Elcy Cebyl Tholecy Venichand arrendou uma casa de Ângela Leão entre Janeiro de 2018 e Abril de 2020, supostamente adquirida com o dinheiro das dívidas ocultas a 160 mil meticais por mês. E esta terça-feira foi ouvida pelo Tribunal, instalado na B.O, para julgar o “caso das dívidas ocultas” a fim de esclarecer algumas dúvidas. A declarante explicou que a casa não está em nome da ré Ângela Leão, mas a arrendatária diz que ela assinou o contrato e o valor da renda era depositado numa conta bancária por ela titulada.
Durante o interrogatório, Elcy Venichand foi perguntada sobre a localização precisa do imóvel em que esteve a residir, a título de arrendamento, tendo confirmado que tal como vem nos autos, a casa situa-se no bairro Triunfo, na zona denominada “Cândida Cossa”.
Confrontada com uma cópia do contrato de arrendamento do imóvel, que vinha seu nome como arrendatária, mas num outro endereço, Elcy disse que na altura da celebração do contrato não se apercebeu que o endereço do contrato era diferente.
A declarante disse ao Tribunal que, até a cessação do contrato, tinha todas as rendas em dia.
A Ordem dos Advogados de Moçambique e os advogados de defesa prescindiram de interrogar a declarante, tendo o advogado de Ângela Leão, feito apenas uma questão de confirmação, relativa a uma busca por armas feita no imóvel, por pessoas que se identificaram como agentes do SERNIC. A declarante confirmou que houve a operação e que não foi encontrada nenhuma arma no local.
Da lista de pagamentos de Ângela Leão consta também a Mercury Comercial Limitada, empresa de venda de material de construção, que recebeu mais de quatro milhões de meticais. Glória Laurinda Simione, representante da empresa, revelou ao Tribunal que parte do valor foi pago em dólares.
Como a MOZAGO-Construções, cujo dono foi ouvido esta segunda-feira, a Mercury Comercial, empresa de venda de material de construção e escritórios, foi contactada em 2014 por Italma Pereira, da ARKTEK, e recebia os pagamentos da M-Moçambique Construções.
A empresa escolhida pela também declarante Italma Pereira, em nome de Ângela Leão para adquirir tijoleiras e loiça sanitária para o complexo residencial da ré, facturou quatro milhões e quatrocentos mil meticais com a venda. Parte do pagamento foi feito em dólares e de forma antecipada.
A Mercury Comercial, representada nos autos por Glória Laurinda Simione, colabora desde o primeiro momento com o processo, pelo que não havia muitas zonas de penumbra.
O Ministério Público não colocou questões e quis apenas confirmar a autenticidade das facturas.
Já a Ordem dos Advogados de Moçambique e a Defesa prescindiram de colocar questões. As suas colocações foram no sentido de se reajustar, mais uma vez, o calendário, para flexibilizar as audições e o Juiz anuiu.