Aumentou o número de acidentes de viação na Cidade de Maputo no primeiro semestre do ano em curso. Dados da Polícia de Trânsito (PT) indicam que, de Janeiro a Junho de 2022, foram registados 134 sinistros contra 115 de igual período do ano passado, sendo 76 por atropelamento contra 53 ocorridos no ano passado.
Segundo dados apresentados por Isildo Bule, do Departamento da PT na capital do país, “durante o primeiro semestre [deste ano], registámos um total de 134 acidentes de viação, um aumento de 115, comparativamente ao ano passado. Destaque também para atropelamentos, que foram 76 contra 54 de 2021”.
Bianca Lucas, de sete anos de idade, está nas estatísticas da PT da Cidade de Maputo, como uma das vítimas de acidente. No início do mês passado, Bianca foi atropelada quando regressava da escola: “O carro é que me bateu”, contou.
O atropelamento resultou em fractura das duas pernas da aluna da segunda classe que, por causa disso, está fora da escola e, para se locomover, depende 100% do seu avô, Armando Fabião, que revela preocupação em relação à situação da neta. “O meu desejo é que a criança receba suporte, para que se recupere, não sabemos se voltará a falar para retornar à escola.”
Estes relatos chegam do bairro Guacheni, Distrito Municipal KaTembe, que é atravessado pela Estrada Nacional Número Um, onde os intervenientes ignoram os sinais de trânsito.
É mesmo por isso que, a 20 de Junho último, a dona Carlota Tembe perdeu o seu sobrinho de 30 anos de idade: “Ocorrem muitos acidentes aqui, num mês, podem até ser três ou quatro. O meu sobrinho morreu aqui, no mês de Junho, quando atravessava para este lado, onde queria apanhar o transporte”.
Rafael Malane, um dos residentes de KaTembe, aponta uma solução que possa minimizar ou até resolver esta dura e triste realidade: “Esta paragem devia ser eliminada e a primeira seria da Rotunda e deviam ser colocados machimbombos que vão terminar na ponte; acredito eu que essa pode ser a solução para tudo, tanto acidentes de viação, como a falta de transporte”.
A Associação Moçambicana para as Vítimas de Insegurança Rodoviária (AMVIRO) apela às entidades competentes para colocarem dispositivos de segurança na estrada: “Por exemplo, naquele ponto, é esperado e desejável que se estude que dispositivos de segurança devem ser instalados, aqueles que são conhecidos e que são recomendáveis para o ponto, uma passadeira aérea ou uma zona de passagem de peões mais protegida”.
Ciente disso, a Rede Viária de Moçambique (ROVIMO), concessionária da estrada, garante. “Estamos a trabalhar, neste momento, para introduzir outros elementos adicionais de segurança, como a sinalização de chamada de atenção ao automobilista, no sentido de terem mais atenção para um ponto extremamente crítico”, disse Estaline Machoche, representante da REVIMO.
O Município de Maputo diz que, no bairro Guacheni, concretamente na margem direita para quem sai do centro da Cidade de Maputo para KaTembe, há uma zona habitada, mas não devia e algumas famílias já foram reassentadas no âmbito da construção da ponte.
“É um facto, já lá estão as famílias, agora cabe a nós, em coordenação com a Administração Nacional de Estradas e a própria Rede Viária de Moçambique, fazermos uma melhor planificação para encontrar um mecanismo de solução. O reassentamento é a única solução que tem que haver, deve ser feito um reassentamento para aquelas populações para um outro lugar, primeiro, para reduzir a ocorrência de acidentes de viação e, segundo, vedar aquele local, porque não é habitável”, explicou Celso Fulano, vereador de KaTembe.
Enquanto não são reassentadas, as mortes e os ferimentos vão continuar a ocorrer, porque os residentes da margem direita dependem da esquerda para terem acesso à água, à escola e ao hospital.