Seis meses depois de deixar o cargo de Comandante-Geral da Polícia, Bernardino Rafael foi ouvido na manhã desta segunda-feira na Procurador-geral da República, no âmbito da actuação da Polícia durante os protestos pós-eleitorais.
Discreto, Bernardino Rafael chegou três minutos antes da hora 9 a PGR, mas optou por usar o elevador traseiro e assim evitar as câmeras da imprensa que aguardavam a sua chegada.
A intimação de Rafael surge na sequência de uma denúncia submetida à PGR por um conjunto de organizações da sociedade civil, que deu origem a um processo de averiguações, visando apurar a responsabilidade do Comando da PRM na actuação na repreensão aos protestos ocorridos no último trimestre do ano passado, tidos como violação dos direitos humanos.
A queixa foi também contra a liderança do Serviço Nacional de Investigação Criminal e a sociedade civil espera que “seja o início da responsabilização de todos que violaram os direitos civis, como o de manifestação”, disse André Mulungo.
Bernardino Rafael entrou e saiu da PGR pela porta traseira, sem se deixar captar pelas lentes da imprensa, com isso permitir a captação da sua imagem.
Rafael foi exonerado em Janeiro deste ano e no seu lugar foi nomeado Joaquim Sive.
Durante os protestos pós-eleitorais houve actuação considerada muito agressiva por parte da Unidade de Intervenção Rápida para conter os ânimos, com destaque para o uso de balas verdadeiras, gás lacrimogênio e prisões arbitrária.