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Dinheiro pode ficar mais caro em Abril devido às medidas do Banco Central

Foto: Diário Económico

O custo do dinheiro poderá aumentar a partir de Abril, avisa a Associação Moçambicana dos Bancos. A mexida surge na sequência da recente decisão do Banco Central de agravar os coeficientes de reservas obrigatórias.

Há pouco mais de duas semanas, o Banco de Moçambique decidiu agravar os coeficientes de reservas obrigatórias em moeda nacional, de 10,5% para 28,0%, e em moeda estrangeira, de 11,5% para 28,5%.

A decisão, segundo a Associação Moçambicana dos Bancos, agrava de forma significativa os custos de intermediação dos bancos, implicando uma redução nas taxas de depósitos dos clientes. Diz ainda que a decisão retira um montante significativo de liquidez que existia no sistema financeiro.

Devido à redução substancial da liquidez disponível nos bancos comerciais, a associação explica ainda que os bancos passam a ter de imobilizar no banco central 28 Meticais por cada 100 Meticais captados e 28,5 dólares por cada depósito de 100 dólares, sem qualquer remuneração.

“Para o caso da moeda nacional, a partir de 1 de Abril, os clientes irão percecionar um acréscimo no custo do crédito devido ao impacto que a subida do coeficiente de reservas obrigatórias em moeda nacional tem no mecanismo de cálculo PRSF, que é a taxa de referência para o crédito no sistema financeiro de Moçambique.”

Segundo a Associação Moçambicana dos Bancos, o impacto será sentido no mercado de forma faseada em função da eficiência do sistema financeiro nacional.

Os bancos decidiram, por enquanto, manter a taxa de referência para créditos bancários, Prime Rate, a vigorar este mês de Fevereiro, nos 22,60%. Esta é a segunda vez consecutiva em que a associação mantém a taxa referida, depois de, em Dezembro, ter decidido aumentar a referida taxa de 20,60% para 22,60%, a maior subida dos últimos 22 meses.

“No quadro da implementação do Acordo sobre o Indexante Único do Sistema Bancário Moçambicano, a Associação Moçambicana de Bancos (AMB) comunica o Indexante Único, o Prémio de Custo e a Prime Rate a vigorar no mês de Fevereiro de 2023”.

O Indexante Único é a taxa média medida pelo volume das operações efectuadas no Mercado Monetário Interbancário para o prazo de vencimento de um dia útil, nomeadamente as operações na taxa de juro de política monetária (taxa MIMO) entre o Banco de Moçambique e os bancos comerciais, actualmente fixada em 17,25%. O Indexante Único é calculado mensalmente pelo Banco de Moçambique.

O Prémio de Custo é a margem que representa os elementos de risco da actividade bancária não reflectidos nas operações do mercado interbancário, o qual é adicionado ao Indexante Único para constituir a Prime Rate do Sistema Financeiro Moçambicano. O Prémio de Custo é calculado trimestralmente pela AMB, com base numa metodologia que toma em conta o rating do país, o rácio do crédito em incumprimento, o rácio de crédito saneado e o coeficiente de reservas obrigatórias para passivos em moeda nacional.

A Prime Rate do Sistema Financeiro Moçambicano é a única taxa de referência para as operações de crédito de taxa de juro variável e resulta da soma do Indexante Único e do Prémio de Custo. Esta taxa aplica-se às operações de crédito contratualizadas (novas, renovações e renegociações) entre as instituições de crédito e sociedades financeiras se os seus clientes, acrescida de uma margem (spread) que será adicionada ou subtraída à Prime Rate, mediante a análise de risco de cada categoria de crédito ou operação em concreto. O Acordo sobre o Indexante Único do Sistema Bancário Moçambicano visa promover uma maior transparência no processo de fixação das taxas de juro variáveis no mercado e melhorar o mecanismo de transmissão da política monetária.

Refira-se que, na última semana, o Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique, decidiu manter a taxa de juro de política monetária, taxa MIMO, em 17,25%. A medida é sustentada pelos elevados riscos e incertezas associados às projecções de inflação, com destaque para os efeitos da persistência da tensão geopolítica na Europa e do abrandamento da procura externa, não obstante as perspectivas de retorno da infla`1ção para um dígito, no médio prazo.

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