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Bolsonaro acusado de ser o mentor da invasão à sede dos três poderes no Brasil

A sede dos três poderes foi tomada, no último domingo, por apoiantes do ex-Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro. Analistas de política internacional consideram que houve tentativa de golpe de Estado e que Bolsonaro foi o mentor indirecto das invasões.

Bolsonaro é criticado pelo facto de ter viajado para os Estados Unidos pouco antes da tomada de posse de Lula da Silva, recusando-se a passar-lhe a faixa presidencial, facto que, igualmente, deixou os seus apoiantes sem liderança.

Na sua conta de Twitter, Bolsonaro distanciou-se dos actos.

“Manifestações pacíficas, na forma da lei, fazem parte da democracia. Contudo, depredações e invasões a prédios públicos como ocorridos no dia de hoje, assim como os praticados pela esquerda em 2013 e 2017, fogem à regra”, disse, acrescentando que repudia “as acusações, sem provas, a mim atribuídas por parte do actual Chefe do Executivo do Brasil”.

Para os analistas políticos, Bolsonaro é o mentor indirecto da revolta terrorista.

“Indirectamente, ele é a cabeça das invasões, porque o facto de ele ter saído para os EUA, sem dar nenhuma satisfação a toda a militância que estava em frente do quartel-general na tentativa de perpetrar um golpe de Estado, significa que ele está de acordo com esses actos”, disse Cornélio Abdul, analista político.

“O antigo Presidente em nenhum momento teve uma pronta intervenção contra aqueles actos. Então, acaba-se entendendo que o seu silêncio é de quem concorda com tais acções, defendeu Zito Pedro, também analista político.

Já Edson Muirazeque advoga que Bolsonaro devia evitar publicamente a sua derrota nas últimas eleições.

“Pelas acções dele, por não ter passado a faixa presidencial a Lula da Silva, ele tem responsabilidade sobre o que se viveu no último domingo”, explicou.

Para Cornélio Abdul, docente de Política no Brasil e analista de política internacional, as reacções dos apoiantes de Bolsonaro são uma tentativa de um golpe de Estado, tal como ocorreu aquando da invasão ao Capitólio, em 2021.

“É uma cópia fiel ao que aconteceu nos Estados Unidos. O objectivo era pressionar os militares a fazer uma intervenção armada, um golpe de Estado. Só que os militares não seguiram esse posicionamento”, explicou.

O Brasil está politicamente dividido. Por um lado, os “bolsonaristas” e, por outro, os apoiantes de Lula da Silva.

Apesar da situação instável que caracteriza o Brasil, os analistas estão confiantes no trabalho de Lula para reconstruir o Brasil e unir o povo.

“Do ponto de vista de análise, não considero que esta minoria (aqueles que perpetuaram as invasões) se configure como dificuldade para a pacificação do país. Lula, com o seu projecto político, vai pacificar o país”, defende Cornélio Abdul.

Ele vem fazendo muito bem o trabalho de pacificar e aproximar as partes, de modo a que tenham um Governo de movimento único”, acrescentou Zito pedro.

Para evitar novas insurgências, Lula da Silva decretou intervenção federal na área de segurança pública do Distrito Federal, que vai durar até ao dia 31 de Janeiro corrente.

Nos Estado Unidos, deputados democratas pedem a extradição de Bolsonaro.

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