Pelo menos seis mil moçambicanos que se encontravam refugiados no Malawi devido à instabilidade política e militar regressaram, recentemente, às suas zonas de origem, como resultado das tréguas indeterminada no país.
As seis mil pessoas, segundo a Televisão de Moçambique (TVM), citada pela AIM, regressaram ao posto administrativo de Nkondezi, distrito de Moatize, na província central de Tete. A maioria dos que estavam refugiados no Malawi é de Tete, particularmente da região de Nkondezi, perto da fronteira entre Moçambique e Malawi.
O rumo actual das conversações para a paz em Moçambique é que está por detrás do regresso à terra de milhares de compatriotas. “O governo moçambicano está a apoiar os regressados em alimentação, utensílios e em material para agricultura”, noticia a TVM.
No que tange à agricultura, os mesmos estão a beneficiar de apoio em sementes melhoradas, de modo a que possam prosseguir com as suas actividades agrícolas.
As autoridades governamentais estão, ainda, a levar a cabo campanhas de sensibilização, para que as pessoas se sintam livres e circulem à vontade nas zonas que já foram palco de confrontos militares. “Muitas pessoas já conseguem andar livremente, mas ainda têm medo, por aquilo que passaram”, disse uma fonte do governo local.
Lembre-se que milhares de pessoas fugiram para o Malawi, quando a tensão político-militar se acentuou naquele ponto do país. Mais de dez mil moçambicanos chegaram a ser acolhidos como refugiados naquele país vizinho.
É que a presença de forças militares governamentais e da Renamo na província de Tete amedrontava as populações locais, que acabavam por abandonar as suas residências e procurar refúgio no vizinho Malawi.
Em Julho de 2015, após as forças da Renamo realizarem dois ataques na província de Tete, os moçambicanos começaram a procurar refúgio no Malawi, particularmente nos distritos fronteiriços de Mwanza e Chikwaea, que distam cerca de meio quilómetro de Moçambique.
O Governo sempre negou a existência de refugiados no Malawi, preferindo tratar os quatro mil cidadãos moçambicanos como deslocados, isto na sequência dos pronunciamentos de algumas organizações não-governamentais do Malawi, que pressionavam Lilóngwè a conceder o estatuto de refugiados aos moçambicanos.
O distrito de Moatize conta com uma população estimada em cerca de 378 mil habitantes. O carvão mineral é a sua “bandeira económica”, mas também conta com terras férteis nas zonas do interior, onde se processa a actividade agrícola.
Vida volta à normalidade após acordo de tréguas “por tempo indeterminado”
Afonso Dhlakama anunciou, em Maio, a extensão “sem novo limite” da trégua militar que começou em Dezembro passado, entre a facção armada do seu partido e as tropas governamentais. “Não significa o fim da guerra, mas o início do fim da guerra”, afirmou Afonso Dhlakama, perante jornalistas.
Esta decisão com significado de paz devolveu a normalidade ao país, restabelecendo-se em pleno os serviços de transporte, a actividade agrícola, a educação, os serviços da saúde, entre outros. Neste momento, está em curso o diálogo político entre o Governo e a Renamo sem o envolvimento de observadores e mediadores. A descentralização política, questões económicas e enquadramento das forças residuais da Renamo são temas em discussão.