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“As CDE são controladas pelos primeiros-secretários da Frelimo”

Analistas descredibilizam a repetição das eleições em alguns distritos do país. Fernando Lima e Moisés Mabunda dizem que a repetição do sufrágio só veio provar que há muitas dificuldades para organizar um processo eleitoral credível aos moçambicanos.

A repetição das eleições em algumas autarquias do país foi o pano de fundo do programa Noite Informativa deste domingo. Nele estiveram Fernando Lima, Samuel Simango e Moisés Mabunda.

Para o jornalista e comentador, Fernando Lima, não faz sentido que algumas das pessoas envolvidas em actos ilícitos estejam ainda na dianteira do processo eleitoral.
Lima justificou seu posicionamento recordando que a CNE e o STAE prometeram afastar todas as pessoas que promoveram ou estiveram envolvidas em actos ilícitos, o que segundo ele não aconteceu.

O comentador vai mais longe, denunciando complicidade entre os órgãos centrais de administração eleitoral e os que trabalham no terreno. Lima diz que as Comissões distritais são controladas por membros da Frelimo.

“Há uma tentativa de se tentar vender uma imagem de insubordinação, nomeadamente, que o STE e a CNE não têm controle sobre as Comissões Distritais de Eleições e diria claramente que as CDE são controladas pelos primeiros secretários da Frelimo em cada um dos distritos” disse Lima.

O jornalista disse mais: “há uma cadeia de comando entre o partido Frelimo e os comandos distritais de eleições, e essas comissões agem depois mais para baixo com os presidentes de mesa, o que originou essas confusões”.

Outro comentador da Noite Informativa, Moisés Mabunda, continuou na mesma linha de pensamento que Lima. Mabunda diz que essa repetição de eleições não traria nenhuma novidade se não a repetição do que aconteceu a 11 de Outubro.

“O que vimos é a repetição do que aconteceu no dia 11 de outubro. Não há novidades. São as mesmas pessoas que embarcaram em irregularidades diversas. São as mesmas pessoas que cometeram impunidades, procedimentos passíveis de sancionamento e não foram sancionados”, argumentou.

Para o também jornalista, “esta é a prova de que nós temos muitas dificuldades de organizar um processo limpo, um processo que é aceite por todas as partes concorrentes”.

No entender de Samuel Simango já é tempo de o Estado moçambicano indignar-se com a situação actual. Para o comentador, a indignação será o primeiro passa para uma reviravolta para um estágio melhor.

“Eu acho que já é tempo de o Estado moçambicano, a partir do nível do legislativo, executivo e judicial, começar a indignar-se com esta situação; começar a pensar que é uma necessidade nacional mudar este quadro”, apelou Simango.

O Comentador defende a necessidade de os moçambicanos verem-se como “pessoas normais”, que se recusam a ser inertes.

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