Desde que o Governo anunciou a recuperação da vila de Mocímboa da Praia, alguns sobreviventes dos ataques terroristas, que vivem na cidade de Pemba, capital de Cabo Delgado, estão ansiosos e impacientes em regressar à casa.
“Voltamos a ver Mocímboa da Praia através da televisão que mostrou o aeroporto, o quartel, o clube desportivo e o porto, e ficámos muitos satisfeitos pela libertação da nossa terra”, revelou Ngamo Salamate, uma deslocada que vivia em Mocímboa da Praia e que escapou em três ataques terroristas na aldeia Ncomangano e na vila de Palma.
A notícia deixou a maior parte dos deslocados de Mocímboa da Praia surpreendidos e, actualmente, aguardam apenas pelas orientações do Governo para poderem regressar às suas casas.
“Há muitos que querem voltar à vila de Mocímboa da Praia desde que começámos a ouvir que o Governo já recuperou a vila. Eu mesmo estou ansioso e estou pronto para voltar a qualquer momento, mesmo que seja de bicicleta”, disse Abdala Omar.
Apesar da recuperação de Mocímboa da Praia ter sido publicamente anunciada pelo Governo, no dia 8 de Agosto último, através do Ministério da Defesa Nacional, alguns deslocados, que não se esquecem do terror vivido nos últimos anos, não acreditam que o grupo esteja fora da vila.
“A primeira coisa que queríamos ver são as nossas casas e praias e saborear o nosso peixe e as ostras que são características da vila e, só assim, podemos acreditar que Mocímboa da Praia está livre dos terroristas”, referiu Paulo Weng San, Presidente da Associação dos Naturais e Amigos de Mocímboa da Praia que, de seguida, apelou ao Governo para acelerar o combate ao grupo armado instalado no norte de Cabo Delgado desde Outubro de 2017.
Ocupada a 12 de Agosto de 2020, no terceiro assalto armado, Mocímboa da Praia, o local onde foi registado o primeiro tiro que deu início aos ataques terroristas em Cabo Delgado, foi a primeira zona libertada desde que iniciou uma operação conjunta com apoio militar do Ruanda, em Julho último.