Antigos membros da Renamo que trabalharam lado a lado com o líder da Renamo, durante vários anos e que hoje militam no MDM, consideram Afonso Dhlakama pai da liberdade e defendem que os seus ensinamentos devem ser seguidos pelos moçambicanos.
O presidente do município de Quelimane, Manuel de Araújo, que foi chefe das relações internacionais no seio da Renamo, em finais da década 90, que é genro de Afonso Dhlakama, diz que o líder da Renamo, para além de ser pai da democracia em Moçambique, é igualmente pai da liberdade. De Araújo que já esta na Beira para participar nas cerimónias fúnebres, exorta aos moçambicanos abraçarem as causas da luta de Dhlakama.
“Moçambique estava independente mas não tínhamos liberdade, porque, como todos nós sabemos, para irmos visitar os nossos parentes tínhamos que solicitar guias de marcha e havia campos de reeducação neste país. Foi o Afonso Dhlakama que nos libertou destes males. Se hoje estamos aqui a falar e existe neste país a liberdade de opinião, de expressão e de manifestação e temos uma democracia multipartidária, foi graças a coragem e determinação deste homem. Por isso, o apelo que faço a todos os moçambicanos é que temos que continuar a abraçar aquelas que eram as causas da luta deste homem”.
Aliás, Dhlakama era um homem de causas, continuou Araújo, para depois lembrar que “o líder da Renamo, defendo as suas causas, recusou ofertas de exilio e foi viver na Serra da Gorongosa, em condições precárias, onde faltava quase tudo e debaixo de sol, chuva e sob frio intenso para que este país continuasse a ser uma pátria democrática e de homens livres onde os homens e a terra fossem finalmente libertos”.
Por sua vez, Albano Cariz, membro da Comissão Política do MDM, foi, durante nove anos, desde 1997 até 2008, secretário particular de Afonso Dhlakama. Cariz considera o líder da Renamo uma figura extraordinária que sempre lutou de forma tenaz, para o bem-estar dos moçambicanos, sem pensar em benefícios próprios.
“Trabalhar com Afonso Dhlakama foi para mim uma grande honra, pois aprendi com ele a respeitar a dignidade humana. Dhlakama era uma pessoa que sempre desejou o bem dos outros, mesmo que para que este bem fosse alcançado fosse necessário ele passar por algumas privacidades. O presidente da Renamo deixou um grande legado no seio de todos os moçambicanos que se resume na consolidação da democracia e alcance de uma paz efectiva para o bem-estar dos moçambicanos. Este legado pode, hoje, ser encontrado no seio de todos os partidos políticos e dos moçambicanos em geral”.
Geraldo Carvalho que até o mês passado, era chefe nacional de mobilização do MDM, foi indicado pelo líder da Renamo, em 1998 para representar a “perdiz”, como uma espécie de brigada central, no distrito de Chibabava, em Sofala, juntamente com o actual secretário-geral do MDM, José Domingos. Os dois trabalharam naquele distrito durante cinco anos. Para Carvalho Dhlakama é uma figura imortal.
“…Imortal porque? Porque Dhlakama criou muitos Dhlakama. Eu sou Dhlakama. Eu sou da escola de Dhlakama. Espero que todos os actores políticos e de forma particular a juventude sigam o exemplo deste homem íntegro e humilde, que para mim cumpriu a sua missão aqui na terra. Gostaria de ver todos os acordos que foram alcançados entre o presidente Dhlakama e o presidente da Republica, nomeadamente, a descentralização e desmilitarização dos homens armados da Renamo, fossem cumpridos, como forma de dignificarmos e imortalizar Dhlakama”.