O Ministério da Saúde lançou, semana passada, dia 08, o Inquérito de Indicadores de Imunização, Malária e HIV/Sida (IMASIDA2015), através do qual se ficou a saber que a prevalência do HIV/Sida no país aumentou de 11.5, em 2009, para 13.2%, em 2015.
De acordo com o inquérito, o índice de infecção é maior nas zonas urbanas, 16,8%, enquanto nas zonas rurais atinge os 11%. Gaza é a província com maior prevalência, 24.4%, e Tete com a menor, 5.2%.
Aquando da apresentação do IMASIDA, Francisco Mbofana, director nacional de Saúde Pública e um dos principais investigadores do estudo, disse que embora se tivessem registado aumentos, os números não eram estatisticamente significativos, apontando o acesso ao tratamento como um dos factores (há mais pessoas a viver com o vírus, graças ao tratamento anti-retroviral).
Outro factor importante e interessante que aconteceu de 2009 a esta parte é que mais pessoas estão a fazer o teste de HIV/Sida. A percentagem de pessoas que não tinham sido testadas caiu de 61%, em 2009, para 32% em 2015.
Quanto à prevalência por estado civil, os casais moçambicanos, na maioria dos casos, são ambos HIV negativos. A prevalência é elevada nos divorciados, separados ou viúvos, com 28.6% nos homens e 27.8 nas mulheres.
Um aspecto também a destacar é que o nível de escolaridade não influencia a incidência de mais casos. A diferença dos índices de infecção em pessoas com alguma instrução e as sem nenhuma escolaridade não é significativa.
Analisando os índices de HIV por idade, observa-se que a prevalência é maior na faixa etária dos 35 a 39 anos.
As testagens para o HIV/Sida foram feitas com base em características sociodemográficas seleccionadas, dentre as quais a religião. Neste aspecto, as pessoas da religião Evangélica/Pentecostal registaram maior índice, 23.2%; seguindo-se Zione, com 20.5; Protestante, 18.3; Anglicana, 16.3; Católica, 12.7; Islâmica com 9.5; outras com 10.1%. O índice de pessoas que não apontaram qualquer religião é de 14.5%.
Mais pessoas testadas de 2009 a 2015
O Inquérito de Indicadores de Imunização, Malária e HIV/Sida (IMASIDA2015) indica que há mais pessoas a fazer testes de HIV no país. A percentagem de homens e mulheres seropositivos que nunca foram testados antes deste inquérito ou que foram testados e não obtiveram os resultados diminuiu de 61%, em 2009, para 32%, em 2015.
Relativamente à prevalência por área de residência, a percentagem de mulheres e homens testados foi maior nas zonas urbanas, comparativamente às rurais, com os dados a indicarem 88%, contra 69%, respectivamente.
No geral, do total de homens e mulheres dos 15 a 49 anos inquiridos, 78% foram entrevistados e testados para o HIV/Sida. As mulheres foram as que mostraram maior aceitabilidade, 83%, quando nos homens a percentagem é de 72%.
Há mais mulheres com SIDA que homens
De acordo com o IMASIDA, 13.2% de homens e mulheres de idades entre 15 e 49 anos são HIV positivos. Deste universo, a percentagem das mulheres é de 15.4% e a dos homens é 10.1%.
Tanto nos homens como nas mulheres, a prevalência é maior no espaço urbano, com 20.5 para as mulheres e 12.3% para os homens. Na área rural, a prevalência é de 12.6% nas mulheres e 8.6% nos homens.
Em todas as províncias, a prevalência do HIV é maior nas mulheres, com excepção de Nampula. De 2009 a 2015, a prevalência em ambos os sexos aumentou de 15.9% para 16.8% nas áreas urbanas e de 9.2% para 11.0% nas áreas rurais.
Nos jovens de 15 a 24 anos, 6.9% estão infectados pelo vírus HIV/Sida, sendo que a seroprevalência é também maior nas mulheres, 9.8%, contra 3.2% nos homens. Porém, importa ressalvar que foram testadas mais mulheres que homens.
Prevalência de HIV/Sida entre casais
Quanto ao estado civil das pessoas com HIV/Sida no país, a prevalência é maior nos jovens divorciados, separados ou viúvos, correspondendo a 16.6%. Já nos jovens que nunca casaram e que nunca tiveram relações sexuais a prevalência é de 1.5. O relatório indica que nas mulheres, 18.1% das divorciadas e 13% das não casadas mas sexualmente activas são HIV positivas.
Em relação a prevalência do HIV entre casais, as amostras do inquérito indicam que a maioria dos casais, 83.3%, são concordantes seronegativos (ambos HIV negativos). A percentagem de ambos cônjuges HIV positivos corresponde a 7.1.
Quanto aos casos em que o homem é HIV positivo e mulher negativo a percentagem é mesma que no sentido contrário, seja, mulher HIV positivo e homem negativo, 4.8%. A percentagem dos casais em que um dos cônjuges é HIV positivo mantém-se estável desde 2009.
A percentagem dos casais seronegativos registou uma redução de 2009 a 2015, tendo caído de 84.9 para 83.3%. Quanto às áreas de residência, a percentagem em que um dos cônjuges está infectado é de 13.4 para as zonas urbanas e 8.1% nas rurais.
Nível de escolaridade não influencia prevalência de HIV
Neste ponto, os dados não indicam grande diferença entre homens e mulheres. Nos homens, à medida que o nível de escolaridade aumenta, regista-se uma ligeira diminuição. A prevalência é de 10.8% nos homens sem nenhuma escolaridade e 9.2% nos homens com ensino secundário ou superior. Já nas mulheres, 16.1% com nível primário são HIV positivos, contra 13.8% para as sem nenhuma escolaridade.
Comparando os dados do INSIDA de 2015 aos de 2009, a prevalência do HIV/Sida aumentou mais em homens e mulheres sem escolaridade, passando de 7.2% para 10.8% nos homens e de 9.8% para 13.8% nas mulheres.
Prevalência por idade
A prevalência de HIV atinge o pico na faixa etária dos 35 a 39 anos, tanto nos homens como nas mulheres. Nesta faixa, 17.5% de homens e 23.4% de mulheres são HIV positivos. Entre os jovens de 15 a 24 anos, a prevalência é de 6.9%, correspondentes a 9.8% nas mulheres e 3.2% nos homens. Neste intervalo de idades, registou-se um ligeiro decréscimo, de 2009 a esta parte, de 7.9% para 6.9%.
Feita, igualmente, a comparação com 2009, verifica-se uma mudança do pico da faixa, dos 25 a 29 anos para 35 a 39, nomeadamente, de 17.5% para 23.4%.