O antigo Presidente da República, Joaquim Chissano, entende que 7 de Setembro marca o dia da reconciliação entre os moçambicanos e os portugueses. Por isso mesmo, a vitória não foi apenas para uns, mas para ambos os povos.
Numa intervenção feita durante as celebrações dos 50 anos dos Acordos de Lusaka, na Cidade da Matola, Joaquim Chissano contou os contornos complexos que culminaram com o encontro na capital zambiana, a 7 de Setembro de 1974. Segundo lembrou, os acordos foram assinados de manhã, entre a FRELIMO, representada por Samora Machel, e o Estado português, representado por uma delegação enviada a Lusaka.
De acordo com Joaquim Chissano, houve várias tentativas de se sabotar a vitória conquistada pelos moçambicanos ao longo dos anos. Por exemplo, a guerra de desestabilização. Em todas as tentativas, a unidade dos moçambicanos prevaleceu.
O antigo Presidente da República contou que houve diversas fases de negociação, antes do 7 de Setembro. Primeiro, em Lusaka. Logo no princípio, as dificuldades deveram-se ao facto de a delegação portuguesa não ter mandato para aceitar a principal exigência da FRELIMO: a independência.
Antes da segunda fase das negociações, Chissano contou que houve vários contactos da FRELIMO na Europa. “Enviamos emissários para Portugal e descobrimos que o poder não estava naquele Governo, mas naqueles oficiais que tinham combatido contra nós aqui em Moçambique. Fizemos o estudo e decidimos que devíamos fazer esse diálogo e houve encontros em Portugal, Inglaterra, Holanda, Dar es Salaam. Assim, fomos construindo consensos, preparando a segunda ronda das negociações, que se deu em Setembro, que culminou com a aceitação das nossas exigências”.
Chissano contou ainda que houve várias propostas de datas para a independência, designadamente, 3 de Fevereiro, 25 de Junho e 25 de Setembro. Com efeito, preferiu-se 25 de Junho, o que fez com que o Governo de Transição, ao invés de um ano, levasse nove meses de trabalho até à proclamação da independência.