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Chapo inaugura ano lectivo na Zambézia e defende melhorias na Educação

O Presidente da República diz que “há muita coisa que carece de melhoria” no sector da Educação, para que haja qualidade desejada. Daniel Chapo citou como exemplo a falta de carteiras escolares, de salas de aulas e de professores, a falta de pagamento de horas extraordinárias, as condições de trabalho, a falta do livro escolar e prevalência de crianças fora do sistema de ensino”.  

O Chefe do Estado orientou, esta sexta-feira, no Distrito de Lugela, província da Zambézia, as cerimónias centrais de abertura do ano lectivo escolar 2025, sob o lema “Por uma Educação Inclusiva, Patriótica e de Qualidade”.

No discurso de ocasião, Daniel Chapo disse que “a educação estará no topo” das prioridades deste ciclo de governação. 

“Queremos colocar a educação nos lugares cimeiros, porque entendemos que a Educação é o Alicerce do Nosso Futuro. Ela é o motor que move as sociedades, transforma vidas e cria oportunidades para o futuro” e “não há desenvolvimento sem educação de qualidade”.

Para o Presidente da República, o Executivo não vai conceber a educação, “a par da saúde”, como se fosse uma despesa, por ser uma área social. “Encaramos a educação como investimento, pois, sem uma população educada e sem uma população saudável, é impossível desenvolver um país”.

Apesar da evolução do sector da Educação ao longo dos anos, é preciso “ter a humildade para reconhecer que, actualmente, a nossa qualidade de ensino não está no nível onde o povo moçambicano gostaria que estivesse”.

“Por causa disso, é urgente mudar, retificar e aperfeiçoar o que não está bem”, afirmou o Chefe do Estado, e prosseguiu dizendo que “há muita coisa que carece de melhoria, como por exemplo as mudanças constantes dos currículos escolares”, que, no seu entender, “dificultam a assimilação e o domínio de conteúdos, tanto por parte dos professores, como também dos alunos”. 

“Importa clarificar que não estamos a advogar que se deve parar no tempo, não. Sabemos que as actualizações visam adequar os conteúdos às novas dinâmicas da ciência ou aos novos desafios. Mas temos que reflectir se estamos a actualizar da melhor forma ou não. Se chegarmos a conclusão de que algo não está bom, temos que mudar”. 

FALTA DE CARTEIRAS ESCOLARES E SALAS DE AULA

Daniel Chapo manifestou inquietação por conta da falta de carteiras escolares e disse que “não faz sentido que num país rico em recursos florestais tenhamos crianças a estudar sentadas ao chão, por falta de carteiras. Temos que reverter esta realidade”. 

No que diz respeito às salas de aula , o Presidente da República explicou que o Governo entende que uma criança deve aprender em um espaço cómodo. Por essa razão, no dia da investidura anunciou que vai investir na construção e renovação de escolas, especialmente em áreas rurais, para garantir que todos os estudantes aprendam em condições dignas.

FALTA DE PROFESSORES E NÃO PAGAMENTO DE HORAS EXTRAS

“Não podemos normalizar o contraste de termos, por um lado, milhares de jovens com formação psicopedagógica desempregados, mas ao mesmo tempo há falta de professores nas escolas. Este é o momento certo para começarmos a reverter esta equação”, disse Chapo. 

Em relação à falta de pagamento de horas extraordinárias, o Chefe do Estado disse que “este é um dos factores que desmotiva alguns dos nossos professores. É necessário aprofundar a investigação sobre a problemática de horas extras, para percebermos se, em alguns casos, não há má-fé ou não é “negociata” de alguns dirigentes da longa cadeia do sector da Educação para que haja esse fenómeno preocupante. Mas o mais importante é resolvermos o problema”.

CONDIÇÕES DE TRABALHO E FALTA DO LIVRO ESCOLAR 

Para Chapo não faz sentido que um professor, que tem a responsabilidade de formar os profissionais do futuro, trabalhe em condições desumanas e esteja desmotivado. 

“Por isso, quando fomos empossados como Chefe do Estado no dia 15 de Janeiro, referimos que “programas de capacitação serão oferecidos para garantir que os nossos educadores estejam preparados para os desafios do século XXI”. 

Chapo explicou que fez essa promessa porque acredita que “a educação não é apenas um investimento em prédios ou materiais, mas nas pessoas que moldarão o futuro. Cada criança que se senta numa sala de aula representa uma promessa de um Moçambique mais forte”.

Sobre a falta do livro escolar, o Presidente da República lamentou que ainda haja muitos alunos que estudam sem ter acesso a livros escolares. 

Por isso, no quadro da reforma dos recursos educacionais, “já anunciamos que serão distribuídos livros escolares gratuitos, tanto em formato impresso quanto digital, assegurando que nenhuma criança fique sem acesso ao material necessário. O processo de revisão dos livros será regulado para evitar desperdícios e garantir a sua disponibilidade no início do ano lectivo”. 

“Nós fizemos este anúncio porque sabemos que há crianças que estudam sem ter acesso a livro escolar; e este ano já começamos a distribuição do livro e gradualmente vamos abranger todas escolas”.

PREVALÊNCIA DE CRIANÇAS FORA DO SISTEMA EDUCACIONAL 

Dados oficiais indicam que cerca de 2,2% de crianças em idade escolar ainda permanecem fora do sistema educacional. Por isso, “é necessário proceder o mapeamento minucioso destas crianças para que sejam inseridas no meio escolar. Nesta missão, queremos contar Estes são apenas alguns exemplos de factores que interferem negativamente na qualidade do nosso ensino. Há tantos outros”, disse Chapo.

“Assim, queremos capitalizar esta ocasião que a Senhora Ministra de Educação e Cultura está aqui, para recomendar que, o mais urgente possível, trabalhe com a sua equipa para desenharem um plano exequível, mensurável e praticável que deverá ser apreciado ao nível do Conselho de Ministros, com o objectivo final de resolvermos estes e outros constrangimentos que enfermam o sector de educação, os nossos professores, directores e directores pedagógicos e a todos nossos colegas merecem melhores condições para que as nossas crianças tenham melhor qualidade de ensino”, afirmou o Chefe do Estado.

A abertura do ano lectivo é a primeira actividade que Chapo realiza fora da capital do país, desde a tomada de posse a 15 de Janeiro

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