Avizinha-se o dia 12 de Outubro, o tão esperado Dia do Professor, como se um único dia fosse suficiente para celebrar uma profissão tão essencial. Este ano, a data caiu em um momento inoportuno, em meio às famosas eleições, e em meio ao desgaste das intermináveis horas extraordinárias. Enfim, já votamos, e cada um com sua escolha. Vale lembrar que escrevi este texto e o enviei à redacção deste jornal antes mesmo de começar a especulação sobre quem seria o próximo presidente. Portanto, não me coloquem em nenhuma posição política. Se não há critérios para isso, então, também sou um activista social.
Então, já chega! Cansei. Não quero mais viver de biscates. Esse não é o meu destino. Quero ser professor e viver dessa vocação. Mas, por que parece impossível aos olhos dos outros? Por que não acreditam que ensinar pode ser o alicerce de uma vida digna?
Tenho mesmo de viver de pequenas boladas, de tarefas esporádicas, para conseguir uma casa decente, pagar o transporte, manter a luz acesa, tal como fazem os ilustres doutores de outras áreas? Será que o valor de um professor se resume a migalhas, a sobras de um sistema que não reconhece o poder transformador da educação?
Olho para os profissionais que vivem de seus ofícios, médicos, advogados, engenheiros, e me pergunto: por que o meu trabalho não pode ter o mesmo respeito e reconhecimento? Por que a sociedade insiste em subestimar a importância do professor, aquele que molda mentes, que desperta sonhos e constrói o futuro?
Não quero mais essa vida de incertezas, de correr atrás de bicos para sobreviver. Quero viver do que amo fazer, do que sei fazer melhor: ensinar. Porque sei que a educação é a base de tudo, e o professor, o pilar que sustenta essa base. Não me contento em aceitar menos do que isso.
Chega de viver de biscates! Quero viver de professor. Porque sim, é possível. É mais do que possível, é necessário.