Filipe Nyusi diz que o Botswana está a formar as tropas Mocambicanas que vão dar continuidade ao combate ao terrorismo em Cabo Delgado, principalmente com a saída das tropas da SAMIM. O chefe de Estado falava, esta quarta-feira, durante a recepção do seu homólogo do Botswana, que visita o país de 10 a 12 de Julho.
Seis anos depois, Mokgweetsi Masisi volta a Moçambique, mas, desta vez, para uma visita de Estado de três dias, na qual foi recebido pelo seu homólogo, com direito a honras militares.
Os dois chefes de Estado mantiveram um encontro privado, depois se seguiu a sessão conjunta, com as delegações, e assim estavam criadas as condições para a assinatura de memorandos de entendimento.
Foram, ao todo, cinco instrumentos rubricados na manhã desta quarta-feira (10), nomeadamente “Prevenção e combate à corrupção e prevenção social; Segurança e ordem pública; Agricultura, pecuária e segurança alimentar; Comércio, indústria e investimento; e Comunicação e tecnologia de informação”.
Porém, o destaque, durante as intervenções, foi para o combate à corrupção, bem como a promoção da segurança pública.
Filipe Nyusi, que falava durante a conferência de imprensa, diante das delegações dos dois países, disse que os acordos ora assinados são uma prova das boas e históricas relações com a República do Botswana.
“Quero agradecer ao povo de Botswana, ao Presidente Masiso e ao seu Governo por terem tomado uma decisão certa de, juntamente connosco, trabalharmos para podermos combater o terrorismo. E acredito que esse sentimento que já manifestou para mim não termina por aqui. Há muitas formas com que ele está a apoiar Moçambique e, portanto, continuará. Nós estamos a formar nossos oficiais, nossos quadros militares no Botswana e continuará o fluxo, porque são esses que devem assegurar a continuidade do combate.”
O transporte ferroviário foi, também, apontado por Nyusi como área prioritária para os dois países, até porque já decorrem conversações para a implantação de um projecto tripartido, que envolve Moçambique, Botswana e Zimbabwe, que visa a construção de um porto de águas profundas, ligando por linha férrea os três países.
Na sua intervenção, Nyusi diz que deve haver aposta “na área de transporte, transporte ferroviário e rodoviário, mas também na exploração plena dos portos de Moçambique. E por isso mesmo que estamos a pensar em grande. Nós estamos a ver o actual, porque o tráfego de e para Botswana existe, é um tráfego que tem de ser visto de longo horizonte. Podemos usar os nossos portos, portos actuais, e estamos a conceber também futuros portos para tornar o país sustentável e também dando seguimento às regras universais de produção, as áreas como as de transporte de carvão, que já tínhamos ensaiado. Sei dizer que os nossos irmãos têm muito cobre, que ainda não começaram a explorar na sua profundidade. Vai precisar de ser escoado. Com o crescimento da economia de Botswana, os consumos em combustíveis e outros são enormes. Vai precisar de escoar. Então são esses aspectos sérios e concretos que nós estamos agora a debruçar”, disse.
O presidente tswana também destacou o seu interesse no reforço das trocas comerciais, mas o que mais soou foi a necessidade de manter a região livre de acções terroristas.
“Estou aqui para tentar fazer crescer as nossas relações bilaterais, especialmente na frente económica. No nosso comércio, os números têm ampla oportunidade de crescer em ambos os lados. Vocês têm muitos produtos e oportunidades, nós também. Estamos empenhados em partilhar o nosso conhecimento no espaço militar e de segurança”, defendeu.
Masisi disse ainda que o seu Governo está empenhado em partilhar o seu conhecimento e experiência no espaço agrícola e na criação de gado.
“Estamos empenhados em aumentar o rendimento dos nossos produtos essenciais, como óleos e combustíveis, utilizando as suas instalações. E pedimos que nos seja concedida consideração favorável, porque somos para vocês o que vocês são para nós. E só para ficar claro, estaremos ombro a ombro com o povo de Moçambique na sua busca pela paz. Portanto, em caso de qualquer instabilidade como a que testemunhamos estaremos prontos para intervir”.
A visita de Estado de Masisi a Moçambique termina na sexta-feira, 12 de Julho.