Os bancos comerciais anunciaram, hoje, uma linha de crédito de 10 mil milhões de Meticais, para financiar empresas afectadas pela tensão pós-eleitoral. Os valores poderão ser acedidos a uma taxa de juro de 15%.
Trata-se de uma linha de investimento criada para financiar a tesouraria e os investimentos das empresas afectadas pela tensão pós-eleitoral no país. O valor estará disponível em vários bancos. Caberá a estes, fazer a análise do risco de cada empresa com base nos seus procedimentos internos.
Para a tesouraria, o reembolso do empréstimo e o respectivo juro deverá ser feito em 12 meses. Já para os investimentos, o prazo é de cinco anos. Segundo os bancos, a taxa de juro é de 15% para o primeiro ano, e, para os anos subsequentes, será a taxa de juro de referência no mercado menos 4%.
“Tendo presente a dimensão da empresa, o montante máximo que cada empresa pode aceder é de 20 milhões de meticais. Está previsto um mecanismo de controle para assegurar que cada cliente beneficie até o limite de 20 milhões de meticais no sistema financeiro”, disse Teotónio Comiche, presidente da Associação Moçambicana de Bancos.
Para ter acesso aos créditos, os bancos deverão solicitar garantias às empresas e o crédito estará disponível de 1 de Março a 30 de Setembro.
“Das condições de acesso a esta linha de crédito, destaco o seguinte, que seja uma nova operação de crédito para novos negócios ou expansão da atividade, que tenha uma situação fiscal regularizada. Este princípio pretende apoiar a organização do negócio e algumas instituições à sua formalização”, acrescentou Comiche.
Depois de lançada a linha de financiamento esta sexta-feira em Maputo, o sector privado voltou a clamar pela reposição de segurança no país.
“O sector privado defende que a condição básica para a retoma das actividades deve ser associada à medida de segurança. Se se lembram, me referi às 25 medidas que nós propomos, e a segurança era uma delas. Então, nós queremos garantias igualmente da segurança no terreno, queremos ver as questões de segurança, de forma a oferecer um melhor ambiente de negócio para os nossos negócios” reiterou Agostinho Vuma, presidente da CTA.
Sendo a linha de crédito uma medida de curto prazo, o Governo diz estar a trabalhar para medidas de longo prazo, incluindo a restauração da segurança.
“Reiterar que o Governo está consciente das preocupações com a segurança das pessoas, bem como a propriedade privada e pública, e como isso afecta o investimento e as actividades económicas do dia a dia. E é nesses termos que continuamos a trabalhar para a manutenção da lei e ordem, do resgate da confiança dos investimentos e melhoria do nosso ambiente de negócio”, disse Carla Louveira.
Dados do sector empresarial privado indicam que cerca de 900 empresas foram afectadas pela tensão pós-eleitoral e há 17 mil empregos perdidos.