O País – A verdade como notícia

São ao todo 153 comitês locais de emergência em Inhambane capacitados em matérias ligadas a prevenção da COVID-19. O objectivo é que sejam eles os homens na linha da frente para travar a contaminação pelo Coronavirus nas comunidades.

O delegado do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades em Inhambane, Cândido Mapute, diz que sendo os membros CLGR parte integrante da comunidade, sejam eles mesmo os agentes que nas línguas locais possam disseminar informações sobre as medidas de prevenção da COVID-19 no sei destas.

Com a matéria em dia, os membros dos comitês locais de emergência prometem fazer chegar a comunidade.

 João André é um dos membros dos Comitês locais de Gestão de Risco que recebeu a capacitação e diz estar melhor habilitado para proteger a comunidade onde reside.

A província de Inhambane continua a receber moçambicanos vindos da África do Sul que entram no país ilegalmente.

 

"Não estamos contentes com a China. Estamos descontentes com a situação. Acreditamos que podia ter sido travada na origem, rapidamente e não se ter alastrado por todo o mundo", afirmou o Chefe do Estado norte-americano, na habitual conferência de imprensa na Casa Branca, acusando a China de nada ter feito para impedir a disseminação do vírus quando podia ter feito. 

Segundo a nota publicada pela Euronews, Trump revelou ainda que as autoridades norte-americanas estão a investigar o que aconteceu e esta segunda-feira, o conselheiro da Casa Branca para o comércio acusou a China de estar a lucrar com a exportação de testes de baixa qualidade para os Estados Unidos.

Mesmo com as críticas pela falta de capacidade do sistema de saúde para fazer diagnósticos, Washington assumiu o objecto de cada estado testar pelo 2,6% da população, todos os meses.

Apesar de as taxas de hospitalização e letalidade continuarem a descer, o estado de Nova Iorque ainda não se sente preparado para aliviar as medidas de confinamento.

De acordo com o governador Andrew Cuomo, citado pela Euronews, as restrições, devem manter. 

Já noutros estados, a vida vai retomando a normalidade possível. No comércio, a abertura ao público implica o uso de luvas, o controlo de temperatura e várias outras medidas.

Com o mundo com mais de três milhões de casos confirmados do novo coronavírus, a passos de atingir um milhão de casos recuperados e havendo alguns países com baixos índices de novos casos a aliviarem as restrições, a Organização Mundial da Saúde chama atenção: a Covid-19 está longe do fim.

"À medida que os bloqueios na Europa diminuem com o número decrescente de novos casos, continuamos a instar os países a encontrar, isolar, testar e tratar todos os casos e rastrear todos os contatos, para garantir que essas tendências em declínio continuem. Repito, a pandemia está longe de terminar", disse o Director-Geral da Organização, Tedros Ghebreyesus, em Conferência de Imprensa ontem em Genebra.

E enquanto na Europa a tendência é de redução em outras partes do mundo os casos positivos e as mortes aumentam. África é um dos continentes que preocupa a organização. 

“A OMS continua preocupada com as tendências crescentes na África, Europa Oriental, América Latina e alguns países asiáticos. Como em todas as regiões, casos e mortes são subnotificados em muitos países. Nessas regiões devido à baixa capacidade de teste. Continuamos a apoiar esses países com assistência técnica por meio de nossos escritórios regionais e nacionais", acrescentou.

A Organização Mundial da Saúde alerta ainda a muitos países que as pessoas recuperadas não são totalmente imunes a doença e que devem continuar a tomar medidas de prevenção para evitar uma segunda vaga de subida de casos e mortes. Desde Dezembro do ano passado, a COVID-19 já matou mais de 200 mil pessoas.

Ainda que se prolongue o Estado de Emergência, o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano diz que o ano lectivo 2020 não está perdido porque as aulas por televisão, rádio e outras plataformas revelam sucesso.

30 de Abril é o último dia do Estado de Emergência em Moçambique e há de quase todos os lados, incertezas sobre o prolongamento desta fase como forma de conter a propagação do novo coronavírus no país.

Ainda que se estenda o período do Estado de Emergência, o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano descarta a anulação do ano lectivo.

“Aí nós não consideramos o ano lectivo perdido, mas estamos aqui no campo das suposições porque não sabemos que orientações virão mais adiante” afirmou Gina Guibunda, porta-voz do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, acrescentando que caso se prolongue o Estado de Emergência “continuaremos a ministrar as nossas aulas, usando, também, todas estas plataformas”.  

E as plataformas usadas para as aulas são a televisão, a rádio e a internet que, segundo as autoridades da Educação são um sucesso, mas não se sabe se os alunos estão ou não a acompanhar as aulas.

“É verdade que ainda temos um desafio no sentido de apurar se, de facto, os nossos alunos tem estado a resolver os trabalhos e quantos estão a estudar”, duvidou Gina Guibunda. 

Além da monitoria, preocupa a forma como são leccionadas aulas nas zonas recônditas, onde não há acesso à energia e muito menos internet, porém, a porta-voz do Ministério da Educação tranquiliza. 

“Os professores, em grupos pequenos, têm ido às escolas, elaborado textos de apoio assim como fichas de exercícios e os pais e/ou encarregados de educação são contactados para irem lá buscar e depois fazem chegar aos seus filhos”, explicou a porta-voz do pelouro da Educação, revelando, igualmente, que foi definido que uma parte do valor do apoio directo às escolas será usado para apoiar “os alunos que não tenham capacidade de poder reproduzir essas fichas”.  

Sobre alguns erros cometidos por alguns professores que leccionam as aulas na televisão e na rádio, Gina Guibunda diz ser normal. “O professor que é professor sabe que mesmo sem estar em frente a uma câmara está susceptível de quando em vez, cometer alguma falha e a ela (a falha) é cometida por quem trabalha”, justificou Gina Guibunda.   

Entretanto, com o método de aulas à distância, o Ministério da Educação garante que os professores estão a receber seus salários sem nenhum desconto. 

 

Moçambique continua sem casos do novo coronavírus pelo segundo dia consecutivo, mantendo os 76 casos positivos anunciados no domingo. Relativamente a Cabo Delgado, 80 amostras chegaram hoje a Maputo, e os resultados serão conhecidos amanhã, quarta-feira.

Pelo segundo dia consecutivo, o país não tem casos positivos da COVID-19.

Cabo Delgado, actual epicentro dos novos casos da COVID-19 em Moçambique, está na fase de testagem massiva e os resultados serão conhecidos esta quarta-feira.

Mas não é somente a Total a operar em Cabo Delgado e o Ministério da Saúde garante que está a trabalhar em colaboração com o Ministério dos Recursos Minerais e Energia em relação a testagem das outras petrolíferas.

Apesar de não ter havido casos novos nas últimas 48 horas, o Ministério da Saúde recomenda ao cumprimento de casos de prevenção, dentre os quais:

Até esta terça-feira o Instituto Nacional de Saúde testou 1772 amostras, que deram em 76 casos positivos. 841 pessoas continuam em quarentena e sob acompanhamento médico.

 

A avó Ndindaza está à caminho de 80 anos de idade e ainda assim parece mais nova do que alguns jovens da aldeia. Com apenas 30 anos, estes não conseguem esconder os sinais de desgaste físico estampados na sua cara.

As suas buchechas grandes, longe de significarem bem-estar, denunciam a malnutrição de tanto beberem e alimentarem-se mal. Geralmente os alcoólatras não têm apetide de comer.   

O seu hálito é um misto de cigarros e aguardente puro de massala ou de caju da adega tradicional do velho Tsambe, negócio de anos através do qual criou os seus sete filhos, educou-lhes e hoje assumem posições importantes na sociedade.

Não estudam. Não trabalham. O seu único divertimento é beber e fazer filhos, atrás de filhos, em casamentos prematuros, característicos das zonas rurais. Às vezes fazem biscatos. Carregam coisas para ali. Carregam coisas para acolá. Constroem latrinas. Reabilitam coberturas de capim removidas por ventos fortes que se têm feito sentir na aldeia.

Trabalhos deste género abundam nos meses de Dezembro e Janeiro em que quase toda a gente tem poder de compra. Uns, porque ganharam dinheiro com a produção de aguardente de caju e pela venda da castanha de caju a comerciantes da zona. Outros, sobretudo estes, porque um membro da sua família regressou das minas da África do Sul.

Na casa da avó Ndindiza, viuva, as coisas são diferentes. Aqui vive-se da agricultura. Os seus filhos e os netos estão espalhados pelo país, mas a maior parte reside e trabalha em Maputo. Todos os filhos estudaram e estão bem na vida.

Teimosa, orgulhosa e com a sua mania de não querer depender dos filhos, Didi, como é carinhosamente tratada pelos seus netos e por pessoas mais próximas de si na aldeia, apesar da idade avançada, não abandonou a sua enxada de cabo curto. Pendurada no ombro esquerdo, com botas nos pés para se proteger de cobras e lenço na cabeça, canta enquanto se dirige à machamba, numa rotina diária que começa as 05:00 da manhã.

Quando chega o tempo da colheita, é inacreditável. Enche os celeiros. Uma parte dos produtos manda para a família na cidade. O excedente, vende na aldeia e às vezes a clientes da vila.

Ela, pouco ou nada sabe do que se passa no país. Os filhos lá na cidade ainda não lhe falaram de coronavirus e sobre a necessidade de se prevenir da doença. Acham que a doença não pode chegar lá no interior da província onde nasceram.

O Estado de Emergência vs quarentena é caso para esquecer, numa comunidade que festeja o regresso de seus filhos das minas da África do Sul e não só. Os casamentos, os funerais e as cerimónias religiosas movimentam uma aldeia inteira.

O pequeno rádio da avó Ndindiza através da qual acompanhava os noticiários em língua tsonga, avariou faz tempo e não disse nada aos filhos. Não se pode falar da televisão porque a energia da rede nacional ainda não chegou à aldeia, apesar de promessas sucessivas de políticos em períodos eleitorais de caça ao voto.

Há uma semana, dois idosos, um de sexo feminino, com mais de 60 anos de idade e outro, do sexo oposto, com 70, perderam a vida depois de se queixarem de febre e tosse. A notícia espantou a aldeia inteira. É que muitos já apanharam gripe, mas ninguém antes morreu por causa disso.
Eram pessoas muito respeitadas na comunidade dado à sua honestidade e amor ao próximo. Por causa disso, os seus funerais, realizados em ocasiões diferentes, foram muito concorridos. Centenas de aldeões não quiseram perder a oportunidade de se despedirem deles.

Como manda a tradição africana, depois das demoradas orações no cemitério da aldeia, debaixo de um calor intenso, orientadas pelo pastor Mabunda, os presentes foram juntar-se nas casas dos malogrados para lavarem as mãos e tomarem o habitual chá antes de se dispersarem.  

O seu telefone, a “bombinha” através do qual se comunica com os filhos, recarrega na banca de Mutchatcha, um jovem empreendedor que, para o efeito, instalou um conjunto de batarias. São dez meticais de cada vez e o serviço ajuda a muita gente. Logo pela manhã, a banca até parece uma loja de telemóveis. Fica cheia de telefones de várias marcas e tamanhos.

Didi não sabe ler e escrever. O seu neto, o Joãozinho, de 9 anos, inteligente, a frequentar a quarta classe debaixo da sombra de uma árvore, é quem lê as mensagens enviadas para si por parentes, em língua portuguesa, e traduz para a sua avó. Todos confiam nos serviços do miúdo porque não sabem escrever em xichangana.

Na aldeia, todo o mundo se conhece bem. Através das pegadas dos pés, qualquer um sabe dizer para que direcção foi algum membro da comunidade. Já passavam das 8:00 horas da manhã de segunda-feira e avó Ndindiza, ela que acorda diariamente muito cedo, ainda não tinha sido vista, o que causou espanto e preocupação entre os aldeões.
 
Doía-lhe a coluna. Tossia muito e com febre. Quando lhe bateram a porta, meio aberta, continuava deitada na sua cama e o seu neto, a fazer alguns trabalhos domésticos correspondentes à sua idade. A doente foi acompanhada para o centro de saúde local, mas não ajudou em nada: não havia medicamento e a província acabava de anunciar roptura.

Os seus filhos, netos e a família em geral não foram informados sobre a doença para não lhes preocupar. Tudo está a ser gerido localmente com a certeza de que logo a velha ficará bem.

Uma semana depois, para a surpresa e preocupação da aldeia, o estado de saúde da avó Ndindiza complicou-se. Tem dificuldades de respirar e o hospital de referência dista 120 quilómetros daquela comunidade.

Eram 17:00 horas de domingo quando alguém da comunidade, mais próxima da doente, resolveu ligar a informar sobre a situação de Ndindiza à família em Maputo. Já era tarde para viajar e quando chegaram no dia seguinte, ela tinha perdido a vida três horas depois do telefonema do dia anterior sem poder despedir-se dos seus filhos e netos.

Ela morreu sem conhecer a doença que lhe arrancou a vida, a covid-19. Deixou este mundo sem ter tido a oportunidade de se proteger, como os outros, contra o Coronavírus que invadiu a sua aldeia ante a ignorância daquela comunidade em relação à pandemia.

Ndindiza e os outros dois idosos, Macucule e Mucavel, desapareceram do mundo dos vivos deixando ficar muitas sementes espalhadas pela aldeia que germinarão no seu tempo: dezenas de pessoas infectadas com o Coronavírus transportado para aquela comunidade por alguns dos regressados da África do Sul há cerca de um mês sem passarem por uma quarentena.

 

 

A Comissão Técnico-científica para a Prevenção e Resposta da COVID-19 reúne dentro de uma hora, para analisar o estágio e as tendências da propagação do Coronavírus no país.

A sessão desta segunda-feira será dirigida pelo Presidente da República, Filipe Nyusi,  e de acordo com fontes ligadas à comissão, deverá propor os próximos passos a serem dados dentro das estratégias de combate à está pandemia, nomeadamente, no que diz respeito à continuidade ou não do Estado de Emergência, cuja primeira fase termina na quinta-feira.

A Comissão Comissão Técnico-científica para a Prevenção e Resposta da COVID-19 é um órgão de consulta do Chefe do Estado e presta apoio na definição de medidas que visam a prevenção e combate à pandemia do coronavírus.

Parte das recomendações a serem produzidas hoje serão levadas amanhã para a sessão do Conselho de Ministros para eventual deliberação.

 

O País não testou nenhum caso positivo de coronavírus nas últimas 24 horas, mantendo os dados apresentados no domingo, pelo Ministério da Saúde. Ao todo, são 76 casos positivos da COVID-19, dos quais 68 de transmissão local, oito importados e nove recuperados.

No arranque da 6ª semana de coronavírus em Moçambique, não há novos casos positivos. Nas últimas 24 horas foram testados 44 suspeitos e todos revelaram-se negativos.

Os dados de Cabo Delgado não testados nas últimas 24 horas, esperando-se pelas testagem em massa, estão a ser feitos por uma delegação mista do Ministério da Saúde e do Instituto Nacional de Saúde:

O Instituto Nacional de Saúde explica que os testes doutras províncias são feitos mediante suspeitas e variabilidade de amostras.

Relativamente ao fabrico de máscaras caseiras, o Ministério da Saúde recomenda o uso de tecidos de algodão em três camadas.

Em termos numéricos, o país já testou 1688 suspeitos, sendo que 11.469 já foram submetidas a quarentena, dos quais 970 pessoas continuam em seguimento.

 

 

O governo sul-africano diz que vai fazer de tudo para conter a pandemia do Coronavírus. Para o efeito, pondera contrair empréstimos monetários dos credores internacionais.

Africa do Sul está em busca de 95 biliões de rands, equivalente a 4.99 biliões de dólares, dos credores multilaterais de modo a combater a pandemia da COVID-19, segundo o funcionário de Tesoureiro.

A economia mais avançada de África está em negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial, Novo Banco de Desenvolvimento de BRICS e o Banco de Desenvolvimento Africano para obter o financiamento do pacote de resgate de 500 biliões de dólares destinado a cobrir o impacto do novo coronavírus em empresas e famílias pobres.

O FMI garante que a África do Sul está legível para um empréstimo de 4.2 biliões de dólares em resposta a crise. O Ministro das Finanças, Tito Mboweni, disse na sexta-feira passada que o governo poderia negociar um valor entre 55 milhões e 60 milhões de dólares.

Dondo Mogajane, director-geral do Tesouro Nacional, disse numa entrevista com a televisão eNCA que África do Sul vai apostar no financiamento do FMI.

“O Banco Mundial disse que África do Sul pode aceder a um empréstimo de cerca de 50 milhões de dólares, o Novo Banco de Desenvolvimento já havia anunciado que tem biliões de dólares disponíveis para Africa do Sul”, disse Mogajane.

“Com todas estas intervenções, esperamos actualmente conseguir 95 biliões de rands vindo dessas instituições para combate à COVID-19”, disse.

Mogajane acrescentou que o governo tem de fazer tudo quanto necessário para assegurar a contenção do vírus, incluindo a revisão de projectos prioritários e fontes monetárias mais fáceis.

“Reitero a questão de fontes financeiras mais fáceis, pois as discussões actuais com os credores centram-se em taxas de juros”, disse Mogajane.

“O FMI promete 1% de taxa de juros, por isso, estamos mais propensos a apostar nele”.

Mboweni minimizou na sexta-feira as preocupações em alguns círculos partidários do governo e dentro do influente movimento sindical de que o dinheiro viria com condições árduas.

Um oficial do FMI disse a Reuters que os fundos de emergência disponíveis não incluem condições de programas estruturais de ajuste.

A economia sul-africana já estava em recessão, quando o vírus atingiu o país.

 

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