A China advertiu, nesta segunda-feira, o Japão que o projecto de instalar mísseis perto de Taiwan é um desenvolvimento “extremamente perigoso”, depois de declarações da primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, sobre a ilha nacionalista.
“A implantação de armas ofensivas pelo Japão nas ilhas do sudoeste vizinhas de Taiwan visa deliberadamente criar tensões regionais e provocar um confronto militar”, disse a porta-voz da diplomacia chinesa Mao Ning em Pequim, citada pelo Noticias ao Minuto.
Mao Ning reagia às declarações do ministro da Defesa do Japão, Shinjiro Koizumi, que afirmou no domingo que o objectivo de colocar mísseis terra-ar em Yonaguni, a ilha japonesa mais próxima de Taiwan, estava “no bom caminho”.
A porta-voz chinesa acusou o Japão, cuja Constituição proíbe políticas belicistas, de ter ajustado “de forma considerável” a política de segurança nos últimos anos e de procurar dotar-se de capacidades ofensivas.
Na opinião da China, estas tendências reflectem que “as forças direitistas japonesas estão a tentar activamente quebrar as restrições da Constituição pacifista”, o que, advertiu Mao, está a “empurrar o Japão e a região para o desastre”.
“Esta tendência, conjugada com as declarações erróneas da primeira-ministra, Sanae Takaichi, é extremamente perigosa”, disse Mao, citada pelas agências de notícias espanhola EFE e France-Presse (AFP).
Os governos de Pequim e Tóquio estão envolvidos num clima de tensão desde que Takaichi afirmou a 07 de Novembro que operações armadas contra Taiwan podiam justificar uma intervenção militar japonesa para defender a ilha.
Pequim, que reivindica Taiwan como parte do território da China, vê nas palavras de Takaichi uma provocação.
“A China está determinada e é capaz de defender a soberania territorial nacional”, disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China durante uma conferência de imprensa regular.
Mao recordou que o Acordo de Potsdam, após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), “proibiu expressamente que o Japão voltasse a armar-se” e insistiu que a Constituição japonesa consagra o princípio de “defesa exclusivamente defensiva”.
A porta-voz diplomática chinesa anunciou também o adiamento indefinido da décima cimeira entre a China, o Japão e a Coreia do Sul, prevista para Janeiro, numa cidade japonesa.
Já o governo de Taiwan defendeu as declarações do ministro da Defesa japonês, com o vice-chefe da diplomacia, Wu Chih-chung, a afirmar no parlamento em Taipé que Tóquio tem o direito de defender o território do Japão.
Wu disse aos deputados que a ilha de Yonaguni é muito próxima de Taiwan e que Tóquio está a reforçar as próprias instalações militares.
Tóquio anunciou a intenção de instalar na ilha mísseis terra-ar de médio alcance para a defender contra ataques de mísseis e aeronaves.

