O custo de crédito poderá estar ainda mais baixo no país. O Banco de Moçambique decidiu reduzir, mais uma vez, a taxa de juro de referência de 10,25% para 9,75%. O Banco Central garante haver impacto no sistema financeiro. O governador reiterou não haver escassez de moeda estrangeira justificando que as maiores transações ainda acontecem no mercado cambial formal.
É o cumprimento da meta, a taxa de juro de referência está agora abaixo de dois dígitos, no quadro de redução de 10,25% para 9,75%, por decisão do banco central.O Governador do banco diz que o impacto do ciclo de reduções é positivo, com impacto directo na primerate dos bancos comerciais. O crédito à economia, através da cedência de crédito às empresas, famílias e o Estado aumentou.
“Sim, podemos com tranquilidade, olhando para a taxa, o primary, dizer que sim, as taxas caíram. Também vimos uma outra coisa, o crédito à economia, tirando mesmo o setor estado, aumentou. E continuam, apesar do ambiente desafiando do ponto de vista macroeconômico, na média continuamos a ver que os bancos não pararam de conceder crédito à economia. E também o Estado tem beneficiado por isso, continuam também a permitir que o Estado possa fazer as suas operações.”, explicou.
Há, contudo, críticas apontadas por empresas, que não vê nenhuma redução nas taxas finais aplicadas aos empréstimos. Zandamela justifica que tem tudo a ver com o perfil de risco das empresas, que em alguns casos aumentou devido às manifestações.
“Em cada mutuário, ele tem um perfil de risco diferente, o setor da atuação da indústria é diferente, os riscos, o perfil de risco do setor, a situação macroeconômica é diferente. O que é que faz? Os bancos, na conversa, na discussão, no contrato com os mutuários, tomam em conta a situação do cliente e continuam a reavaliar. Vou dar um exemplo, tivemos as manifestações pós-eleitorais, as empresas caíram, algumas faliram. Em alguns casos, não vou esconder, alguns clientes hão de ver a sua taxa até aumentar, se o perfil de risco de tal cliente, de tal empresa, é tal que a banca tem a opção ou larga o cliente, tira-lhe simplesmente da sua carteira, ou diz, a partir de agora, dado o seu perfil de risco, a taxa que é apropriada para si é esta”, avançou o governador.
As reclamações sobre a escassez de divisas voltaram a marcar a comunicação do Banco quando há, desta vez, rumores de que o mercado cambial informal está a substituir o formal.
O Governador diz que o mercado está funcionar bem apesar de exceções de sectores críticos que registaram atrasos.
“Mas quem acompanha o mercado paralelo, esse mercado paralelo é extremamente volátil, tem o seu próprio comportamento e evolução, que não está necessariamente ligado ao mercado oficial de divisa. Agora, o que eu posso garantir com a certeza absoluta, que hoje, ainda, continuamos a verificar uma situação que a maior, de longe, a maior parte das transações de bens e serviços e outros, em termos de divisa, são transacionadas no mercado oficial de divisa. Ser muito, ser pouco, depende dos tomadores desses instrumentos”.
Sobre a Dívida pública, o alarme continua a soar. O governador foi questionado, quando será altura de travar o aumento. Zandamela diz que não cabe ao regulador determinar limites.
“No dia que os credores dessa dívida pararem de financiar esses instrumentos, a mensagem que estão a dar a quem está a buscar esse financiamento é, chega! Então, se ela tem um impacto sobre o crescimento econômico, não pode crescer infinitamente, há um momento que tem que ser acautelado, com medidas apropriadas, já ouviram falar muito disso, medidas de receitas, medidas de despesas, medidas de falas e todo tipo de ajustes que são necessários para tomar conta, para poder reduzir, conter ou mitigar o crescimento desta dívida”, disse.
Zandamela disse também que não cabe ao banco central responder sobre os atrasos no pagamento de bilhetes de tesouro, reportado por agências rating internacionais.