A economista Inocência Mapisse, do Centro de Integridade Pública (CIP), considera que o ritmo de crescimento da população no país impõem sérios desafios na luta pela redução da pobreza. A economista cruzou dados sobre o crescimento demográfico e o bem-estar da população, tendo concluído que “as políticas de luta contra pobreza que vem sido adoptadas ao longo da última década não têm sido suficientes para internalizar o efeito do crescimento populacional.
Na sua análise, a economista começou por apresentar dados relativos à evolução populacional: “Nas últimas três décadas, Moçambique tem vindo a registar aumento populacional considerável, tendo passado de 16,1 milhões de habitantes para 20,5 milhões de habitantes e 28,9 milhões de habitantes em 1997, 2007 e 2017, repectivamente. Nestes anos, o país registou uma taxa de crescimento média anual da população de 2%, o que impõe muitos desafios de política ao país. Segundo o relatório preliminar publicado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em Dezembro de 2017, a população de Moçambique cresceu para 28.9 milhões de habitantes, dos quais as mulheres perfazem 52%. Este aumento populacional corresponde ao crescimento de 40,9% relativamente a 2007”.
Já relativamente ao impacto das dinâmicas demográficas no desenvolvimento económico, Inocência Mapisse entende que o crescimento populacional sobre o desenvolvimento depende não só do seu ritmo de crescimento, mas também do seu tamanho e estrutura etária.
Para a economista, o aumento populacional em cerca de 40% nos últimos 10 anos foi acompanhado de uma significativa redução da taxa de pobreza de 69,7% em 2007 para 46,1% em 2015. No entanto, dados disponíveis indicam que o número de pobres se manteve praticamenete inalterado, tendo-se situado em 12 milhões em 2007 e 11,8 milhões em 2015. É este o facto que permite concluir que as políticas de luta contra pobreza não têm sido suficientes para internalizar o efeito do crescimento populacional.
Para argumentar, avança que, em termos de desenvolvimento humano, estimativas do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) indicam que a posição de Moçambique tem vindo a deteriorar. Em 2015 o país se encontrava entre os 8 países com mais baixo índice, situando-se posição 181 de 188 (ocupado pela República Centro Africana), após ter estado na posição 172 em 2007. Maior crescimento populacional tem-se reflectido na degradação do bem-estar populacional.