O secretário de Estado em Nampula, Mety Gondola, diz que as autoridades reforçaram a segurança face a novos ataques no extremo Norte da província, assegurando que as instituições estão a funcionar nos pontos afectados, escreve a DW que cita a agência LUSA.
“Reforçámos bastante a nossa capacidade nestes últimos dias e temos equipas em desdobramento”, declarou o secretário de Estado em Nampula, Mety Gondola, citado pela Rádio Moçambique.
Em causa estão ataques registados nas últimas semanas no extremo Norte daquela província, incursões armadas cuja autoria é atribuída aos rebeldes que têm aterrorizado, desde 2017, Cabo Delgado, província vizinha de Nampula.
Segundo Mety Gondola, as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique estão no terreno e as instituições do Estado estão em funcionamento.
“Nós, como direcção da província, temos estado a acompanhar de perto os distritos afectados”, acrescentou.
ATAQUES EM NAMPULA
Os ataques no extremo Norte de Nampula deixaram um número ainda desconhecido de mortos, incluindo uma freira italiana morta durante um ataque à missão católica em Chipende, no extremo Norte da área que faz parte da diocese de Nacala.
Trata-se de uma zona próxima do rio Lúrio, fronteira natural entre as províncias de Cabo Delgado e Nampula.
Na quinta-feira, o Presidente da República, Filipe Nyusi, alertou que o país deve impedir a expansão de grupos armados para mais províncias, assinalando que o “terrorismo não tem fronteiras, não tem quartel”.
COMUNIDADE MUÇULMANA REPUDIA ATAQUES
A Comunidade Muçulmana de Moçambique reafirma o repúdio à onda de ataques terroristas na província de Cabo Delgado e com registos recentes nos distritos de Eráti e Memba, em Nampula.
A agremiação diz ter recebido, com muita preocupação, a informação dos actos violentos de 06 de Setembro, que culminaram com o assassinato de uma missionária católica e desaparecimento de outros concidadãos, num ataque registado no posto administrativo de Chipene, distrito de Memba.
Numa nota emitida em nome das várias organizações e associações, a Comunidade Muçulmana indica que estes actos são incompatíveis com os princípios de convivência humana e violam os ideais que norteiam a diversidade cultural e religiosa das várias comunidades que compõem a pátria moçambicana.
A organização religiosa apela ao Governo para intensificar as medidas com vista a estancar o extremismo violento que o país regista.
VIDA REGRESSA À NORMALIDADE NA VILA-SEDE DE MEMBA
O Governo de Memba está a disponibilizar transporte para a população regressar ao distrito, uma semana depois do último ataque terrorista. Nos arredores da vila de Memba, há casas com mais de 40 pessoas.
O povoado de Kútua, no posto administrativo de Namapa-sede, no distrito de Eráti e algumas zonas dos postos administrativos de Lúrio e Chipene, em Memba, foram recentemente alvo de ataques terroristas que saldaram em vidas humanas e na destruição de infra-estruturas sociais.
Os três ataques terroristas criaram muitos deslocados internos na província de Nampula. Nos bairros da vila-sede de Memba, as chamadas famílias acolhedoras comportam dezenas de pessoas numa só casa.
“Estamos aqui, neste bairro, graças a um irmão. Estamos aqui com um número de 28 pessoas”, disse Ambrósio Leonardo, residente em Chipene.
Por sua vez, Mário Napula, residente em Memba, observou que, depois dos ataques terroristas que provocaram seis mortos, incluindo uma freira italiana, “recebi uma família que fugiu da guerra na zona de Moanapite, no regulado de Moanapala. Esta família apareceu aqui numa carrinha. A minha casa está lotada. Eu não sei o que dar. Não tenho comida para dar. Eles vieram com crianças e velhos. Pedimos ajuda”, apelou Mário Napula.
Para já, não há assistência por parte do Instituto Nacional de Gestão de Desastres (INGD). Mas, aos poucos, a vida vai voltando à normalidade na sede do distrito de Memba. A população que saiu em massa para Nacala Porto e Nacala-à-Velha, é convidada a regressar, ainda que com alguma cautela.
“Mobilizámos transporte para a nossa população para regressar ao distrito. É verdade que temos alguns pontos que ainda em que a situação de segurança está por clarificar como são casos de Chipene e algumas zonas limítrofes de Eráti. Para as populações dessas zonas, aconselhamos que se mantenham na vila”, apelou o administrador de Memba, Juma Candria.