A artista plástica moçambicana, Cassi Namoda, participou, recentemente, na exposição A força da transformação, em Nova Iorque, nos Estados Unidos de América. A colectiva foi organizada pela ONU Mulheres e procurou contribuir para elevar a consciência do poder transformador da arte das mulheres negras nos movimentos de justiça social.
Cassi Namoda até pode ser um nome pouco conhecido em Moçambique, mas a artista leva consigo a Pátria Amada no sangue e na alma. As suas pinturas, evidentemente, revelam uma ligação acentuada da artista com todo um imaginário que se adivinha moçambicano. Por exemplo, as telas “A Spiritual Declaration, Under the weight of it all”, “We have become strangers (Fight with a javelin and boron). An ode to Goya”, “Zambeziana remembers Tchaubo tongue” e “Womb” apresentam uma artista que, mesmo estando tão longe da sua origem, da sua terra natal e da sua gente, não se desliga do que a identifica e muito menos das suas culturas. São telas como aquelas que Cassi Namoda levou, há uma semana e meia, à primeira exposição e leilão de venda global organizada pela ONU Mulheres, em Nova Iorque, nos Estados Unidos de América.
Intitulada A força da transformação, a colectiva de artes plásticas envolveu 26 artistas do sexo feminino, entre consagradas e em ascensão, todas de ascendência africana. Com a mostra, a organização procurou reconhecer e elevar a consciência do poder transformador da arte das mulheres negras nos movimentos de justiça social, contribuindo, desse modo, para a materialização do Programa Global da ONU Mulheres sobre Mulheres Negras.
Reconhecendo a importância das artes na promoção do debate sobre determinados temas sociais indispensáveis, a artista moçambicana associou-se à colectiva, pintando narrativas alicerçadas na nas culturas moçambicanas e africanas. Disse, Cassi Namoda: “Eu gosto de contar histórias com base na realidade moçambicana e da África Oriental. Esta é a razão por que me juntei ao projecto A força da transformação. Trabalhar, contando histórias, é uma forma de impactar o mundo”.
Essencialmente, a exposição A força da transformação desafiou-se a angariar fundos para apoiar movimentos e organizações de mulheres negras em diferentes partes do mundo. Com isso, a organização almeja estreitar laços e dar maior poder às acções femininas. “Eu Acho que a minha ligação a esta iniciativa ajudar-me-á a atingir a escala global e a transformar através da arte”, afirmou, este domingo, Cassi Namoda.
Na percepção da artista plástica, o intercâmbio proporcionado pela mostra foi óptimo porque interagiu com mulheres do continente africano e com tantas outras que promovem as artes ao nível internacional, incluindo artistas que habitualmente são discriminadas. “Isso mostra que as coisas estão a mudar, e isso é motivador”, acrescentou.
As obras de arte de Cassi Namoda e de outras artistas envolvidas na colectiva A força da transformação estiveram à venda no Artsy, importante mercado global de arte online, entre 16 e 30 de Julho. Devido ao seu carácter filantrópico, 50% das receitas dos leilões destinam-se ao lançamento do Programa Global das Mulheres Negras, concebido para conectar as mulheres de origem africana no continente e no estrangeiro, bem como abordar a violência contra as mulheres.
A mostra colectiva de artes plásticas, segundo a ONU Mulheres, é interdisciplinar e incluiu artistas com idades compreendias entre 24 e 86 anos, vivendo e/ou trabalhando em países como África do Sul, Tanzania, Quénia, República Democrática do Congo, Nigéria, Jamaica, República Dominicana, Brasil, Reino Unido e Estados Unidos.
Cassi Namoda nasceu no Hospital Central de Maputo, em 1988. A artista é filha de mãe moçambicana (de Quelimane) e pai americano. Conforme se pode ler na sua biografia, “por meio de pinturas figurativas repletas de referências pessoais, culturais, históricas e teológicas, a artista contemporânea Cassi Namoda tece narrativas pós-coloniais complexas que cruzam fronteiras geográficas, temporais e espirituais”. Portanto, a sua produção artística, lê-se ainda na biografia da artista, é o culminar de sua conexão pessoal com Moçambique e com as culturas africanas e globais mais amplas vivenciadas durante suas viagens. Cassi Namoda é formada em cinematografia na Academy of Art University em San Francisco, nos Estados Unidos.