O Centro Terra Viva acusa o Governo de estar a fazer “vista grossa” diante de um problema grave que assola as comunidades de Moatize, na Província de Tete. Para além de fiscalização, a organização afirma que o reassentamento seria uma das soluções ao problema.
O Centro Terra Viva é uma das várias entidades no país, que lida com programas de Gestão Sustentável dos Recursos Naturais e Promoção dos Direitos das Comunidades. Para a organização, não são necessários mais elementos para perceber a gravidade da situação para a vida humana em Moatize.
A entidade diz haver negligência por parte do Governo, e , por isso, a Agência Nacional para o Controlo da Qualidade Ambiental já devia ter entrado em acção.
“Aquele nível de nuvens e poeira, parece-me haver uma situação irregular. E não é preciso ser um especialista para entender que está a haver um fenómeno. Se a população está a reclamar, então, devia haver imediatamente uma aproximação das autoridades, da AQUA e de outros, para verificar e poderem resolver a situação”, disse Semântica Remane, Directora-Executiva do Centro Terra Viva.
O Centro reconhece também a incapacidade das organizações da sociedade civil em comprovar, com ensaios, o nível do perigo em que as comunidades estão inseridas, mas, para o caso de Moatize, há elementos suficientes para uma intervenção.
“Não somos médicos especialistas em análise da água ou de partículas, mas acho que o Governo, como tal, ou o Estado moçambicano tem que olhar para isso. Tem que trazer os especialistas necessários para medir o nível de poluição e tomar medidas”, reitera.
Para já, segundo Semântica Remane, o reassentamento das comunidades afectadas é uma necessidade urgente.
“Como já se vê, está numa situação que não é ambientalmente saudável para as pessoas que ali vivem, então, realmente, deviam ser reassentadas, mas o estudo a seguir é onde será esse reassentamento. Teria que ser até fora. Se isso está a acontecer em Moatize, tinha que ser fora de Moatize ou num outro local que se perceba que não tem aquelas condições”.
Após a queixa formal enviada às autoridades locais, por um grupo de moradores, o Governo Distrital de Moatize disse ao “O País” que estão em curso algumas medidas para a mitigação do problema.