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Chuva cai mas não o suficiente para encher reservatórios na província de Maputo

O director-geral Adjunto do FMI visitou, ontem, um reservatório de água em construção na província de Maputo, avaliado em pouco mais de seis milhões de dólares financiados pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), em parceria com o Governo de Moçambique. Após a conclusão, a infra-estrutura poderá beneficiar cerca de 200 famílias do distrito de Matutuíne.

Com o início da época chuvosa 2019-2020, relançavam-se as esperanças para o fim da seca que afecta a região sul do país há pouco mais de cinco anos, mas os dias continuam de pouca sorte. No centro e norte do país, a chuva está causar dano.

Apesar da pouca chuva que no sul a água não é suficiente para encher os reservatórios que o Governo, em parceria com o BAD, constrói nas províncias da Maputo e Gaza, no âmbito do projecto de Recuperação e Resiliência Agrícola, para aliviar a população.

Mas enquanto não cai chuva suficiente para o alívio das populações, 200 famílias do povoado de Kwacha, distrito de Matutuíne, província de Maputo, percorrem longas distâncias para buscar o líquido precioso.

“Percorremos longas distâncias à busca de água e quando a chuva cai tiramos a água que fica estagnada nas ruas para bebermos”, contou uma das residentes daquele povoado.

A crise de água não se verifica apenas no consumo humano, também na agricultura e pecuária, principais actividades económicas em Matutuíne.

“Na agricultura só somamos prejuízos. Há três anos que não produzimos. Quanto à água para dar de beber ao nosso gado, achamos num sítio muito distante enquanto o capim” ainda é possível encontrar perto, “mas não conforme deve ser porque já é seco”, revelou Dique Inácio, residente da localidade de Kwacha.

Esses são problemas que poderão ser ultrapassados após a conclusão do reservatório com capacidade para 25 mil metros cúbicos de água, construído com o financiamento do BAD e Governo de Moçambique, no valor de pouco mais de seis milhões de dólares.

A infra-estrutura inclui um local para o bebedouro para gado, torre com dois tanques e uma fontanário. Mas o seu pleno funcionamento depende da chuva. 

Mesmo que a chuva não caia o suficiente para encher os reservatórios, o governador da província de Maputo, Júlio Parruque, acredita que mais empreendimentos similares aos que está em construção poderão resolver o problema ou pelo menos minimizá-lo.

“O executivo da província de Maputo há-de trabalhar de forma continuada, dando seguimento ao trabalho em curso no sentido de mapear as áreas que precisam deste tipo de infra-estruturas de modo que a água esteja mais próxima das populações”, assegurou Júlio Parruque. 

Reconhecendo a escassez da precipitação no sul do país, o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) apela à população para o uso racional da pouca água que os reservatórios contêm.

“Uma vez que ainda estamos na época chuvosa queremos acreditar” que os reservatórios ainda podem “acumular mais água que vai ser usada em momentos futuros”, mostrou-se expectante Paulo Tomás, director nacional das zonas áridas e semi-áridas no INGC, acrescentando que existe um comité de gestão do reservatório que controla o uso racional da água. “Acreditamos que, neste momento, ela (a água) está a trazer algum resultado para as comunidades”.

E foi mesmo para ver o resultado que estes empreendimentos estão a trazer para as comunidades que o director-geral adjunto do Fundo Monetário Internacional fez uma visita ao local.

“Nós pensamos que, trazendo aqui as altas autoridades do Fundo Monetário Internacional, podemos estar um testemunho da maneira através da qual o país está a tentar investir para tornar as suas comunidades mais resilientes”, explicou Pietro Toigo, representante do BAD em Moçambique.

Já o “número dois” do Fundo Monetário Internacional (FMI) fez breves questões para medir a felicidade da população com a construção do reservatório. “Estão contentes com a água que chega às vossas casas?”, perguntou Tao Zhang, director-geral adjunto FMI.

Para o projecto Recuperação e Resiliência Agrícola foram investidos 15 milhões de dólares.

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