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Há roubo de sacos de batata e cebola durante a noite no “grossista do Zimpeto”

Desconhecidos têm-se dedicado ao roubo de mercadorias durante a noite no Mercado Grossista do Zimpeto. Os malfeitores chegam a retirar até 50 sacos de batata ou cebola de uma só vez.

Quando amanhece, é preciso correr para despachar a mercadoria no Mercado Grossista do Zimpeto, porque, caso não seja vendida, há quem está pronto para ir roubá-la à calada da noite.

“É normal tirarem 30 sacos por dia, e tu acabas por te questionar de onde é que saiu essa mercadoria e com quem saiu?”, revelou uma vendeira anónima ao “O País”.
São questões que, até ao momento, não têm respostas. A verdade é que os vendedores têm sofrido roubos sistemáticos de indivíduos desconhecidos, mas que, supostamente, conhecem bem o mercado.

“Quando chegamos ao mercado nas manhãs, a mercadoria está devidamente coberta por lonas, mas, quando abrimos para conferir, notamos sempre que faltam muitos, muitos sacos. E agora adoptaram o sistema de tirar números exatos, que é para nós não percebermos de onde é que retiraram os sacos”, explicou mais um vendedor anónimo do grossista.

O mercado tem guardas e a segurança é reforçada por agentes da Polícia da República de Moçambique, entretanto, para os vendedores, parece que estes sempre se demitem das suas funções.

“O que nós sabemos é que o mercado tem guardas e polícia que vigia toda a noite, mas, mesmo assim, há muitos roubos”, disse.

No sector das batatas, o cenário é mais crítico, segundo conta Nelson, que já viu o seu patrão perder cerca de 100 sacos numa única investida dos ladrões.

“Você arruma a banca hoje, mas no dia seguinte percebe que roubaram 50 a 100 sacos de batata. Isso já não é roubo, é sabotagem”, denunciou Nelson.

Até os armazéns trancados com cadeado e com chave única são estranhamente “visitados” pelos ladrões, que roubam sem deixar nenhum vestígio.

Carlitos Zunguze já levou um caso à Polícia, mas voltou mais furioso, porque lhe foi dito que o único ladrão só podia ter sido a sua esposa, pessoa com quem partilha a chave.

“O que me deixa mais furioso é que a Polícia alega que a minha mulher, que tem acesso às minhas chaves, e que tem vindo abrir o armazém na calada da noite. Mas como é que uma pessoa que vive comigo na Machava Socimol sai até aqui durante a noite sem o meu conhecimento?”, questionou Zunguze.

A Associação dos Vendedores diz que pegou em flagrante cerca de cinco guardas envolvidos nos esquemas e tratou de os expulsar, mas, por falta de responsabilização, continuam livres.

“A polícia só faz ocorrência, depois dizem que aqui, no mercado, não abrem processos, transferem para vigésima quarta esquadra, mas, por causa da alegada insuficiência de matéria criminal, os indiciados são soltos e voltam a aterrorizar o mercado”, rematou Custódio Feliciano, presidente da Associação dos Vendedores.

O “O País” contactou o porta-voz da PRM na Cidade Maputo, Leonel Muchina, que, sem gravar entrevista, assumiu que a Polícia já tem conhecimento dos roubos, tanto que há diligências para neutralizar os malfeitores.

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