Há escassez de carvão vegetal, uma das principais fontes de energia para muitas famílias na Cidade de Maputo, e o pouco que há está caro. A situação deve-se às vias de acesso que se encontram intransitáveis, devido às últimas chuvas.
A família de Jéssica Manhiça, de seis membros, confecciona duas refeições por dia. Antes da subida do preço do carvão vegetal, a família conseguia comprar um saco e usava-o na cozinha por um mês e uma semana.
Uma vez que o carvão está caro, a família de Jéssica já não consegue comprar um saco e recorre ao carvão vendido em pequenos plásticos, gastando, por dia, 60 Meticais. Aliás, nem sempre consegue comprar essa quantidade de carvão e, quando isso acontece, adquire a lenha.
“É muito complicado, porque o preço do carvão agora subiu e nós compramos carvão de 60 Meticais para fazer ‘matabicho’ e jantar. Antes, conseguíamos comprar um saco, mas, ultimamente, já não conseguimos comprá-lo e usamos lenha”, disse Jéssica.
Entre Dezembro do ano passado e Janeiro deste ano, o saco maior, que é junção de dois sacos de 50 quilogramas, custava entre 1400 e 1500 Meticais e, actualmente, o preço varia de 1700 a 1800 Meticais. O saco pequeno era vendido entre 450 e 500 Meticais e, hoje, custa 600 Meticais.
O preço do carvão vendido em pequenos montes e em plásticos pequenos também subiu.
Mateus Mabjaia vende, há 12 anos, o carvão na periferia da Cidade de Maputo. Ele explica as razões que estão por detrás da escassez e a consequente subida do preço: “Isto tem a ver com a própria escassez do carvão, aliada à dificuldade que temos em relação às licenças. Além disso, para o caso deste ano, tivemos chuvas que inundaram várias vias de acesso dos locais de produção de carvão”.
No Mercado Xiquelene, há outros revendedores de carvão que reclamam da falta de carvão e de compradores. “O problema é que há falta de carvão e somos obrigados a comprá-lo nas casas onde o preço é elevado. Nós também subimos o preço para podermos ter dinheiro para licenças. Os clientes já não vêm como antes, uns compram em pequenos montes e outros em sacos.”
O carvão comercializado e consumido na Cidade de Maputo tem como origem as províncias de Gaza e Inhambane, de onde Dino Tembe transporta o carvão para abastecer a Cidade de Maputo: “O transporte de carvão vegetal está pior, há covas nas estradas, há vias por onde não é possível passar”.
São consumidas pelo sector doméstico, diariamente na Cidade de Maputo, mais de 250 toneladas de carvão vegetal.