O País – A verdade como notícia

Direcção do hospital Habel Jafar reconhece ter violado a ética

Duas versões, mesmo caso. Depois da mãe da pequena Flora, que morreu em circunstâncias estranhas, alegadamente devido à demora no atendimento por parte dos profissionais de saúde do Hospital Habel Jafar, a direcção desta unidade sanitária mostra a outra face da história.

A notícia caiu que nem uma bomba. Ouvindo o relato trágico de uma mãe que percorreu quase dois quilómetros com o cadáver da filha nas costas, alegadamente por ordens dos profissionais de saúde, onde fora atendida.

O caso mexeu com a estrutura da saúde a nível do distrito de Maputo, estrutura do bairro e a direcção do hospital visado (Hospital Habel Jafar).

A direcção daquela unidade sanitária reconheceu, esta quarta-feira, em exclusivo ao jornal O País, que violou a ética médica no caso da morte estranha da pequena Flora Macura, justificando, que foram movidos por questões emocionais.

“Ela (mãe da Flora) deu entrada no hospital bem agitada e com a criança já sem vida. A equipa médica fez de tudo para tentar salvar a menor. Mas quando declaramos óbito, a mãe fez muita confusão para levar a criança consigo”, disse Yolanda Solomone, directora-geral do Hospital Habel Jafar.

Atirando, de seguida, total responsabilidade a mãe da menor, que voltou à casa com o cadáver da filha nas costas. “Nós tentamos convencer a progenitora a desistir da ideia de levar o cadáver para casa”.

Frustradas as tentativas de convencer a mãe, a direcção do hospital reconhece que violou a ética ao permitir que o corpo da menor fosse levado à casa. Ou seja, alegadamente, cedeu a pressão emocional da progenitora.

“A equipa toda entrou em choque, o lado emocional pesou. Em termos de procedimento médico, admitimos que não foi correcto deixar a mãe carregar o cadáver da filha para casa. Acabamos cedendo por questões emocionais”, contou a responsável do Hospital Habel Jafar, secundada pelo director distrital da Saúde, Francelino Devesse.

Por seu turno, o enfermeiro que atendeu a mãe da pequena Flora Macura, disse que a senhora estava inconsolável, e que terá mesmo disponibilizado o seu próprio telemóvel para esta solicitar ajuda aos familiares e informar o trágico acontecimento.

“Ela recusou toda ajuda. Estava muito alterada e fez muita pressão para levar o cadáver para casa. Infelizmente permitimos que isso acontecesse, mesmo sabendo que não era o procedimento eticamente correcto”, secundou Zefanias Sitoe, enfermeiro que atendeu os primeiros gritos de aflição da progenitora da Flora Macura.

 

 

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