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Continua parado projecto ferro-portuário Chitima–Macuse

O projecto ferro-portuário Chitima–Macuse, avaliado em mais de 2,7 mil milhões de dólares, continua parado e sem pernas para andar. Sucede que o grupo tailandês, um dos dois sócios maioritários da Thai Moçambique Logística, a concessionária, já não está interessado em continuar com o projecto. Agora quem quer financiar a iniciativa é o grupo indiano. As partes estão em negociações há dois anos.

Trata-se de um projecto que devia ter arrancado no primeiro trimestre de 2016. A iniciativa visa escoar o carvão mineral da zona carbonífera da província de Tete até ao Porto de Águas Profundas de Macuse, na província da Zambézia.

Em Julho de 2016, a Thai Moçambique Logística, concessionária do projecto, avançou, numa consulta pública em Quelimane, que a construção da linha férrea iniciaria no primeiro trimestre  daquele ano, todavia falhou o arranque.

Abdul Carimo, um dos membros da Codiza (Corredor de Desenvolvimento Integrado da Zambézia), um dos accionistas no projecto que várias vezes representou a Thai Moçambique logística em 2016 aquando da consulta pública, diz que está a acompanhar o processo nos seguintes termos.

“Estou a acompanhar o processo e posso dizer que, neste momento, existe, já há dois anos, uma carta de negociação entre o grupo indiano e o grupo tailandês, sócios maioritários da Thai Moçambique Logística. Mas os tailandeses já não querem continuar com o projecto e nós temos esta convicção; os indianos estão interessados não só no porto, como também no corredor todo, porque eles são os principais interessados no carvão de Tete. O problema está nos valores a discutir, quanto é que os indianos podem pagar aos tailandeses”, disse Abdul Carimo, um dos membros da Codiza.

As obras de construção da linha férrea têm cerca de 500 quilómetros de extensão e ligam Moatize, em Tete, ao Porto de Águas Profundas, na Zambézia.

Carimo fez saber que o que foi acordado é que se deve fazer uma auditoria para se apurar o valor justo a pagar-se ao grupo indiano. “O processo de financiamento ainda está em negociações e nada está fechado relativamente a todo o corredor Chitima–Macuse”, precisou.

Relativamente ao Porto de Águas Profundas de Macuse, Abdul Carimo diz que o projecto vai andar, mas é importante realçar que o porto não sobrevive se não tiver cargas.

“É ilusão pensar que eu posso ter 400 milhões de dólares para investir no porto se eu não tiver cargas para aquele porto, do contrário vai à falência e, por isso, é importante conjugar estas duas questões.”

Até 2016, o que se sabia é que duas empresas, uma portuguesa e outra chinesa, já tinham sido seleccionadas, através de um concurso internacional, para adjudicação das obras que durariam três anos, mas, até aqui, nada avançou no terreno.

Naquele ano, as indicações apontavam para a morosidade do arranque das obras, o facto de haver alterações no contrato acordado entre o Ministério dos Transportes e Comunicações junto da Thai Moçambique Logística.

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