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Daniel Chapo defende diálogo, transparência e justiça social em visita a Inhambane

Durante uma visita de trabalho de três dias à província de Inhambane, o Presidente da República, Daniel Chapo, abordou questões cruciais para o desenvolvimento do país, destacando a importância do diálogo nas relações laborais, a transparência na gestão de recursos naturais e os desafios enfrentados por grandes projectos de infra-estrutura. Ao longo das suas intervenções, o Presidente deixou clara a sua visão de que o progresso económico deve caminhar lado a lado com a justiça social e a inclusão das comunidades locais.

Num contexto de crescente tensão laboral, com profissionais de saúde ameaçando retomar greves para exigir melhores condições de trabalho, o Presidente da República, Daniel Chapo, reiterou a necessidade de priorizar o diálogo como ferramenta fundamental para resolver conflitos. Durante os encontros em Inhambane, o Presidente foi claro ao afirmar: “Não percebemos porque é que alguém que ainda não dialogou com este novo ciclo de governação. Pretende entrar loucamente em greve antes do diálogo. Essa cultura de confronto precisa de ser superada.”

Chapo destacou que o Governo tem tomado medidas concretas para responder às reivindicações dos profissionais de saúde, incluindo o pagamento gradual de dívidas relacionadas a horas extras e a melhoria das condições em unidades de saúde. Ele reconheceu que o ritmo de implementação pode não ser o ideal, mas sublinhou que os esforços estão a ser feitos dentro das limitações financeiras do país. “Estamos a funcionar com um orçamento reconduzido em 2024, e o de 2025 ainda não foi aprovado. Mesmo assim, temos feito todo o esforço para atender às preocupações da função pública”, afirmou o Presidente.

Chapo também enfatizou que o Governo já conseguiu avanços significativos, como o pagamento de horas extras e subsídios atrasados. Ele destacou que, mesmo diante das dificuldades, é essencial que os trabalhadores reconheçam o compromisso do Governo em resolver os problemas. “Não podemos resolver tudo de uma só vez, mas estamos empenhados em dialogar e encontrar soluções que beneficiem a todos”, reforçou.

Para o Presidente, o diálogo deve prevalecer como o principal instrumento de resolução de conflitos, evitando greves que podem prejudicar os serviços essenciais prestados à população. “Temos de conversar, porque é no diálogo que encontramos as soluções. Greves e manifestações violentas apenas destroem bens públicos e privados, que, depois, serão necessários para os próprios que os destruíram”, declarou Chapo, apelando ao bom senso e à responsabilidade de todas as partes envolvidas.

Apesar das críticas vindas de algumas associações, Chapo elogiou os profissionais que continuam a prestar serviços essenciais à população, mesmo em tempos de tensão. Para ele, é essencial que todos compreendam que as soluções precisam ser construídas de forma conjunta e sustentável. “Qualquer funcionário público, mesmo este grupo que está a fazer referência à greve, vai perceber que o diálogo é o caminho para a resolução das nossas preocupações”, concluiu.

A Central Térmica de Temane, um dos maiores empreendimentos energéticos de Moçambique, também foi tema de destaque durante a visita. O projecto, que promete aumentar significativamente a capacidade energética do país, enfrenta atrasos devido a incidentes causados por desastres naturais. Em 2024, o ciclone Filipo destruiu duas turbinas essenciais para a operação da central, forçando a reestruturação do cronograma.

Segundo Chapo, as turbinas, fabricadas na Alemanha, já foram encomendadas novamente, mas o prazo de entrega está estimado em dois anos. Enquanto isso, o Governo e as empresas parceiras estão a renegociar os contratos para ajustar os prazos e custos. O Presidente enfatizou que não se trata de falta de compromisso por parte dos envolvidos, mas sim de circunstâncias além do controlo humano. “Estamos a trabalhar para garantir que este projecto seja concluído e beneficie milhares de moçambicanos”, afirmou.

A central térmica, quando concluída, beneficiará cerca de 1,5 milhões de famílias, fornecendo energia a regiões que actualmente enfrentam grandes desafios de acesso. Chapo destacou que o projecto é fundamental para a promoção do desenvolvimento industrial e para melhorar a qualidade de vida das populações locais.

Outro ponto central da visita foi a discussão sobre a renegociação de contratos com grandes empresas que exploram recursos naturais em Moçambique. Chapo explicou que esses contratos, assinados há mais de duas décadas, precisam de ser revisados para garantir que os benefícios gerados cheguem às comunidades locais e contribuam para o desenvolvimento do país.

“Não estamos aqui para caçar bruxas, mas para assegurar que o interesse nacional seja defendido”, destacou Chapo, reafirmando que as renegociações estão a ser conduzidas de forma pacífica e transparente. Ele também enfatizou que não houve interrupção nas operações das empresas, um sinal de que o processo está a ser gerido com responsabilidade e compromisso.

A redistribuição justa dos rendimentos provenientes desses contratos foi apontada como essencial para financiar infra-estruturas, educação, saúde e outras áreas prioritárias. Chapo destacou que os recursos provenientes dessas renegociações são vitais para transformar o potencial económico de Moçambique em progresso tangível para todos.

Ao encerrar a visita, Daniel Chapo reafirmou o compromisso do Governo com a construção de um país mais justo e equitativo. Para ele, o desenvolvimento de Moçambique passa pela adopção de medidas que promovam a inclusão social e a utilização sustentável dos recursos naturais. Ele também apelou às comunidades para que mantenham a paz e a estabilidade, condições fundamentais para atrair mais investimentos e consolidar os avanços económicos.

A visita a Inhambane deixou claro que o Governo está empenhado em enfrentar os desafios com decisão e transparência, promovendo soluções que beneficiem toda a população. Para Chapo, o futuro de Moçambique depende da capacidade de unir esforços em torno de uma visão comum de progresso e prosperidade.

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