O País – A verdade como notícia

Depois da passagem do ciclone Idai, em Março do ano passado, o governo  decidiu apoiar, através do Instituto Nacional de Acção Social (INAS),  parte das vítimas, as mais carenciadas, em Sofala. Foram registados na altura cerca de 74 mil pessoas, em 10 dos 13 distritos de Sofala, para receberam subsídios mensais de dois mil e quinhentos meticais, por seis meses.

18 meses depois finalmente os valores foram disponibilizados e os subsídios começaram a ser pagos na passada terça-feira,  em duas tranches, de 50 por cento cada.  A primeira deveria terminar no fim deste mês e a segunda tranche seria paga em data a ser anunciada oportunamente pelo INAS.

Infelizmente, o processo não foi pacífico pois surgiram centenas de “oportunistas”, a exigirem pagamentos, segundo disse Abusdul Razak, delegado do INAS em Sofala, e  os  beneficiários não estão a respeitar o distanciamento social, e acotovelam-se a busca de espaço para receberem os subsídios e ficou decidido que o processo deveria ser interrompido.

“Já tínhamos chamado atenção para só acorrerem aos postos de pagamentos os beneficiários inscritos. Estando num contexto da pandemia, sobretudo num Estado de Emergência, apelamos as pessoas para não se fazerem presentes em massa nos postos de pagamento. Infelizmente não é o que aconteceu e temos estado a ver aglomerados. Este facto pode de certa forma proporcionar a transmissão comunitária massiva do novo coronavírus. Por esta razão suspendemos temporariamente o pagamento, enquanto estudamos internamente o melhor mecanismo de fazermos chegar o apoio a quem esta inscrito com segurança”.

A interrupção dos pagamentos não agradou aos beneficiários que decidiram pedir explicações ao governador de Sofala. Amotinaram-se defronte do edifício do governo mas no local um forte contingente policial impediu o avanço dos mesmos.

Entretanto no fim desta tarde de ontem o governador de Sofala recebeu, na sua residência oficial, os representantes dos manifestantes, para clarificar o processo de atribuição de subsídios.

Ele explicou aos mesmos que os valores estão sob responsabilidade do INAS e que todos os inscritos receberiam os mesmos. Para ele o mais importante neste momento é garantir o distanciamento social para evitar a propagação da pandemia.

Um total de 1.408 pessoas suspeitas de terem o Coronavírus foram testadas nas últimas 24 horas, em todo país. De acordo com o comunicado do Ministério da Saúde (MISAU), recebido pelo “O País”, dos novos casos suspeitos 1.326 foram negativos e 82 foram positivos, o que eleva o total em Moçambique para 3.332 casos.

Entretanto, por um lado subiram os casos positivos, mas por outro também elevaram-se os recuperados. Esta quarta-feira, o MISAU anunciou mais 118 casos totalmente recuperados, posicionando o cumulativo nos 1.927, o que equivale a 53.7% dos recuperados.

Neste momento o país tem 1.638 casos activos da COVID-19. A distribuição geográfica aponta que Niassa tem 8; Cabo Delgado 184; Nampula 210; Zambézia 2; Tete 12; Manica 31; Sofala 72; Inhambane 24; Gaza 8; Província de Maputo 149 e Cidade Maputo – 938. O número de óbitos continua 21 devido à doença, sendo quatro por outras causas.

 

O virologista português Pedro Simas entende que Moçambique tem condições para adoptar o desconfinamento, na sequência das restrições impostas com o Coronavírus. Para Simas, desde que as medidas de prevenção sejam continuamente respeitadas.

Pedro Simas, pesquisador em saúde e virologista português com créditos em diversas instituições de ensino e de saúde lusófonas, partilhou diversas leituras sobre a evolução do Coronavírus no mundo e, em particular, com uma óptica para o caso de Moçambique, no programa Noite Informativa da STV Notícias, edição de ontem.

Para o especialista, o que se diz em relação a vários países “terem atingido o pico”, abarca a “primeira vaga” e que, no seu entender, “foi muito bem controlada pela maioria dos países europeus, ao se aperceberem de que o vírus se transmitia por gotículas respiratórias”.

“O que nós fizemos foi a combinação das regras de distanciamento físico, o uso da máscara e a higiene das mãos, que controlaram muito bem essa primeira vaga. Mas eu queria realçar que estes picos não correspondem ao pico da pandemia como um todo, porque para a pandemia desaparecer é preciso que haja uma determinada percentagem de infecções que confere uma imunidade populacional. E nos vários países da Europa essa percentagem média anda a volta de 5 a 10%”, afirmou o virologista.

Simas referiu ainda que o facto de ter existido a “primeira vaga”, poderá haver uma segunda.

“A pandemia só fica paralisada quando atinge o equilíbrio de disseminação do vírus num contexto em que a maioria da população já é resistente à disseminação exponencial. A segunda vaga, terceira vaga, ou então a quarta depende do comportamento do ser humano”, explicou.

O virologista exemplificou a transição das diversas estações em que o vírus se comporta no organismo humano, ao referir que o microrganismo “precisa de hospedeiros”. Nesse sentido, o comportamento humano determina a sua evolução. Aqui, atitudes como o distanciamento físico, o uso de máscaras e outras medidas de prevenção são decisivas.

Por outro lado, um outro aspecto abordado pelo virologista diz respeito a idade ser considerada um grupo de risco. Para o especialista, esse pensamento torna-se anacrónico uma vez que o grupo de risco não tem a ver, directamente, com a idade. “Parece ter que ver porque a probabilidade de as pessoas mais velhas terem atingido várias doenças é maior, mas se uma pessoa jovem tiver apanhado também algumas dessas doenças é, também, grupo de risco”, elucidou.

 

A leitura sobre o contexto moçambicano

Questionado sobre Moçambique, no tocante aos baixos registos de mortes e internamentos pela doença, comparativamente aos demais países da região e do continente em geral, o virologista disse que o facto pode significar que o país tem muito pouca infecção. “Agora, porquê Moçambique tem pouca infecção não sei explicar”, afirmou, tendo sublinhado “não acreditar que seja porque os moçambicanos são geneticamente diferentes do resto do mundo”.

“É possível que Moçambique tenha uma camada muito grande em que os grupos de risco estejam bem protegidos e que não haja bastante vírus a circular, bem como não tenham sido identificados tantos casos de infecção, ou que não haja pessoas a ir ao hospital fazer testagem”, expôs o especialista em saúde.

Pedro Simas, que tem sido apologista a uma visão não globalmente pessimista quando se fala sobre o vírus, comentou, igualmente, sobre o vaticínio feito pela Organização Mundial da Saúde em relação à possibilidade da doença ser controlada nos próximos dois anos.

“Daqui a ano, se voltarmos a falar, acho que as coisas já estarão muitíssimo bem. Eu penso que, de forma gradual, os países vão construindo a diferentes ritmos uma imunidade de grupo por uma infecção natural, e também, o próprio facto de controlamos a situação com máscaras e distanciamento social, permite-nos desacelerarmos um pouco”, declarou, em perspectivas.

Polémico e divisório de opiniões sempre que debatido, Simas debruçou-se, por último, sobre o desconfinamento. Para o médico, “desde que Moçambique tenha atenção a estas regras (de prevenção) e boa capacidade de testagem”, o país pode buscar pela “nova normalidade” em desconfinamento. O virologista do Instituto de Medicina Molecular da Universidade de Lisboa, assinala que Moçambique, assim como qualquer outro país, “tem condições para desconfinar”.

O Costa do Sol realizou esta segunda-feira os testes da COVID-19 aos seus jogadores, equipa técnica e todo staff do plantel, o que fez com que esta terça-feira não estivessem a treinar.

A direcção “canarinha” diz que teve que testar o plantel para melhor controlar a saúde dos jogadores, mesmo não sendo uma obrigatoriedade do protocolo sanitário.

Os treinos no ninho do canário começaram há uma semana, no âmbito do relaxamento das medidas de prevenção, para permitir uma preparação condigna da equipa, tendo em conta a sua participação nas afrotaças, edição 2020/21, mas levados pelo slogan do Ministério da Saúde “o nosso maior valor é a vida”, a direcção decidiu por realizar testes da COVID-19 a todos jogadores, equipa técnica e pessoal de apoio, para melhor controlo da sua saúde.

Ou seja, para prevenir suposta propagação da COVID-19, a direcção canarinha quer saber se todos estão em condições de prosseguir com os trabalhos sem colocar em causa todo um clube e suas aspirações para a presente temporada.

A testagem aconteceu esta segunda-feira, medida que obrigou a interrupção dos treinos por quatro dias, até a saída dos resultados dos testes da COVID-19.

João Nhabanga, secretário-geral do Costa do Sol foi quem confirmou esta paragem, o que faz com que a equipe só regresse aos treinos na próxima quinta-feira.

Aliás, esta testagem não é um acto obrigatório que esteja plasmado no protocolo sanitário aprovado para retoma a actividade desportiva colectiva, mas Nhabanga diz que “como privilegiamos dos jogadores”, em primeiro lugar, “a direcção do clube achou melhor testar os atletas para que trabalhemos a vontade”.

Até porque esta testagem tem os seus custos de realização, algo que não entrou nas contas do campeão nacional, preocupado apenas com a saúde dos seus jogadores.

“Foi custo do clube”, disse o secretário-geral do Costa do Sol, para esclarecer ainda que os mesmos foram feitos na província de Maputo, mais concretamente no Hospital Provincial da Matola. “Nós podíamos ter feito a nível da cidade, mas o custo é caro para um teste. Só para ter uma ideia, na cidade de Maputo cada teste ronda os 3.500 (três mil e quinhentos meticais) a 5.000 (cinco mil meticais), então recorremos a província onde os custos são mais reduzidos”, mesmo sem especificar os valores e o orçamento desembolsado para esta operação.

Isolamento em caso de positivo

João Nhaganba falou ainda dos procedimentos a serem tomados em caso de teste positivo em qualquer membro do plantel “canarinho”. Diz que nada será inventado porque a roda, essa, já foi inventada. “Faremos o mesmo que o Ministério da Saúde recomenda: que é fechar, isolar, testar de novo, até termos certeza de que a situação está controlada”, sem no entanto paralisar as actividades. Ou seja, nessa altura vão continuar a treinar os que acusarem negativo para o novo coronavírus.

Balanço dos treinos da primeira semana é positivo
Num outra abordagem, o dirigente canarinho fez uma radiografia da primeira semana de treinos dos “canarinhos”, que contou com a presença de 21 jogadores, divididos em três turnos de sete jogadores cada. Para o secretário-geral, o balanço dos trabalhos é positivo.

“Deu para perceber a vontade e a satisfação no semblante dos atletas e de toda equipa de trabalho, porque, mais do que voltarem a treinar, voltaram a fazer aquilo que mais gostam, que é jogar futebol”, disse João Nhabanga.

O Costa do Sol aguarda pela chegada do treinador principal, Horácio Gonçalves, bem como de dois jogadores tanzanianos, que deverão se juntar ao conjunto até início de Setembro próximo, estando neste momento o processo burocrático para que os mesmos entrem ao país sem problemas.

Para já quem está de regresso é o Director Desportivo da colectividade, Artur Faria, que esteve de férias em Portugal. Este vai cumprir todos procedimentos das medidas de prevenção e propagação da COVID-19, à sua chegada, nomeadamente a realização de um teste, a quarentena e só depois vai se juntar ao grupo de trabalho.

A Itália iniciou, esta semana, os testes clínicos da sua vacina contra o novo Coronavírus em humanos. O primeiro ensaio nesse sentido foi realizado em 90 participantes no hospital Spallanzani de Roma.

A Itália continua a lutar contra o aumento de casos do novo Coronavírus, de acordo com a CCTV, que acrescenta que durante as testagens, os pacientes serão observados por quatro horas antes de regressarem à Casa.

Despois desse processo, igualmente estarão sob observação médica por 12 semanas, após as quais os médicos farão a verificação dos possíveis efeitos colaterais e da produção de anticorpos viáveis, no âmbito dos para combater a COVID-19.

A vacina é financiada pela região italiana de Lazio e co-desenvolvida pelo Ministério da Saúde, o Ministério da Pesquisa Científica e Educação e a empresa italiana de biotecnologia ReiThera.

Uma figura sénior encarregada do programa com o Instituto Nacional de Doenças Infecciosas disse, segundo a CCTV, que a vacina deverá ser colocada em produção na próxima primavera caso os testes tenham sucesso.

No calor da disputa internacional para encontrar uma vacina contra a COVID-19, a Rússia revelou sua vacina ‘Sputnik V” a 11 de Agosto, reivindicando um avanço na corrida global.

Os deputados da Comissão dos Assuntos Sociais, do Género Tecnologias e Comunicação Social (CASGTCS) manifestaram-se preocupados com a fraca observâncias de medidas de prevenção contra a COVID-19 na cidade Lichinga, província de Niassa, sobretudo o uso das máscaras e a higienização das mãos nos mercados e em outros locais de elevada aglomeração populacional.

A posição foi manifestada ontem durante um encontro que deputados daquela comissão mantiveram, separadamente, com o Conselho Executivo Provincial e o Conselho dos Serviços Provinciais de Representação do Estado em Niassa.

“É incompreensível que haja moçambicanos que ainda não acreditam na existência da doença no país e se comportam de uma forma irresponsável”, desabafou a 3ª Comissão, Lúcia Mafuiane.

Segundo constatou, na cidade de Lichinga é notório, nos mercados, pessoas sem máscaras ou com mau uso destas, ou sem qualquer distanciamento social.

Cerca de uma semana depois do retorno as aulas, começam a se registar em Inhambane, os primeiros casos de estudantes infectados pelo coronavírus.
São ao todo 12 estudantes dos quais 9 estão em estágio no distrito de Vilankulo.

Os referidos estudantes de Vilankuko são na verdade do Instituto Politécnico de Maputo que deviam fazer o estágio profissional na Cidade de Vilankulo. Os estudantes são assintomáticos, mas como medida de prevenção foram submetidos ao teste de COVID-19 e no último domingo veio a confirmação de que estes estavam infectados.

Os estudantes tiveram de suspender o estágio profissional e a referida escola foi comunicada, para avançar com a testagem de todos estudantes.

Segundo Sônia Mahesso, da Direcção Provincial de Saúde em Inhambane, a província já não está a receber estudantes para o estágio, sem que estes tenham passado pelo teste de coronavírus.

Outros 3 são do distrito de Homoine, entretanto, estes não tem nenhuma relação com o retorno as aulas. Sónia Mahesso explicou ao “O Pais” que os estudantes de Homoine foram detectados na vigilância activa no Centro de Saúde daquele distrito.

Durante o processo de levantamento de contactos para o rastreio, apurou-se que os referidos estudantes estavam numa cerimónia fúnebre, sendo quase certo que foi lá em que os estudantes contraíram o coronavírus.

O sector de saúde diz que está a monitorar a situação em cada escola para evitar que estas se transformem em focos de contaminação da COVID-19.

O balanço dos primeiros seis meses de 2020 mostram contas “no vermelho” a empresa Aeroportos de Moçambique, devidas as restrições impostas pela pandemia da COVID-19 no sector da aviação civil.

São 22 milhões de dólares norte-americanos em prejuízos. O ministro dos Transportes e Comunicações, Janfar Abdulai, avançou que o Governo já acelera para a retoma gradual deste sector vital para o turismo.

“O impacto é demasiado devastador, uma vez ditou o cancelamento de todos voos comerciais internacionais, redução para menos da metade dos voos domésticos, encerramento dos serviços de restauração e redução dos serviços nas lojas de conveniência nos aeroportos e aeródromos nacionais”, apontou Janfar Abdulai.

Das contas negativas de 2020, o ministro dos Transportes e Comunicações destacou o desempenho do exercício do ano passado.

Concretamente, o negócio da aviação em Moçambique fechou em alta em 2019, o movimento de tráfego de passageiros foi de cerca de 2.2 milhoes, mais 13.7% que em 2018. A carga manuseada também cresceu no período em análise (20%).

Dos 1.868 casos activos do novo Coronavírus no país, quase metade estão concentrados na cidade de Maputo. Ou seja, com 893 activos, num total de 1.095 infectados, supera todas as províncias do centro e norte, incluindo Gaza e Inhambane, no sul.

Dito de outra forma, a cidade de Maputo – em transmissão comunitária há duas semanas – tem 47.8 por cento, de todos os casos activos em Moçambique.

Em trinta dias [de 23 de Julho a 23 de Agosto] a capital do país passou de 183 para 893 infecções activas, um aumento de 710 casos activos.

A ritmo lento cresce o número de pessoas que recuperam da COVID-19. Se há um mês a cidade tinha 69 recuperados, até este domingo registava 196, um aumento de apenas 127.

O crescimento de pessoas com COVID-19 torna maior a probabilidade de ocorrência de mortes. Só para se ter ideia, a cidade de Maputo é agora o ponto com maior número de óbitos. Possui oito dos 20 já registados no país.

Os casos positivos também registaram um rápido crescimento na capital moçambicana. De 23 de Julho a 23 de Agosto as pessoas com Coronavírus passaram de 263 para 1.095.

Só este domingo, 39 dos 91 novos casos anunciados pelo Ministério da Saúde, estão em Maputo. Os novos casos resultam da vigilância nas unidades sanitárias e do rastreio de contactos.

A província de Inhambane registou 31 casos, nove na província de Maputo e sete em Sofala.

Deste modo, o país tem cumulativamente 3.395 casos positivos registados, dos quais 3.148 casos são de transmissão local e 247casos importados.

Ainda segundo o Ministério da Saúde, Moçambique registou mais 29 pessoas “totalmente recuperadas da COVID-19”, sendo 26 na província de Maputo e dois na Zambézia e um em Inhambane. Todas são nacionalidade moçambicana. Assim o cumulativo é de 1.503 (44.3%).

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