Há famílias que celebraram a Páscoa sem o habitual almoço devido às restrições impostas pela COVID-19, na cidade de Maputo.
Jesus Cristo ressuscitava e a sua ressurreição fortificavam os laços familiares através do habitual almoço de família no dia da páscoa. Era um cenário que lembrava o Natal. Numa casa, convergiam várias pessoas prevenientes de outros pontos. Hábitos que este ano foram quebrados devido à pandemia do novo Coronavírus.
Na cidade de Maputo, as ruas estão movimentadas. Há muita gente na rua e pouca em casa a celebrar a Páscoa. Carolina Luís Massingue vive no bairro de Chamanculo e é mãe de cinco filhos. Professa a religião “zione” e este ano não teve o almoço de páscoa. Sentou-se na cadeira e atenta à sua banca, fonte de sustento, com a mente nas panelas vazias…uma celebração da Páscoa diferente e para esquecer.
“Como é que vamos cozinhar, se não vamos a sítio algum por causa do Coronavírus. Estamos confinados. Não estamos a ter sucesso no negócio porque não há empregos. Como é que a pessoa vai comprar se, na sua maioria, perdeu emprego. Estamos em casa e os produtos apodrecem nas bancas”, lamentou Carolina Massingue, moradora do bairro Chamanculo, na capital moçambicana.
Agora estão confinados devido à COVID-19 que consigo levou os velhos hábitos e, por estes dias, só restam mesmo recordações dos velhos tempos.
“No dia da Páscoa preparava-lhes um frango porque o consumo da carne já estava liberado, mas antes da ressurreição de Jesus Cristo, na minha casa não se consumia pão e muito menos carne, mas hoje estamos aqui sentados, a comer “piripiri” com as crianças porque não há condições para me alegrar com a ressurreição de Jesus Cristo”, lembrou Carolina Massingue.
Avó Melinha, como carinhosamente é chamada, sentou-se em frente à sua casa e, nos risos, joga a conversa fora na companhia da sua vizinha, até porque é a única coisa que pode fazer numa páscoa celebrada no contexto da COVID-19.
“Se não fosse o Coronavírus, nesta Páscoa estariam aqui os filhos dos meus irmãos que vivem na Matola e dos meus tios. Estaríamos numa grande celebração da Páscoa. Com o Coronavírus não há dinheiro. Eles, também, estão com receio de vir para aqui”, contou Amélia Francisco, idosa residente de Chamanculo.
Não há habitual celebração da Páscoa na casa desta idosa de 68 anos, mas também nas panelas não há muito para uma comemoração à altura dos tempos idos. “Não cozinhei nada. O que iremos cozinhar? Ontem cozinhei arroz refogado de cebola. É o que hoje voltarei a comer”, disse num tom de frustração.
E foi o novo Coronavírus que levou a pouca ajuda que Fátima Zucula costumava ter nos dias de Páscoa, daí que este ano, a celebração da ressurreição de Cristo teve um sabor diferente.
“Davam-me alguma coisa para celebrar o dia, mas por causa do Coronavírus já não está a dar porque eles, também, não têm nada. Para a páscoa, tenho folhas de feijão-nhemba e arroz”, queixou-se Fátima Zucula, também, residente do histórico bairro de Chamanculo, na cidade de Maputo.
Para os residentes de Maputo, com ou sem o almoço no dia da Páscoa, o importante é que Jesus Cristo tenha ressuscitado no coração de cada cristão.