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Balança comercial com saldo negativo de USD 116 milhões

As transacções correntes entre Moçambique e o resto do mundo resultaram num saldo deficitário de USD 116,3 milhões, no terceiro trimestre do ano passado, o que representa uma queda do déficit em USD 341,3 milhões, quando comparado a igual período do ano anterior. Ou seja, o país importou mais do que exportou. Os dados constam do relatório da balança de pagamentos, referente ao terceiro trimestre de 2023, divulgado, esta semana, pelo Banco de Moçambique.

De acordo com o regulador do sistema financeiro nacional, este saldo negativo foi, em parte, impulsionado pela queda nas exportações de produtos tradicionais, com destaque para a comercialização externa de produtos agrícolas, carvão mineral e areias pesadas. Ainda assim, o valor alcançado das exportações de bens para o resto do mundo  foi de cerca de 2,2 mil milhões de dólares, o que significa que houve um decrescimento em um milhão de dólares, comparativamente ao ano anterior.

Segundo o relatório, a queda nas receitas de exportação dos produtos da economia tradicional foi na ordem de 5,3%, com ênfase para os produtos agrícolas, nomeadamente, tabaco, algodão, banana, açúcar e amêndoa de caju.

Quanto ao rubi, o documento explica que as receitas provenientes deste minério reduziram em 100%, como resultado da não realização de leilões.

Na venda do tabaco, as receitas situaram-se em USD 27 milhões, menos USD 15,5 milhões, em comparação a igual período de 2022, devido, essencialmente, ao decréscimo do volume exportado em 40,9%. A queda do volume de exportação do tabaco é explicada, por atrasos registados no processo de transporte da mercadoria.

Por sua vez, as vendas do algodão renderam ao país USD 4,2 milhões, menos USD 1,8 milhões em relação ao período homólogo de 2022, devido ao efeito combinado da diminuição do volume exportado em 99,9% e do preço da fibra de algodão no mercado internacional em 14%, respectivamente.

A banana também teve suas vendas a reduzirem. O produto rendeu ao país cerca de USD 6 milhões, um decréscimo de USD 3,9 milhões, quando comparado ao período homólogo de 2022.

Já a exportação do açúcar situou-se em USD 8,8 milhões, o que representa uma retracção de 54,6% face a igual período de 2022, devido à contracção no volume exportado, facto associado ao decréscimo da produção. A queda na produção é justificada pela fraca disponibilidade da cana-de-açúcar depois das cheias e inundações registadas no primeiro trimestre do ano.

A exportação da amêndoa do caju, apesar da não redução dos níveis de produção, foi comprometida pela diminuição do número de unidades de processamento de castanha a operar. Pelo que, as vendas deste produto registaram uma diminuição de 4,5%, tendo-se fixado em USD 6 milhões. Entretanto, os legumes e hortícolas registaram um acréscimo de 41,7%, tendo rendido  USD 59,5 milhões.

Os ganhos na categoria dos produtos tradicionais foram na ordem de USD 558,9 milhões.

EXPORTAÇÃO DE GRANDES PROJECTOS MARCADA POR QUEDA
O documento revela que as receitas de exportação dos grandes projectos cresceram em 1,8%, num contexto em que o carvão mineral, alumínio e areias pesadas registaram um decréscimo nas vendas.

O gás natural, em particular, rendeu ao país cerca de USD 500 milhões, o correspondente a um aumento acima de 100%, explicado, essencialmente, pelo incremento do volume exportado, em linha com o início da exploração e exportação do gás da área 4 da Bacia do Rovuma, apesar de o preço médio internacional ter decrescido em 77,8%.

Outrossim, a queda da exportação das areias pesadas, carvão mineral e alumínio deveu-se ao efeito combinado da queda dos preços médios internacionais e do volume exportado.

Nas areias pesadas, a diminuição do volume exportado deveu-se a problemas logísticos enfrentados pela principal empresa exportadora durante o processo de escoamento do produto, enquanto, para o alumínio, a queda é consequência da avaria registada nos equipamentos de produção deste minério.

PAÍS IMPORTOU MAIS DO QUE EXPORTOU
No período em análise, a factura com a importação de bens diminuiu em 8,4%, fixando-se em USD 2 249,4 milhões, ainda assim, foi superior às exportações.

O documento explica que a redução se deveu, fundamentalmente, à queda em 12,7%, dos gastos com a importação de bens de outros sectores da economia, num contexto em que os grandes projectos aumentaram as suas compras ao exterior em 34,5%.

Em termos de categorias, nos produtos intermédios, os gastos com aquisição de produtos, como combustíveis, alcatrão e betume, adubos e fertilizantes e alumínio bruto, reduziram em 47,2%, 42,2%, 17,4% e 8,5%, respectivamente. Por seu turno, os materiais de construção e cimento aumentaram os custos de importação em 25,4% e 9,1%, respectivamente.

Assim, o relatório conclui que houve um peso de 33,9% sobre o total das importações. Esta categoria custou ao país USD 762,7 milhões, representando um decréscimo de 26,5%, quando comparado a igual período do ano anterior.

Na componente de bens de consumo, o peso foi de USD 517 milhões, com a redução influenciada pela queda na importação de óleo alimentar (27,7%), trigo (25,8%), medicamentos e reagentes (14,8%), móveis e material médico-cirúrgico (11,6%) e pneus novos de borracha (10,4%).

A finalizar, a rubrica de bens de capital, cuja contribuição foi de 18,6% sobre o total de importações, registou um acréscimo de 22,6%, apresentando um fluxo trimestral de USD 418,2 milhões, justificado, essencialmente, pelo aumento na aquisição de maquinaria diversa em 20,6%, com destaque para os grandes projectos associados à indústria transformadora.

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