Os riscos e as incertezas na economia nacional aumentaram devido à propagação comunitária da COVID-19 e a intensificação dos ataques de terroristas em Cabo Delgado, alerta o Banco de Moçambique. O Banco Central prevê ainda o aumento dos preços de bens e serviços nos próximos tempos.
Cada vez mais complicada é como está a ficar a situação económica do país. O peso da COVID-19 e dos ataques em cabo Delgado está a ficar cada vez maior, por isso, o Banco de Moçambique avisa que dias piores poderão estar a chegar.
“Os riscos e as incertezas agravaram-se, com realce para a propagação comunitária da COVID-19 a nível doméstico e a intensificação da instabilidade militar na zona norte do país. O prolongamento desta situação pode afectar o perfil dos indicadores económico-financeiros e determinar a adopção, pelo Comité de Política Monetária, de medidas correctivas”.
Contundo, o regulador do sistema financeiro chama atenção para o aumento da despesa pública por culpa do novo Coronavírus e dos ataques no norte.
“A previsão de uma contracção económica em 2020, associada à propagação da COVID-19 no país e o agravamento dos conflitos militares em Cabo Delgado, aumenta a preocupação de uma maior pressão sobre as despesas públicas, com destaque para a saúde, bem assim defesa e segurança. Desde a última reunião do Comité de Política Monetária, a dívida pública externa, excluindo contratos de mútuo e de locação e as responsabilidades em mora, incrementou de 160.135 milhões para 162.424 milhões de meticais”.
Em comunicado publicado nesta quinta-feira, o Banco Central alerta ainda que devido à acentuada derrapagem do metical face às principais moedas de troca, como o dólar e o euro, o custo de vida no país poderá aumentar em breve.
“Em Julho, a inflação anual de Moçambique situou-se em 2,8%, após 2,69% no mês anterior. Para o curto e médio prazo, projecta-se um aumento de preços, a reflectir, essencialmente, o efeito da depreciação do Metical e da recuperação dos preços dos combustíveis no mercado internacional, não obstante a fraca procura interna. Ainda assim, prevê-se que a inflação se situe na banda de um dígito em linha com as expectativas dos agentes económicos inqueridos em Agosto de 2020”.
Perante as incertezas crescentes, reunido nesta quinta-feira, o Comité de Política Monetária do Banco de Moçambique decidiu manter a taxa de juro de referência em 10,25%, os coeficientes de reservas obrigatórias para passivos em moeda nacional e estrangeira em 11,50 e 34,50% respectivamente, uma decisão fundamentada pelo agravamento das perspectivas de aumento generalizado dos preços a médio prazo e os riscos e incertezas associados à queda da economia nacional este ano e uma fraca retoma no próximo ano.