A Comissão Nacional de Eleições (CNE) fez um balanço provisório positivo do processo eleitoral que aconteceu esta quarta-feira em todo país e na diáspora, apesar de confirmar detenções por irregularidades eleitorais, sem adiantar números. Ademais, a CNE diz que o caso do PODEMOS é normal, num processo em que nem todos os partidos concorreram às legislativas.
Foi no princípio da tarde, quando o processo ainda decorria, que a Comissão Nacional de Eleições fez um balanço provisório do processo eleitoral no país e na diáspora. Na ocasião, Paulo Cuinica, porta-voz da CNE, referiu que o processo estava a decorrer sem sobressaltos.
“De maneira geral, avaliamos de forma positiva a abertura das mesas e que o processo decorreu de forma ordeira (pelo menos na primeira metade do período de votação)”, afirmou o porta-voz da CNE, Paulo Cuinica, durante uma conferência de imprensa de balanço provisório sobre o processo.
O porta-voz abordou, ainda, queixas das candidaturas relacionadas com mudanças de ordem nos boletins de voto, como é o caso do PODEMOS, que em alguns boletins estava na posição 17, e noutros, na posição 16, enquanto na diáspora nem fazia parte do boletim.
Cuinica esclareceu que “nem todos os partidos estão a concorrer em todos os círculos eleitorais, seja a nível nacional ou no estrangeiro”, razão pela qual não surgem, no boletim, no mesmo lugar sorteado.
O porta-voz também reagiu em relação aos acessos dos delegados e mandatários dos partidos políticos nas assembleias de votação, um pouco por todo o país.
Estes esclarecimentos foram dados após os pronunciamentos de Venâncio Mondlane, candidato do PODEMOS, que denunciou vários ilícitos eleitorais, que, no seu entender, consubstanciam a preparação da fraude. Uma das inquietações tem a ver com a alteração da posição do partido PODEMOS em alguns boletins de voto.
“Para a candidatura à Assembleia da República, dos 11 círculos eleitorais, em 10, a posição do partido PODEMOS difere daquilo que foi publicado no sorteio que foi feito. Na altura, a posição era 17, mas agora, em 10 círculos eleitorais, o PODEMOS aparece na posição 16”, denunciou.
Queixou-se, ainda, da rejeição de autorização de 300 novas credenciais por parte da presidente da comissão eleitoral da cidade. O facto é que o mandatário do partido PODEMOS foi agredido e arrancaram-lhe credenciais no distrito municipal KaMubukwana, na Cidade de Maputo, acto que foi confirmado pela polícia, que passou um auto.
O que mais indigna Venâncio Mondlane é o facto de que a referida presidente, Ana Chemane, que rejeitou a emissão das novas credenciais, ser a mesma que validou os resultados das eleições autárquicas no meio de discórdias.
“Ela validou resultados falsos, que foram provados, pelo menos no Tribunal Judicial Kampfumo, Nlhamankulu e KaMavota. Os editais eram falsos e foi provado em tribunal. Entretanto, esta mesma senhora é a presidente que se mantém intacta, e não houve nenhuma consequência e, nestas eleições, volta a sua cruzada contra a oposição”, afirmou o candidato.
Com isso, Mondlane suspeita que foi montado um esquema perfeito para operacionalizar uma fraude.
Mais Integridade diz que caso do PODEMOS é regular
O Consórcio Eleitoral “Mais Integridade”, que esteve a observar as eleições gerais, com 1900 observadores distribuídos por mais de 1500 locais de votação nos 161 distritos do país, considerou, em comunicado, que 90% das cerca de mil mesas por si observadas iniciaram a votação a horas. Nas restantes, o atraso deveu-se à falta de material de votação.
Para este consórcio, a afluência às urnas no arranque do processo de votação era muito alta, “com uma média de 150 a 200 pessoas por fila em cerca de 95% das mesas observadas”, disse, realçando o facto de os observadores e delegados de candidatura terem sido autorizados a observar o processo desde o seu arranque.
“Observadores do Mais Integridade foram arbitrária e abusivamente impedidos de observar a abertura numa escola de Chicuque, distrito da Maxixe, Inhambane, sem nenhum motivo apresentado pelo presidente da respectiva mesa”, lê-se no comunicado.
Por outro lado, em relação às reclamações do PODEMOS quanto à disparidade na sua posição nos boletins de voto, o Consórcio explica que “notou, logo de manhã, alguma agitação em alguns locais de votação por causa do facto de o partido PODEMOS não ter sempre a mesma posição no boletim de voto”.
Entretanto, esclarece que “esta é uma situação perfeitamente regular decorrente do facto de que nem todos os partidos concorrem em todas as províncias, e isto não afeta apenas o PODEMOS, como também pode afectar todos os outros concorrentes abaixo da posição 4 na ordenação geral”.
A votação em Moçambique aconteceu num único dia em todo país e na diáspora.