Boris Johnson apela para que a Rússia desista de sediar a final da Liga dos Campeões Europeus, marcada para o dia 28 de Maio, em São Petersburgo, no Estádio Krestovsky, casa do Zenit.
Em meio a tensão política envolvendo a Rússia e a Ucrânia, o Primeiro-Ministro do Reino Unido não vê com bons olhos a realização da final da Liga dos Campeões Europeus, a 10 de Junho, em São Petersburgo, na Rússia.
Segundo Boris Johnson, a realização da final tornou-se “inconcebível” a partir do momento em que o Governo russo, liderado pelo Presidente Vladimir Putin, reconheceu a independência dos polos separatistas de Donetsk e Lugansk.
“Não há hipótese de realizar torneios de futebol numa Rússia que está a invadir países soberanos”, defendeu hoje Boris Johnson, desejando que o Presidente russo, Vladimir Putin, “recue do precipício” e não realize uma “invasão total” à Ucrânia, onde reconheceu as duas regiões separatistas pró-russa na zona leste.
Durante semanas, as potências ocidentais têm-se preparado para uma invasão, com a Rússia a reunir cerca de 150.000 tropas junto à fronteira com a vizinha Ucrânia, uma situação que a UEFA está a “monitorizar de perto”.
“É absolutamente vital neste momento crítico que o Presidente Vladimir Putin entenda que o que ele está a fazer será um desastre para a Rússia. Está claro que, dada a resposta do mundo ao que Putin fez em Donbass [leste da Ucrânia], a Rússia vai acabar mais pobre por causa das sanções que o mundo vai implementar”, referiu o Primeiro-Ministro britânico.
A ministra de desportos do Reino Unido, Nadine Dorries, também se pronunciou a favor da troca da sede da final da principal competição de clubes da Europa.
“Tenho sérias preocupações sobre os eventos esportivos que venham a acontecer na Rússia, como a final da Champions League, e discutiremos o assunto com membros do governo. Não permitiremos que o Presidente Putin explore esses eventos mundiais a fim de legitimar a sua invasão ilegal na Ucrânia”, disse Nadine Dorries.
A Rússia, que em 2018 sediou o Mundial de futebol, tem em mãos a organização da final da presente edição da Liga dos Campeões, na cidade de São Petersburgo, agendada para 28 de Maio.
De acordo com a France-Press, a UEFA admitiu estar “a acompanhar de perto e de forma contínua a situação, sendo que cada decisão será tomada no devido tempo, se necessário”.
A tensão na região agravou-se de forma substancial na segunda-feira, com o reconhecimento pela Rússia da independência dos territórios ucranianos separatistas pró-russos de Donetsk e Lugansk, na região de Donbass.
Além de ter assinado os decretos relativos ao reconhecimento de Lugansk e de Donetsk, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou que as forças armadas russas poderão deslocar-se para aqueles territórios ucranianos em missão de “manutenção da paz”.
A decisão foi condenada pela generalidade dos países ocidentais, que temiam há meses que a Rússia invadisse novamente a Ucrânia, depois de ter anexado a península ucraniana da Crimeia em 2014.
Nesse ano, começou a guerra no Donbass entre separatistas pró-russos, apoiados por Moscovo, e o exército ucraniano, que provocou, desde então, mais de 14.000 mortos e 1,5 milhões de deslocados, segundo a ONU.