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Banco Central reduz taxa de juro de política monetária para 15%

O Banco de Moçambique decidiu, esta quinta-feira, reduzir a taxa de juro de política monetária em 75 pontos bases para 15%. Mesmo assim, o Banco Central reconhece que as taxas de juro praticadas pelos bancos comerciais são pesadas para as famílias e empresas, estando em curso um diálogo com vista a aliviar as mesmas.

“Considerando que a perspectiva de inflação de curto prazo, assim como a sua projecção de médio prazo, continuam a apontar para uma cifra em torno de um dígito, e ponderados os riscos subjacentes, o Comité de Política Monetário (CPMO) deliberou reduzir a taxa de juro de política monetária, taxa MIMO, em 75 pontos base para 15,00%”, disse o Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, esta quinta-feira, em conferência de imprensa dedicada ao anúncio das decisões de política monetária tomadas pela instituição.

Mesmo com a taxa de juro de política monetária estando a baixar, os bancos comerciais continuam a reduzir timidamente as taxas de juro a retalho. Zandamela tem a consciência desta situação, mas insiste que os está a dialogar com a Associação Moçambicana de Bancos (AMB) no sentido de se encontrar uma solução de taxa de juro que conforme os bancos, o regulador e os consumidores do crédito.

Sem avançar detalhes, Zandamela prometeu que o mercado terá boas novas em termos de taxas de juro, na medida em que se está próximo de encontrar uma saída com os bancos para no sentido destes fixarem juros que reflectem a realidade da economia.

Neste momento, a taxa de juro média praticada pelos bancos comerciais está nos 26.5%.

Adicionalmente, em face da volatilidade que se observa no mercado cambial, o CPMO decidiu aumentar o coeficiente de Reservas Obrigatórias para os passivos em moeda estrangeira em 500 pontos base, para 27%, tendo mantido as taxas da Facilidade Permanente de Cedência (FPC) em 18%, e da Facilidade Permanente de Depósitos (FPD) em 12%, assim como o coeficiente de Reservas Obrigatórias para os passivos em moeda nacional em 14%.

Banco de Moçambique alerta para riscos

O Banco de Moçambique considera o recente acordo sobre o processo descentralização uma incerteza para economia moçambicana, tendo em conta o pacote financeiro que será necessário para acomodar a desmilitarização da Renamo, uma situação que vai trazer certo fardo na componente fiscal.

Por outro lado e a agudizar esta incerteza estão os preços de produtos administrados, como é o caso do preço dos combustíveis, de água, energia e portagens.

Quanto a inflação, os dados do Banco de Moçambique mostram que a mesma situa-se nos 5 %, havendo uma perspectiva de estabilidade dos preços nos próximos meses, pelo que, na perspectiva do Banco Central a taxa de inflação situar-se num dígito até final do ano.  

Serviço da dívida desgasta reservas internacionais

O pagamento do serviço da dívida pública externa contribuiu para o desgaste das reservas internacionais. Até 24 de Agosto, o serviço da dívida pública externa paga ascendeu aos 220 milhões de dólares, tendo contribuído para o desgaste das Reservas Internacionais Líquidas em 67 milhões. Ainda assim, o saldo das Reservas Internacionais Brutas situa-se em níveis, considerados confortáveis pelo Banco de Moçambique, nomeadamente 3.1 mil milhões de dólares, visto permitir a cobertura de cerca de 7 meses de importação de bens e serviços, excluindo as transacções dos grandes projectos.

Por outro lado, o pagamento ao exterior de serviços especializados para o projecto de gás natural determinou o agravamento do défice da conta corrente. Dados provisórios que reportam o I semestre de 2018 indicam que o défice da conta corrente agravou em 414 milhões de dólares para 1.5 mil milhões de dólares, em relação ao período homólogo de 2017, decorrente maioritariamente do aumento da importação de serviços especializados e financeiros, no âmbito da implementação do projecto de gás natural da bacia do Rovuma, perante uma ligeira deterioração da balança comercial, que decorre do incremento das importações de maquinaria e de bens de consumo intermédio.

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