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Dívida pública interna aumentou 21.5% de Dezembro de 2022 a esta parte

O Banco de Moçambique alerta que o endividamento público interno continua a aumentar no país. De Dezembro de 2022 a Novembro de 2023, a dívida pública interna aumentou em 59.3 mil milhões de meticais para 334.4 mil milhões de meticais. 

Segundo o último Relatório de Conjuntura Económica e Perspectivas de Inflação do Banco de Moçambique, o Governo tem estado a aumentar os níveis de endividamento interno, o que revela que o Estado é um forte concorrente do sector privado no acesso ao crédito. 

“O montante cumulativo de créditos internos contratados entre Dezembro de 2022 e Novembro de 2023 incrementou em cerca de 59.3 mil milhões de meticais, perfazendo um stock total da dívida interna de cerca de 334.4 mil milhões de meticais. De entre os principais instrumentos utilizados para financiar o défice de tesouraria, destacam-se as Obrigações do Tesouro e adiantamentos no Banco de Moçambique”, lê-se no relatório de Conjuntura do Banco Central. 

Em termos percentuais, a dívida pública interna aumentou em 21.5% de Dezembro de 2022 a Novembro de 2023.

Nesse mesmo período, o peso da dívida pública subiu em 1.7 pontos percentuais em relação ao Produto Interno Bruto – PIB, ao passar de 23.6% do PIB em Dezembro de 2022 para 25.3% do PIB em Novembro de 2023.  

“No curto prazo, perspectiva-se a manutenção deste cenário, tendo em conta a limitada arrecadação de receitas fiscais e fraco desembolso de recursos externos”, antevê o Banco de Moçambique.

No geral, o Banco Central avança que o crédito à economia continua retraído, como resultado da dinâmica do consumo e do investimento privado, caracterizada pela desaceleração anual do crédito à economia concedido pelo sistema bancário, até Setembro de 2023. O documento diz que esta situação é explicada pela prevalência de condições monetárias restritivas, ou seja taxas de juro altas praticadas no sistema financeiro moçambicano. 

Outrossim, a autoridade monetária avança que as reservas internacionais do país mantêm-se em níveis satisfatórios, tendo se situado nos  3.1 mil milhões de dólares, até ao dia 15 de Novembro de 2023, o suficiente para garantir a cobertura de cerca de quatro meses de importações de bens e serviços para Moçambique, excluindo as importações dos grandes projectos. 

 

BANCO DE MOÇAMBIQUE MANTÉM PERSPECTIVA DE INFLAÇÃO DE UM DÍGITO 

De acordo com o Banco Central, para o médio prazo, mantêm-se as perspectivas de inflação de um dígito, reflectindo, sobretudo, a estabilidade do Metical e o impacto das medidas que vêm sendo tomadas pelo Comité de Política Monetária (CPMO). 

Mesmo assim, o supervisor do sistema financeiro reconhece que há  riscos e incertezas elevados associados às projecções de inflação. A nível interno, destacam-se as incertezas em relação aos impactos dos choques climáticos sobre os preços de bens,assim como a manutenção da elevada pressão sobre a despesa pública. No contexto externo, destacam, segundo o Banco de Moçambique, se as incertezas em relação ao prolongamento do conflito entre a Rússia e a Ucrânia e a evolução recente da crise no Médio Oriente, com possíveis efeitos sobre a dinâmica do preço do petróleo e de alimentos.

“Perspectiva-se ainda que o crescimento do PIB acelere, impulsionado pelo desempenho esperado da indústria extractiva. Excluindo os projectos energéticos, a actividade económica continuará a recuperar gradualmente, estimulada pelo desempenho dos sectores primário (agricultura e carvão mineral) e terciário (serviços), não obstante os prováveis eventos climáticos severos e seus impactos na produção agrícola e em infra estruturas diversas”, avança o relatório do Banco de Moçambique. 

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