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Cidade de Nampula “mergulhada” no lixo

Todas as máquinas de recolha de lixo na cidade de Nampula estão paradas. Fala-se, nos corredores, de falta de combustível. Paulo Vahanle, edil, está suspenso do exercício do cargo por quatro meses por decisão judicial, a pedido do Ministério Público.

É uma das zonas mais valorizadas. A Praça da Liberdade tem, no centro, a imponente estátua de bronze de Samora Machel. Da praça em direcção à Academia Militar Samora Machel, estende-se uma faixa ladeada de lojas e tem também um importante supermercado. Mas não é tudo isso que se destaca, mas sim o lixo que transbordou do contentor que existia no passeio, cujo muro que faz a barreira é do Hospital Central de Nampula.

Rajabo Cardoso segue com o seu amigo despreocupado. Mas, quando chega ao passeio em referência, cede à presença do lixo e disputa a estrada com os carros e motorizadas que fazem um movimento frenético. “Quando vemos esta situação, não entendemos qual é o problema. Não sabemos se é por causa da mudança do presidente do Município”, indaga-se o jovem.

Ivo Eduardo sabe que paga impostos e a taxa de limpeza, por isso entende que mais do que uma omissão de dever de limpar a cidade, há uma violação do contrato social existente entre os munícipes que elegeram o elenco ainda em exercício e os munícipes-votantes. “A situação de lixo está muito grave e, dentro da cidade, não pode acontecer o que está a acontecer aqui”.

A concentração de lixo não é apenas numa esquina. Próximo ao centro cultural da Universidade Rovuma, o lixo tomou parte da estrada, levando os carros a disputarem uma única faixa de rodagem. Se aos carros isso não é um grande problema, às pessoas é uma questão de saúde pública.

“O lixo é tóxico. Toda esta cidade está cheia de lixo. Toda a cidade está cheia de moscas e o lixo polui o meio ambiente. Então, pedimos ao nosso presidente para que tire o lixo”, suplica Stella Guerra, falando em entrevista ao nosso jornal.

Os apelos multiplicam-se na mesma medida que se multiplicam os pontos com lixo não removido. Uma situação que cria muito desconforto para quem passa ou para quem vive ou trabalho próximos dos locais que virara lixeiras a céu aberto em pleno centro da cidade.

“Desconforta na medida em que nós estamos aqui, trabalhamos aqui perto e temos que lidar com essa situação de mau cheiro. A situação de lixo, assim exposto, acaba complicando, cria uma insatisfação”, reclama Dulce Alberto, funcionária de uma instituição pública que fica nas proximidades da Sé Catedral – uma das imagens emblemáticas da cidade de Nampula.

Na periferia, o cenário repete-se.

Da parte do Município, não conseguimos uma reacção sequer. Contactámos o vereador da área de Salubridade que não atendeu às nossas chamadas telefónicas. No parque anexo ao edifício municipal, as máquinas usadas na remoção do lixo estão parqueadas, incluindo os triciclos usados para a recolha do lixo.

Num outro parque onde funciona a direcção de Salubridade, as máquinas também estão parqueadas há dias. Fala-se de falta de combustível para pôr o equipamento a circular.

Esta situação aconteceu numa altura em que o edil Paulo Vahanle cumpre quatro meses de suspensão do exercício de cargo ou função, por decisão do Tribunal, a pedido do Ministério Público, enquanto decorre a investigação no âmbito de um processo-crime de que é acusado por suposta instigação à desobediência colectiva.

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