Os ciclones, pandemia da COVID-19 e taxas de licença de pesca estão a sufocar a indústria pesqueira na província de Sofala, onde os armadores defendem um diálogo urgente com o governo, a procura de apoios, para não encerrarem as suas empresas.
“Nós achamos que o diálogo entre nós e o Governo devia ser aprofundado. De facto, nos últimos 10 anos, as capturas tendem a baixar consideravelmente. Há cerca de uma década, cada barco chegava a capturar 60 toneladas de camarão e, hoje, são menos de 20 toneladas por cada barco. Portanto o rendimento desta pescaria já não é igual e, por outro lado, é preciso tomar em consideração questões particulares aqui, na Beira, uma cidade que foi fustigada por três ciclones e destruíram as nossas capacidades de pesca incluindo as de armazenamento. Portanto, pedimos ao governo para abrir uma maior espaço de diálogo connosco. Não estamos a dizer que não queremos pagar taxas pesqueiras; pedimos que as mesmas sejam reduzidas a um nível aceitável para não nos sufocar financeiramente ou pelo menos que elas sejam aos actuais níveis de captura”, pediu Mamad Suleimane, presidente da Associação dos Armadores de Sofala.
Este é o grito de socorro dos armadores semi-industriais e industriais da província de Sofala, cujo 80 por cento das suas frotas não se farão ao mar a partir desta quinta-feira, data da abertura do período de veda, segundo Suleimane, porque estão sem capacidade financeira para pagar as taxas que variam entre um milhão e quatrocentos mil meticais a dois milhões e setecentos mil meticais por barco. O presidente dos armadores de Sofala falava à imprensa no final da cerimónia de abertura da campanha na qual apresentaram esta preocupação.
“Estamos completamente descapitalizados aqui em Sofala, As desgraças provocadas pelos ciclones não foram tomadas em consideração. Pedimos algumas facilidades. Aliás, mesmo neste encontro, apresentámos a nossa preocupação sobre as taxas de pesca e sugerimos que pagássemos 50 por cento. Contudo, o Governo exigiu uma garantia bancaria sobre os outros 50 por cento. No fundo é pagarmos 100 por cento, porque o banco só dá garantias se pusermos lá o dinheiro”, lamentou Mamad Suleimane.
De acordo com os armadores, antes do ciclone Idai, existiam, em Sofala, cerca de 80 armadores mas, neste momento menos, de metade é que ainda exercem as suas actividades, devido a dificuldades financeiras.