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Diversidade artística marca 10ª edição do Festival AZGO

Na sexta-feira, sábado e domingo, a Cidade de Maputo foi, uma vez mais, palco da 10ª edição do Festival AZGO. Alguns anos depois de o evento ter sido adiado, por razões sanitárias, o regresso materializou-se com um espectáculo de abertura, na Sala Grande do Centro Cultural Franco-Moçambicano. No local, coube a Fayazer, artista da Ilha da Reunião, levar o público a descobrir sons tradicionais da sua cultura, misturados com a música moderna. Trata-se da junção de Maloya e rap/trap, que o artista designa de Malotrap.

Depois da actuação de Fayazer, no Jardim do Franco houve a apresentação dos The Hood Brodz, duo composto pelos irmãos Helio Beatz e Dj Granda Beatz. A este grupo moçambicano juntaram-se Thobile Makhoyane (Eswatini) e Dona Saquia (Moçambique), do Tufo da Mafalala.

Conforme lembra uma nota de imprensa sobre o AZGO, The Hood Brodz ofereceu todos os seus sets de Afro house music, misturando batidas pulsantes e ritmos contagiantes. Thobile Makhoyane, através do Makhoya e outros instrumentos musicais tradicionais, mostrou sua musicalidade e influências, contribuindo para uma fusão emocionante de estilos.

No final da noite, coube ao artista haitiano, radicado no Canadá, Vox Sambou, encerrar a abertura do festival. O artista e activista investiu na mistura de ritmos, entre os tradicionais haitianos com elementos contemporâneos do hip-hop e reggae.

A 10ª edição do AZGO prosseguiu no dia seguinte, sábado, sob o lema “Diversidade cultural e paz. “Foi sem dúvidas uma edição de exaltação da arte na verdadeira acepção da palavra, notório em todos os momentos da sua programação. A partir da concepção visual da 10ª Edição do AZGO, Hugo Mendes ou simplesmente Psiconautah, mostra a profundidade da arte a partir da tradição, identidade e modernidade”, lê-se igualmente na nota de imprensa sobre o festival: “A curadoria encontra no ‘Afrofuturismo’ uma outra forma de inovar e gerar interesse dos festivaleiros, que foram viver uma experiência marcante trajados de roupas do futuro. A audiência foi desafiada a imaginar a África e os africanos do futuro através da indumentária”.

O melhor traje afrofuturista premiado pela organização do festival, com um valor de cinquenta mil meticais, foi do estilista Valter Mudanisse. “Tentei imaginar a mim mesmo e os africanos de modo geral nos próximos 50/90 anos. Contudo, criei a partir da tradição e da riqueza cultural que nos caracterizam como povo”, disse o vencedor.

No Campus da UEM, foram montados três palcos, a saber, 16 Neto, Zena Bacar e Fany Mpfumo.

O 16 Neto apresentou um alinhamento alternativo com a energia e o talento dos artistas: Pizzaw/Pineapples, Ckarina Miller, DJ Dub Rui, DJ Bob, Karen Ponto e Denilson LA.  Esta foi a primeira vez que o AZGO apresentou este palco, concebido para artistas emergentes na área da música e artes cénicas. E nesta edição, foi possível assistir neste palco a apresentação de uma peça teatral.

Nos palcos Zena Bacar e Fany Mpfumo, os grandes actos foram protagonizados por estrelas nacionais e internacionais que ofereceram uma verdadeira festa ao público que aderiu em massa ao AZGO 2023.

Os mais novos Mark Exodus, Helio Beatz, Radjha Ally, Dehermes e Yaba Buluku Boys se estreiam no AZGO com apresentações ricas e cheias de emoção. “Acho que acabo de realizar um sonho”, disse Mark Exodus logo a sua saído do palco.

Stewart Sukuma e Banda Nkuvu cantaram Moçambique com toda energia já conhecida. “O AZGO é um projecto consistente e hoje provou mais uma vez a sua relevância”, disse o músico.

Elvira Viegas, rosto da 10ª Edição do Festival AZGO, ofereceu uma áurea de nostalgia e despertou lembranças de um passado, apresentando os seus sucessos de sempre “Grito de Criança”, “Lizeze”, “Xikala Vitu” ou “Tiva Taku”.

Eduardo Paim matou “Saudades” de Maputo, cantando “Rosa Baila” com um suporte de uma banda composta por instrumentistas moçambicanos. “Sinto-me amado e orgulhoso de todo percurso que trilhei. Há um calor especial e diferente dos moçambicanos. A esperança é voltar para muito mais, porque hoje essa semente foi lançada e ganhou uma nova vida”.

Os sul-africanos K.O, Sdala B & Paige apresentaram o house music, amapiano, rap/trap, entre outros géneros. O público cantou os sucessos de K.O, desde “SETE”, “Run Jozi” entre outros. Sdala B & Paige com “Khanyisa”, “Ghanama” e “Forever”.

“O agrupamento Yaba Buluku Boys presenteou a audiência com uma das maiores apresentações da 10ª Edição do AZGO. O grupo com projecção internacional apresentou os seus hinos “Yaba Buluku”, “Madam De Madam”, entre outros êxitos”, lê-se na nota de imprensa, na qual se acrescenta: “Pela primeira vez em Moçambique, um evento de artes criou uma zona específica para pessoas com deficiência. Trata-se de uma área que ofereceu ao público uma visualização do palco principal do Festival de forma privilegiada e confortável, com presença de uma equipe de voluntários preparados para ajudar com questões de logística como comprar bebidas, comidas, acesso a sanitários, entre outras necessidades pontuais”.

Além de lazer, o AZGO reafirmou o seu compromisso com temas importantes da vida do país. O recinto do evento serviu de espaço para a passagem de mensagens sobre preservação do meio ambiente e importância do recenseamento eleitoral.

Integrado no programa de responsabilidade social, o Azgo Mafalala voltou ao campinho da Mafalala.  Fruto de uma parceria entre a Khuzula, a Associação IVERCA e Lithos Stage Sound and Design, a festa do campinho iniciou ao som da percussão e da coreografia de mulheres pintadas de mussiro. O Tufo da Mafalala esteve em palco, a fazer as honras da casa. Logo de Helio Beatz canta e encanta com o Pandza do futuro; Stewart Sukuma brindou o público com um acústico dos seus maiores sucessos; Júnior Boca com o seu reggae levou a energia do Brasil e de outros quadrantes do mundo ao AZGO Mafalala.

Assim foi a 10ª edição do Festival AZGO!

 

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