexta sessão do Comité Central da Frelimo, Nyusi disse que o partido saiu mais coeso. Esta é última sessão ordinária deste Comité Central da Frelimo, que vai cessar funções no 11º Congresso, marcado para finais de Setembro e princípio de Outubro.

 

Os comentadores do programa Pontos de Vista, da STV, criticam o Presidente da República, Filipe Nyusi, por não incluir o dossier dívidas ocultas no informe sobre os dois anos e meio do seu mandato.

Ericino de Salema e Tomás Vieira Mário, começaram por elogiar o Presidente da República por autoavaliar os dois anos e meio do seu mandato, usando para além de comunicados de imprensa, as redes sociais. Entretanto, Ericino de Salema reprova a metodologia usada pelo Chefe de Estado para elaborar a comunicação.

“Diz que foram construídos vários quilómetros de estrada, vários quilómetros de linha férrea, entretanto, não diz concretamente quantos quilómetros. E ainda que o dissesse, era suposto dizer o que isso significa para a totalidade que foi planificada para o mesmo período”, apontou o comentador.

De Salema faz uma avaliação negativa da metade do mandato de Filipe Nyusi porque muita coisa ficou por fazer, considerando que o Presidente assumiu o mandato num contexto problemático. O comentador considera que o Presidente devia incluir na nota as dívidas ocultas.

“No seu informe, o chefe do Estado não toca a questão das dívidas ocultas como um factor que terá afectado negativamente o seu mandato nestes dois anos e meio, mas acredito que isso é incontornável, obviamente que afectou. Então, se tivesse que fazer uma avaliação numérica, arisco-me a fazer isso, de zero a 20 valores, com muito esforço dava 8.5 ao nosso Chefe do Estado”, explanou.

Tomás Vieira Mário critica a omissão, no informe, do dossier sobre as dívidas. “Realmente achei estranho que não houvesse uma linha do Chefe do Estado sobre a dívida pública, que é hoje o tema, e digo, vai ser um tema que, ainda que paguemos a dívida, fica no perfil de Moçambique como um país de risco”

Contudo, o comentador do programa Pontos de Vista faz um elogio ao Presidente. “A questão da paz, penso que ele dirigiu com muita mestria, talvez não por todos compreendida e aceite, mas me parece que ele fez um esforço de dar metodologia pessoal ao processo de paz. Vejamos agora se tem ou não sucesso e aí sim tem todo o mérito de ser elogiado”, disse.

Noutro desenvolvimento, Ericino de Salema diz que o Chefe de Estado perdeu a oportunidade de explicar, efectivamente, a expressão “Moçambique está de Volta”.

Porém, ambos comentadores do Pontos de Vista elogiam o Chefe de Estado pela atitude de autoavaliação, apesar de não estar prevista legalmente.

A Igreja Católica pede que o órgão competente declare inconstitucional a inclusão, por parte da Assembleia da República, das dívidas ocultas “contraídas de forma unilateral, ilegal e ilegítima”.

Num comunicado divulgado ontem pela Comissão Episcopal de Justiça e Paz, a Igreja Católica exige a responsabilização dos que contraíram directamente a dívida, assim como das pessoas e instituições que não responderam à solicitação de informação da Kroll, consultora responsável pela auditoria à Ematum, Pro Indicus e MAM.

“Não podemos permitir que ao povo moçambicano seja imputada a responsabilidade de pagar com a miséria, sangue e morte as dívidas contraídas em seu nome de forma ilegal e inconstitucional”, diz a Igreja Católica.

Em mensagem aos cristãos católicos, a igreja diz que ninguém está obrigado a obedecer a disciplina de qualquer partido político ou aos seus dirigentes, contradizendo a sua consciência. “Não podemos colocar um partido nem os seus dirigentes acima da justiça, do amor a Deus e do amor aos irmãos. No final dos nossos dias, seremos julgados conforme o amor. Não levaremos riquezas nem poder”, alerta a igreja.

A Comissão Episcopal lembra as inconsistências entre as explicações fornecidas pelo Indivíduo A, pelo Ministério da Defesa e pela empresa Contratada relativamente à utilização efectiva dos USD 500 milhões do montante do empréstimo.

De acordo com o resumo da auditoria, continuam a subsistir lacunas sobre como foram exactamente gastos os USD 2 biliões, apesar de esforços consideráveis para resolver essas lacunas.

 

No ano passado, o Governo incluiu a dívida da Ematum na Conta Geral do Estado de 2014 que apresentou ao Parlamento. Ainda em 2016, o documento foi aprovado pelos deputados e posteriormente publicado no Boletim da República.

Indignadas, as organizações da sociedade civil, através do Fórum de Monitoria do Orçamento, recolheram duas mil assinaturas e submeteram, esta quarta-feira, um pedido de declaração de inconstitucionalidade da inscrição da dívida da Ematum na Conta Geral do Estado de 2014.

O Fórum de Monitoria do Orçamento abordou, em conferência de imprensa, havida esta quarta-feira, a actuação da Procuradoria-Geral da República perante o relatório da Kroll, e diz que o documento do auditor internacional devia ser disponibilizado na íntegra. Diz, entretanto, que é preciso deixar a PGR trabalhar no caso, de modo a chegar à responsabilização dos infractores.

O Fórum de Monitoria do Orçamento avança, ainda, que é preciso repensar nas lideranças do país, para que o Estado moçambicano não seja posto em causa. Esta quinta-feira, a instituição organiza um debate sobre as dívidas ocultas.

O Fórum de Monitoria do Orçamento reuniu duas mil assinaturas e solicitou, hoje, ao Conselho Constitucional, que declare inconstitucionalidade à inscrição da dívida da Empresa Moçambicana de Atum (Ematum) na Conta Geral do Estado de 2014. O facto surge na sequência da publicação do Boletim da República no qual consta a dívida da Empresa de Atum. Assim, o Conselho Constitucional deverá avaliar se procede a solicitação do Fórum que monitora o orçamento moçambicano.
No ano passado, o Governo incluiu a dívida da Ematum na Conta Geral do Estado de 2014 que apresentou ao Parlamento.

Ainda em 2016, o documento foi aprovado pelos deputados e posteriormente publicado no Boletim da República. O Fórum diz que ainda não solicitou inconstitucionalidade às outras dívidas não declaradas, nomeadamente da ProIndicus e da Mozambique Asset Management, pelo facto de não terem sido publicados, até agora, outros Boletins da República que incluem as dívidas polémicas na Conta Geral do Estado.

“Julgamos que o Estado moçambicano é soberano e não pode ser obrigado a fazer nada que não seja de acordo com os princípios que conduzem um Estado soberano. Falamos da Constituição da República. É válido que os cidadãos não queiram pagar por uma dívida que não foram consultados para a sua contratação, através da Assembleia da República”, argumentou Humberto Zaqueu, que falava hoje numa conferência de imprensa que visava anunciar o pedido de inconstitucionalidade à dívida da Ematum na Conta Geral do Estado.

O Fórum de Monitoria do Orçamento avança, ainda, que é preciso repensar nas lideranças do país, para que o Estado moçambicano não seja posto em causa. Esta quinta-feira, a instituição organiza um debate sobre as dívidas ocultas.
 

 

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