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Confissões religiosas devem se unir para acabar com actos como terrorismo

A Ministra da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos defende maior envolvimento das confissões religiosas para pôr fim a actos que minam a paz em nome da religião. Helena Kida falava, na manhã de hoje, durante a abertura do seminário sobre o Dia Mundial da Religião e da Fraternidade.

Este seminário acontece numa altura em que o país já soma 30 anos depois da assinatura dos Acordos de Paz, no entanto, ainda persistem conflitos entre congregações religiosas, que por possuírem crenças e doutrinas divergentes não vêm espaço para partilharem território.

Resultado dessas acções é a intolerância e discriminação religiosa, que, em alguns casos, culminam em actos criminosos, em nome da religião.

“O dia de hoje visa a promoção da tolerância e do diálogo entre povos de diferentes religiões e culturas, a destacar o contributo de cada um para a humanidade”, disse Helena Kida, Ministra da Justiça, Assunto Constitucionais e Religiosos.

A governante acrescentou ainda que “desde tempos remotos que as convicções religiosas foram sempre motivo para gerar conflitos. Tais conflitos, gerados por pretextos religiosos são hoje os grandes problemas e desafios das sociedades modernas”.

Segundo a Governante, com o aumento das tensões políticas e das crises económicas mundiais, os conflitos religiosos tornaram-se ainda mais efervescentes, ameaçando inclusive a sobrevivência da humanidade, isto porque são conflitos cuja complexidade não se resume apenas em tolerância religiosa, mas também a questões políticas, económicas e raciais.

O seminário sobre o dia mundial da religião e da fraternidade, que reuniu líderes religiosos e crentes cristãos, islâmicos, indús e Bahais, para dizer basta aos crimes cometidos em nome de Deus.

Um representante da Comunidade Santo Egídio disse que há muito que se apela ao envolvimento da igreja, para uma oração geral em prol da paz mundial. Este seminário é uma das formas de as religiões pensarem numa mesma agenda, promover a paz e a salvação de almas.

“O mundo está sedento por palavras verdadeiras que iluminem o futuro tão incerto. Este é um momento grave, no qual não se deve permanecer calados. Temos que dar voz ao tantos empobrecidos pela pandemia, aos descolados pelo terrorismo em Cabo Delgado e Niassa”.

Apesar de ainda haver situações de intolerância e discriminação religiosa, o conselho cristão de Moçambique considera haver melhorias na matéria.

Felicidade Chirinda, Presidente do Conselho Cristão de Moçambique, assume haver desafios, principalmente por não ser tarefa fácil unir religiões que por anos foram avessas, mas, diz ela “só o facto de reunirmos nesta sala líderes de várias confissões religiosas, que antes sequer se conheciam, para partilhar ideia, participar em eventos religiosos, já é um bom passo, por isso queremos aumentar esta nossa interacção, pois o terrorismo veio demonstrar que ainda estamos longe dos desiguais de Deus. Porque ele quer que sejamos unidos”.

Por seu turno, Jorge Ferrão defende que mais do que colocar diferentes religiões a debater, é preciso haver políticas mais severas contra acções que minam a paz.

“Não creio que o problema esteja assente no diálogo. A questão é muito mais profunda. Acho que falhamos nas pontes que estabelecemos nos pressupostos de sermos um estado democrático, mas com problemas políticos de base por resolver”, explicou o Reitor da Universidade Pedagógica de Maputo.

O dia mundial da religião celebra-se a 21 de Janeiro e o dia Internacional da Fraternidade Humana é celebrado a cada 4 de Fevereiro e este ano tem como lema “Fraternidade humana, uma causa internacional e uma responsabilidade Global”.

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