Vindo de um Estado alemão, Colônia, essencialmente protestante e, por isso, iconoclasta, as cores do Egipto despertaram em Navid Kermani um interesse pela forma como através da cor e imagens constroem ou reabilitam narrativas religiosas.
A consequência desse evento é o livro “Maravilhas para além da crença”, que o autor descendente de iranianos redigiu após profunda investigação artística repleta de pedaços espiritualmente edificantes.
Esta obra que críticos ocidentais indicam ser particular pelo olhar externo ao catolicismo de Kermani – ele é muçulmano -, será o mote da Conversa com o título da publicação na Fundação Fernando Leite Couto ás 18.00 horas deste 05 de Abril, organizado pelo Centro Cultural Moçambicano-Alemão (CCMA).
Sob moderação do filósofo que estudou teologia, Dionísio Bahule, e a presença do filósofo e docente universitário José Castiano, o evento que junta ainda artistas e intelectuais das ciências sociais moçambicanas será uma oportunidade para perceber como o alemão abordou grandes obras de arte cristã e meditou sobre os fundamentos do Cristianismo.
Considerando a interseção da arte, poesia, arquitectura e da liturgia da Missa Solene, a media alemã descreve “Maravilhas para além da crença” como uma espécie de “um adorável encontro de fés”.
Kermani pinta imagens evocativas de suas próprias crenças através de reflexões filosóficas e espirituais. Sendo que neste exercício ainda há espaço para eventos contemporâneos como, por exemplo, o capítulo sobre o Padre Paolo Dall’Oglio, um líder cristão na Síria que dedicou a sua vida a tentar unir cristãos e muçulmanos. Acabou sequestrado pelo Estado Islãmico em 2013.
A opção por este livro, por parte do CCMA, se deve à temática que nos parece urgente no país neste momento em que se apontam fundamentos religiosos para o terrorrismo em Cabo Delgado.
Navid Kermani é um escritor e orientalista alemão. É autor de vários romances, livros e ensaios sobre o Islã, o Oriente Médio e o diálogo cristão-muçulmano. Ganhou vários prémios por seu trabalho literário e académico, incluindo o Prémio da Paz da Associação Alemã de Editores em 18 de Junho de 2015.