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Comandante dos Reservistas das FADM diz que actual modelo de recrutamento não funciona

 Para David Munongoro, o sistema de recrutamento vigente não prepara o militar para a guerra. O dirigente avança que muitos recrutas são filhos de militares que não estão dispostos a ver seus familiares a lutarem em Cabo Delgado.

É um assunto que já vem sendo debatido em voz baixa no seio da sociedade e das Forças de Defesa e Segurança. A existência de nepotismo na selecção de candidatos está a causar problemas no combate aos terroristas em Cabo Delgado.

“Temos que adoptar uma política de recrutar para fazer a guerra. O que acontece hoje é que recrutamos para que as pessoas tenham emprego. Recruto o meu filho porque não consigo educá-lo, mando-lhe para a tropa ou para a Polícia, mas, quando oiço que ele foi destacado para Cabo Delgado, faço de tudo para o tirar da lista. Imaginemos que todos nós fizéssemos isso, quem irá a Cabo Delgado? questionou David Munongoro, comandante do Comando de Reservistas das Forças Armadas de Defesa de Moçambique.

Munongoro, que já foi director da Polícia Judiciária Militar por 12 anos, lança maior responsabilidade ao Estado para a motivação das tropas.

“Tem que haver respeito e bom tratamento em relação ao militar. Haver qualidade de alimentação, qualidade no equipamento, boa remuneração. Quando falo da remuneração, não falo apenas do salário, mas também do seguro de vida. Em caso de morte, este deve ter a certeza de que a sua família será cuidada”, defendeu.

David Munongoro foi também vice-comandante do Instituto Superior de Estudos de Defesa Tenente-General Armando Emílio Guebuza.

 

LULUVA CONSIDERA CURRÍCULOS DE FORMAÇÃO MILITAR DESACTUALIZADOS

Os currículos das instituições de formação militar em Moçambique estão desactualizadas. O director dos Serviços Sociais das Forças Armadas, Samuel Luluva, diz que é precisa uma reforma urgente para melhor entender e combater o terrorismo.

“O desempenho das tropas no combate depende essencialmente das circunstâncias concretas no campo de batalha e de um conjunto de factores de natureza técnica e táctica. As acções dos terroristas desenrolam em cenários diferentes que não se encaixam com os currículos formais das nossas instituições de ensino militar hoje. Os currículos não são estáticos. Eles são actualizados em função do contexto actual”, disse.

Face a essa realidade, aconselhou que “precisamos de reorientar os currículos, em função dos desafios que se apresentam na actualidade. E o desafio que temos hoje é o terrorismo. Então, em função dos seus modus operandi, precisamos de garantir formação adequada aos nossos instruendos”, enfatizou Luluva.

O brigadeiro Abel Zicai, que foi chefe do Comando Conjunto em Macomia e viveu de perto o terrorismo, explicou os perigos da falta de actualização do ensino.

“Dou o exemplo de uma posição nossa que foi atacada em Macomia. Fomos para o local do ataque, encontrámos um soldado esquartejado e colocado numa panela. O soldado e o oficial viram aquela situação. O trabalho psicológico deve ser feito desde a base em Munguine. Os instruendos devem ser explicados sobre o comportamento dos terroristas. Esse processo deve ser contínuo e acompanhado pela educação cívico-patriótica. Esses são factos reais. Considero que não há adjectivos, em português, para descrever aqueles indivíduos. Eles fazem coisas irracionais”, lamentou.

Os intervenientes lamentaram, ainda, que o

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