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COVID-19 continua à solta mas munícipes ignoram prevenção na cidade de Maputo

Há cada vez mais cidadãos que não usam máscaras de protecção contra a COVID-19 e outros que usam erradamente na cidade e província de Maputo. O distanciamento social também não é observado.

Das mais de 21.361 infecções registadas em Moçambique, desde Março passado, a cidade e província de Maputo são os epicentros da doença, com mais de 14.500. Em 10 meses de luta contra o vírus, cuja vacina não existe no país, mais de 180 pessoas morrem, das quais pelo menos 150 em Maputo.

Se a situação está assim em Moçambique, a África do Sul e a Europa vivem um caos. As infecções disparam diariamente em meio uma segunda vaga da pandemia.

O susto e pânico que houve quando se anunciou o primeiro paciente infectado no país, a 22 de Março, parece que já passou.

Em Abril passado, o Governo introduziu a obrigatoriedade do uso de máscaras nos transportes e em aglomerações de pessoas, medida que visa evitar a propagação do novo Coronavírus no país. Contudo, nove meses depois do anúncio da norma, estabelecida por decreto presidencial, os resultados continuam longe do desejado. A metrópole, principalmente, é onde as infecções e mortes pela COVID-19 multiplicam-se a olhos vistos.

Por conta do perigo que a pandemia representa, a Polícia da República de Moçambique (PRM), por sua vez, leva a cabo várias campanhas de sensibilização em Maputo. Porém, apesar desse trabalho – pouco visível na via pública – em diferentes artérias da capital moçambicana o que dá nas vistas é o contrário do que as autoridades se saúde recomendam.

Num dos passeios da baixa da cidade capital, “O País” interpelou um vendedor de recargas para telemóveis, sentado defronte de uma loja com a máscara colocada ao pescoço. Segundo ele, usar bem ou mal a máscara, não faz diferença alegadamente porque o destino tomará conta da sua vida.

O porta-voz do Comando da PRM na cidade de Maputo, Lionel Muchina, confirma haver um acentuado relaxamento no uso da máscara e as campanhas de sensibilização em curso visam mudar o cenário. As pessoas só usam a máscara quando se apercebem da presença da Polícia.

Especialistas garante que a máscara é uma barreira contra o novo Coronavírus e deve ser usada por todos os indivíduos com idade superior a 12 anos.

O infecciologista Tomás Zimba explicou que a máscara protege da infecção pela COVID-19 quando usada correctamente e esta é igualmente uma forma de proteger a comunidade, porque uma pessoa com o vírus não vai transmitir às outras.

O relaxamento no uso da máscara contra a COVID-19 pode trazer consequências à saúde, principalmente numa altura em que alguns países enfrentam uma segunda vaga e nova variante da pandemia, como é o caso da Africa do Sul.

“A nova variante é uma preocupação”, na medida em que “se transmite facilmente” de uma pessoa para outra. “Então, as medidas preventivas, nomeadamente o uso da máscara ou viseira, o distanciamento físico entre as pessoas e medidas de higiene permitiriam que caso haja uma variante” em Moçambique, por causa da “nossa relação muito próxima com a África do Sul” não exista maior propagação, de acordo com Sérgio Chicumbe, director de inquéritos Instituto Nacional de Saúde (INS).

O incumprimento da norma que determina o uso da máscara no país dá direito a penalizações, entre elas multa equivalente a cinco salários mínimos.

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