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De luxo para lixo: caiu a máscara de “xilunguine”

De luxo para lixo, assim se transformou Maputo. Velha e gagá, aos 137 anos, parece já não alcançar o nariz para, no mínimo, limpar o seu próprio ranho. Maputo já não dorme acordada há meses,“xilunguine” borrou a maquiagem e deixou cair a máscara.

Seduzida desde o tempo colonial, Kampfumo não cedia de qualquer maneira e nem levantava a saia para qualquer um, mas hoje deu para o lixo. O que houve com a princesa? Questionam-se as cidades vizinhas, que de longe lamentam e riem-se do novo semblante que “xilunguine” ostenta nos últimos dias.

Há noites que Maputo não se banha, muito menos depila as suas ruas e avenidas. Cheira mal em todos os compartimentos e falta espaço para respirar. Maputo perdeu admiradores, marginal está uma marginal, nenhum homem deseja a acácia vestida de impurezas. Bairro a bairro, a capital foi sabotada e abandonada imunda.

Não há mais nada de melhor que se diga sobre ti, mana centenária. As banhas criadas pelas dunas de resíduos sólidos no teu corpo roubaram o mínimo de respeito que Chimoio, Inhambane, Nampula e outras tuas irmãs tinham sobre ti. Estás podre até às ancas.

Entre músicas e poemas escritos pensando em ti, Kampfumo, sobram-te, neste momento, lamentações. O teu corpo escalado por rugas torna-te malquista e inapropriada de afagar. Como se não bastasse, nada explica aos teus filhos que, mesmo resmungando com a situação, não têm escolha senão dividir o “xiquento” entre contentores fervilhando urina.

O que houve contigo, “Kamaputso”? O que dirás a Eduardo Mondlane, Samora Machel, aos heróis moçambicanos, a Tomás Nduda, Kenneth Kaunda e a Josina Machel, gente de vulto que depende da tua higiene para dormir tranquila ao longo das avenidas onde lhes concedes aposentos? 

Do melhor para o pior destino turístico, devias-te envergonhar por isso, Maputo, e talvez  recuperar as memórias de quando eras bela e interessante. Para quem já teve oito maridos, estás uma desgraça nas mãos do teu actual dono, que parece ter nenhum plano para lavar a tua cara ciscada e amarfanhada.

Retrata-te, “xilunguine”, antes que seja tarde e percas a grandeza. Já andas suja, bêbada e corrupta. Não te sujes mais. Ganha consciência e limpa a cara enxovalhada pela imoralidade que tu mesma incubas ao longo das barracas do Museu. Vinha correndo e cantando “Txuna Maputo” e, depois disso, nada se viu senão o significado da primeira palavra da frase. Porque sufocar os já extenuados citadinos que incansavelmente buscam caminhos para te abandonar?

Lava-te e responde-me, por favor.

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